Esperança

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Gojo acorda as 10 da manhã, eles tiveram uma longa noite e dessa forma mal conseguiram dormir direito. Ele levanta da cama de Mia e sai do quarto devagar pensando que ela ainda estivesse dormindo.
Ele olha com os olhos semiabertos para ela que estava sentada no chão em frente ao computador na mesa de centro com vários papéis espalhados pela mesa. Ela mal nota que ele havia acordado de tão concentrada.

— Você já está de pé por que? - ele caminha até a cozinha sonolento procurando algo pra comer.
— Estou a muito tempo, não consegui dormir muito - ela diz pilhada já na segunda xícara de café. - Eu fiz uns bolinhos estão no forno.

Ele olha para ela de lado.

— O que?
— Nada... - diz rindo feliz por ela ter cozinhado para ele.
— Eu ia fazer só pra mim mas lembrei que tenho um hóspede muito chato.
— Você quis agradar o papai admita isso - ele diz tirando os bolinhos do forno e colocando café para ele.

Ela ignora e continua pesquisando as suas coisas no computador. Eles estavam bem, agiam como se não tivessem chorado a noite anterior, depois de toda aquela conversa profunda, estavam ali ainda normalmente tirando uma com a cara um do outro.
Gojo se aproxima e senta no chão também do outro lado da mesa, apoiando sua comida nela. Ainda estava só de camiseta e cueca, e Mia com seu pijama velho, pareciam velhos amigos, que não se importavam como o outro parecia, e isso era bom, era confortável.

— Então chefe, o que temos hoje? - ele diz com a boca cheia.
— Nada... perdemos a única chance que tínhamos de conseguir alguma coisa ontem - ela tenta não tocar tanto no assunto.
— Você não encontrou nada sobre a tal peça vermelha?
— Não, pode ser literalmente qualquer coisa, só aparecem peças de lego se eu procurar isso na internet - ela revira os olhos.
— Vamos ver então, é alguma coisa vermelha, e se é uma peça, tem que encaixar.
— Ou fazer parte de algo - ela complementa.

Eles pensam e não chegam a conclusões nenhumas, estava sendo cada vez mais difícil, mas por estarem juntos, parece ser menos pesado e solitário para Mia.

— Agora nos resta rever todos os suspeitos, e perguntar se eles sabem o que isso significa.
— Não se esqueça que um deles escapou ontem à noite, toda essa organização já deve saber que você não morreu no incêndio, eles devem triplicar a proteção e perseguição agora.
— Droga, não devia ter me exposto tanto assim - ela coloca as mãos na cabeça.
— Agora é tarde princesa, e pensando melhor, você ganha uma vantagem, em vez de procurar os seus alvos, ele vão vir até você. É só estar preparada.
— É... pensando assim... - ela diz fechando o computador.

Gojo termina de comer, estende um pedaço do bolo pra Mia e ela pega com a boca, mastigando e continuando a pensar.

— Então, vai voltar pro bordel para perguntar pros clientes se eles conhecem esse código?
— Talvez, mas duvido que eles saibam, parece algo mesmo só deles, nenhum bêbado usuário saberia o que isso significa.

Mia pega a caneca de Gojo e bebe um pouco do seu café. E pouco a pouco sem eles perceberem, já pareciam um casal de velhos que morava a 30 anos juntos, nessas pequenas coisas, pequenos gestos inconscientes que estava a ligação dos dois, algo tão íntimo que não incomoda, só flui naturalmente.

— Bom mas de qualquer forma não aguento ficar sentada aqui esperando algo cair do céu - ela fala levantando.
— E o que você propõe alecrim dourado?

Ele levanta também e segue ela até a cozinha.

— Podemos perguntar diretamente a quem escreveu aquilo no caderno, o senhor rico da festa de ontem - ela diz encostando no balcão como se fosse óbvio.
— Os que nós transamos na sala dele?
— Esse mesmo - ela afirma confiante.
— É, parece ótimo, além desse fato que eu mencionei, destruímos um dos espaços lutando com aqueles caras, não sei se você sabe mas ricos colocam câmeras de segurança até dentro das privadas se deixarem. - ele apoia cada braço de um lado do balcão deixando Mia entre eles. No meio dele olhando para ele.
— Eu me disfarço, não sei, preciso arrancar dele alguma coisa, só ele sabe o que isso significa, e talvez nem signifique nada.
— Sem chance, eu vou com você, estamos juntos nessa esqueceu? - ele fala ainda mais próximo dela.
— Como poderia, você não vai embora nunca - ela diz revirando os olhos.
— Oh como se você fosse aguentar não me ver andando de cueca por aí todo tempo?
— Na verdade eu aguentaria numa boa, não há muito o que ver de qualquer forma. - ela torce os lábios pra não ri já prevendo suas respostas.
— Você é uma péssima mentirosa sabe - ele diz rindo.
— Hm deixa ver então pra confirmar se é mentira.

Ele pega sua cara e empurra devagar pra longe.

— Palhaça
— Idiota.

Eles riem um do outro e quando Mia percebe o que estava fazendo lembra da conversa de ontem, ela tocava em loop da sua cabeça.

— Enfim, temos que pensar em alguma coisa. - ela olha pra baixo.
— Que tal ficarmos aqui só? você precisa dormir, descansar. - ele fica um pouco mais sério agora.
— Não tenho tempo pra isso. — ela diz na mesma intensidade que ele.
— Mas não tem muito o que você possa fazer agora, eles vão te achar, e quando fizerem vamos estar já preparados para contra atacar. Quanto ao disfarce, podemos fazer isso, mas agora, acho impossível você entrar naquela casa assim sem uma festa ou algo aberto para o público.
— Não da pra sentar no sofá e não fazer nada Gojo, nem consigo seguir o meu dia assim. - ela balança a cabeça.
— Então faremos uma coisa produtiva. Que tal, limpar esse seu chiqueiro?
— Jesus cristo - ela põe as mãos na cara desapontada.
— Eu estou falando sério! mais um pouco e acham que morreu alguém aqui de tão podre.

Eles se encaram sérios, realmente tinha morrido alguém ali, mas Gojo não quis se remeter a isso ou lembrar. Eles ficam estáticos pensando naquela resposta até que não aguentam e começam a rir.

— Pelo amor de Deus pare de falar - ela diz segurando a barriga.
— Você que começou! - ele ri próximo ao rosto dela.

Tão próximos, mas tão distantes, Gojo implora com os olhos por um beijo, um afeto, que as coisas magicamente voltassem ao normal e ele pudesse abraçar e beijar quantas vezes quisesse, pois ela era sua, e ele era dela. Mas agora estavam em um eterno sim e não, tinham algo, sabiam disso, mas não o suficiente para tratar como sua namorada, sua mulher.

Gojo mesmo assim arrisca, põe uma mecha de cabelo dela pra atrás da orelha, e passa as mãos sobre o ouvido e pescoço. Mia pensava o mesmo que ele, e por um segundo, quis ser ela a se aproximar e beija-lo de uma vez. Mas a imagem dele se distorce, no lugar dele, do seu rosto ela lembra do de Erwin, quase como um lembrete de, "ele irá acabar como o outro se você se aproximar"

Gojo não resiste e avança, Mia desvia suavemente para o lado.

— Temos um chiqueirinho para arrumar - ela ri olhando pra ele disfarçando.

Ele ri de volta, e concorda. Pega Mia no colo no susto, de surpresa e ela grita se batendo enquanto ele coloca sobre os seus ombros.

— Idiota o que você está fazendo? - ela grita tentando descer.
— Primeiro passo, colocar o lixo pra fora - ele diz correndo ate a porta e rodopiando com ela nos ombros.

Mia gritava e pedia para parar enquanto ria, e os dois continham fazendo palhaçadas um com outro, enquanto limpam o apartamento de Mia juntos. Por segundos ela esquece tudo aquilo que tinha ocupado a sua mente nos últimos quase três meses, ela estava contente e Gojo também pois aos pouquinhos, ia conseguindo trazer ela de volta. Ainda havia esperança, sempre haveria enquanto existisse o amor que ele sentia por ela.

Sensei: Memórias | parte 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora