Sayonara

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Dois dias depois do incidente no hospital, Mia e Erwin voltam para casa. O apartamento dela estava destruído completamente por isso ela passa a morar na casa dele, e isso corre perfeitamente bem já que os dois já estavam bastante acostumados em viverem juntos. Mas Mia estava completamente lunática com sua gravidez, ainda não conseguia acreditar, ainda estava em estado de choque, e Erwin nota isso várias vezes perguntando se estava tudo bem e por que ela se mantinha tão fechada e distante.

A intenção não era essa, ela o amava e tentava convencer ela mesma de que amava essa criança também, mas ela sabia que no fundo, a culpava por não ser quem ela queria ser.

Hoje Erwin convidou toda a família para celebrar o noivado dos dois, ele não tinha contado a ninguém ainda devido ao desaparecimento repentino de Mia, mas agora que voltaram faz isso. E estavam todos incrivelmente animados com a ideia.

Ela se aprontava, vestia seu vestido, penteava o cabelo e analisava o próprio corpo, pensava em quanto aqueles peitos iam crescer, a barriga, os pés, o nariz. Absolutamente tudo, ela se acostuma cada vez mais, embora ainda relutante, com a ideia de ser mamãe, de ter alguém correndo pela casa e a chamando assim. Mia odiava tanto aquela ideia pois nunca teve nenhuma base, nenhum apoio ou alicerce da parte dos pais, nem os conhecia, como haveria de saber como cuidar de uma?

Erwin chega no quarto e da uma olhada nela, ele estava de shorts e camisa social branca, de banho recém tomado, cheiroso e super feliz com um sorriso se orelha a orelha.

— Uau, eu devo ser um cara mesmo sortudo - ele se aproxima dela e a abraça por trás.
— Gostou do vestido? estou me sentido estranha nele - ela continua olhando pro espelho se analisando enquanto ele entrelaça os braços nela e apoia a cabeça no seu ombro.
— Eu adorei, você está linda - ele beija sua bochecha. - Você está bem? parece nervosa.
— Bom os pais do meu namo.... noivo - ela corrige rindo - vão estar aqui em breve, analisando cada comportamento da sua norinha, não tem como estar bem com isso.
— Relaxe, você já conhece eles, e você sabe que não é tão difícil lidar com isso.
— Sim, os outros eu consigo, a sua mãe por outro lado. - Mia revira os olhos.
— Mia, apenas aproveite esta bem? Vamos nos divertir um pouco, estamos precisando.
— Okay certo me desculpe - ela se vira e pega nas suas bochechas.

Da um beijo demorado com direito a mãos na cintura puxando ela para mais perto.

— Sabe... eu estou de vestido - ela diz beijando mais ferozmente.
— Controle-se - ele ri.
— Anda, não vai levar 10 minutos

Ele se afasta dela, balançando a cabeça

— Depois! vá terminar e vamos logo.

Ela concorda, um pouco desapontada, e permanece se arrumando, e pensando de novo e de novo "o que eu estou fazendo?"

Já la em baixo, eles recebem todos e aprontam as mesas e comidas enquanto conversam.
Mia olha la para fora por instantes e percebe a chegada de um carro, um que ela conhecia muito bem.

— Eu já volto - ela diz correndo até la fora entusiasmada.

Gojo sai do carro e se surpreende por ela já está ali, ela tinha um sorriso no rosto de vê-lo e ele notou isso quieto.

— Hey! que surpresa, pensei que você tivesse se esquecido de mim - ela diz brincando.
— Isso era impossível, e nós conversamos no telefone ontem de manhã. - ele tira os óculos de sol e coloca na cabeça.
— Eu sei, mas.... - ela queria dizer que sentiu saudades mas fica quieta - Enfim, O que você está fazendo aqui?
— Vim dizer tchau, eu comprei uma passagem pro Japão, para hoje à noite. - ele diz um pouco triste
— Oh... entendi - ela expressa a mesma tristeza.
— E você? parece que já se decidiu do que quer.

Gojo parecia desconfortável, como se tentasse levá-la com ele mas sem pedir ou implorar, deixaria que ela mesma sentisse que devesse.

— É - ela diz mesmo sabendo muito bem que não - Eu, eu preciso ficar, eu devo muito a ele, a família dele, acho que, esse agora é o meu lugar. - ela diz com muitas pausas.
— Eu entendo - ele encara o chão - e você sempre pode nos visitar quando puder.
— Claro! eu farei isso. E vocês venham, para o casamento, estão todos convidados.
— Ótimo...

Eles conversavam como dois estranhos, tímidos, disfarçavam tudo com um sorriso de canto, mas no fundo eles sabiam que eram mais do que aquilo.

— Enquanto ao seu passado? você desistiu de tentar saber mais? - tenta mais uma vez convencê-la indiretamente.
— Não, mas agora, isso não convém muito - ela abaixa a cabeça.
— Mas e o que você disse sobre tentar se encontrar? sobre se amar primeiro por isso precisar descobrir mais sobre você, Mia você não pode desis... - ela o interrompe rapidamente.
— Eu estou grávida - diz seria.
— O que?

Gojo congela também, não sabe o que dizer. O sorriso desaparece e a pele que já era pálida, parece ficar transparente.

— Pois é, foi um surpresa, mas, agora eu tenho outras prioridades, você entende?
— Claro, eu entendo - ele diz torcendo os lábios e concordando com a cabeça - Uau, eu nunca te imaginei nesse cenário.
— Eu também não sinceramente.
— Parabéns Mia, parabéns.
— Obrigado, mas confesso que estou com mais medo do que feliz.
— Por que? você parece levar jeito pra coisa.
— Eu não faço ideia de como fazer isso, eu nunca tive pais, eu não sei mesmo o que fazer. - ela coloca uma das mãos na testa.
— Mia você é facilmente uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. - ele pega essa mesma mão - Você é doce, gentil, muito brava quando não andamos na linha com você, e por isso um pouquinho autoritária demais.

Mia ri ainda deixando ele segurar a sua mão.

— Eu tenho certeza que você vai lidar muito bem com isso, você vai ser, uma Mãe incrível - ele diz e é a primeira vez que ela ouve algo tão gentil e puro de Gojo.
— Muito, muito obrigado - ela puxa o para um abraço.

Os dois permanecem abraçados, Mia sentia como se tivesse pedido alguém, a dor e tristeza no coração eram os sentimentos que falavam mais alto. E Gojo sentia por não ser ele quem escrevia aquela história com ela. Mas estava tudo bem, por que ela estava feliz certo? ela tinha a vida perfeita, e Gojo sabia que o amor não era sobre fazê-la ficar, mas saber que o melhor era deixá-la ir.

Eles se afastam e Gojo pega no seu rosto uma última vez, com as duas mão, aproxima devagar ele e Mia em choque achou que ele fosse beija la, e por algum motivo ela não para, apenas fecha os olhos esperando. Mas ele não o faz, levou seus lábios até a testa dela, e ela desapontada por não sentir o seu gosto, apenas permanece de olhos fechados.

— Adeus princesa, vá nos visitar, e leve esse pirralhinho junto. - ele toca na barriga dela rapidamente.
— Eu ainda não sei o sexo.
— Se for menino, tem que se chamar Satoru.
— É um nome terrivel. - ela olha de lado.
— Não escute ela Satoru ela não sabe o que fala. - Gojo inclina a coluna na direção da barriga e cochicha.

Ele se afasta um pouco e acena.

— Sayonara! - ela diz mais alto - é como dizem la não é?

Gojo ri, e encara o chão.

— Sayorana - ele diz de volta.

Entra no carro e segue viagem. E Mia demora alguns segundos ali parada, observando ele ir embora, o vazio que sente depois disso é quase inexplicável.

Sensei: Memórias | parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora