Capítulo 1

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EDUARDO

Quando você ouve algumas frases com constância, começa a aderir aquilo aos seus próprios pensamentos, muitas vezes se tornando uma verdade absoluta.

"A vida é curta demais para se passar sofrendo" ou "ela não gostaria de te ver feliz" eram algumas que eu tinha absorvido para mim.

Eu havia passado pelo luto há cinco anos, e por pelo menos três, todos diziam a mesma coisa, que estava na hora de superar o acontecido.

Talvez fosse fácil para todos dizerem isso, mas apenas quem sofria, sabia o tempo necessário para começar a melhorar em relação aquilo. Mas de tanto insistirem, lá estava eu, há dois anos vivendo minha solteirice intensamente.

— Ei, Beto olha aquela dupla — cutuquei meu primo que estava ao meu lado no bar e apontei para duas mulheres em um canto da boate que estavam conversando.

— Lindas, mas temos que ver se estão acompanhadas...

— Podemos descobrir isso de perto. — Dei um tapa com as costas dos dedos em seu ombro e comecei a puxá-lo indo de encontro a dupla que conversava.

— Olá. — Ergui a garrafa que segurava, em uma forma de cumprimento. — Vi você do outro lado, e pensei que poderia te oferecer uma bebida.

Olhei para o dedo das duas mulheres, que se encontravam sem aliança, e ampliei ainda mais meu sorriso para elas. Era meu dia de sorte.

— Claro que pode, querido — a loira, que parecia ser mais alta do que a outra, deu uma piscadinha e um sorriso de canto, cheio de malícia.

Esbarrei de propósito com o ombro em Beto, para comemorar as gatas que tínhamos arrumado, mas ele não parecia muito contente.

— E porque duas gatas como vocês estão em uma balada sozinhas? — levei a garrafa à boca, assim que fiz a pergunta.

— Não tínhamos encontrado alguém que nos agradasse ainda.

Olhei de soslaio para Beto que estava começando a conversar com a outra mulher, morena, muito bonita também.

Meu primo às vezes poderia ser um pouco careta, e eu tinha que ser mais firme ao empurrá-lo para alguém, mas acreditava que com aquela, ele se daria bem.

— E você? Poderia estar com algumas se quisesse...

— Ah, eu já estive com uma essa noite, foi divertido — dei um sorriso de canto para ela, provocador do jeito que eu sabia que elas gostavam.

— Então você é um daqueles famosos que se passa por garanhão da balada... — ela também levou a própria garrafa à boca, olhando para mim de esguelha, com uma intenção muito exagerada de seduzir.

— Algumas pessoas me consideram assim, mas eu diria que sou uma pessoa livre, apenas isso.

— Gosto de pessoas assim. — Ela passou a língua em volta da boca da garrafa enquanto olhava para mim.

Eu não julgaria a forma como usava para ganhar um olhar, mas aquilo alguns anos atrás não me deixaria em nada animado para conversar com ela. Mas como dizem, o tempo muda as pessoas, e ali estava eu dando um sorriso de lado para ela, sendo – ou fingindo ser seduzido por sua jogada.

— Então, você quer dançar? — apontei para a pista de dança, onde várias pessoas pulavam ao som de uma batida onde era impossível distinguir a letra da música.

Ela aceitou e fomos para a pista, deixando nossas garrafas no balcão do bar. A música era envolvente e até mesmo quente, ainda mais quando eu tinha uma mulher gostosa como aquela dançando para mim. Ficamos um bom tempo assim, até que a puxei pela cintura, trazendo-a para perto de mim. Sua mão parou no meu peito e eu usei a minha para tirar o cabelo que colava em seu rosto, devido ao suor da dança. Levei a mão furtivamente para sua nuca, nunca tirando os olhos de sua boca e fui me aproximando cada vez mais.

Como ela não recuou ou me contradisse, tomei a liberdade e avancei para um beijo, que foi rapidamente correspondido. A mulher abriu a boca para mim, recebendo minha língua em sua boca, misturando seu gosto com o da cerveja que havia tomado.

Antes mesmo que eu pudesse finalizar o ato, fui puxado por trás bruscamente, e como não estava esperando, isso me fez afastar da moça que estava com a língua na minha boca.

Sim, eu ainda não sabia qual era o nome dela. Mas fiz uma anotação mental para perguntar assim que me livrasse de quem estava me incomodando em um momento sagrado como aquele. Mas assim que me virei, a mulher que eu havia dado uns beijos no começo da noite estava parada com os braços cruzados na frente do corpo e me encarando com uma cara brava, como se eu estivesse devendo uma satisfação para ela.

— Oi... — praticamente gritei para ser ouvido por cima da música alta. E sim, eu também não me lembrava do nome dela.

Levei a mão à cabeça, coçando o cabelo e dando um sorriso na tentativa de conquistá-la.

— A água que você disse que ia beber e me deixou esperando todas essas horas, por acaso está na boca dessa aí?

Mulheres com a síndrome da posse. Você beija uma única vez e ela pensa que já estão juntos. Esse era o tipo da que estava à minha frente. Eu podia jurar que ela estava batendo o pé no chão, igual aquelas mães prontas para darem a maior bronca, de tão irada que ela estava.

— Então, é que eu não te encontrei depois, a hora foi passando, e acabei esbarrando na minha amiga... — Puxei a mulher pela cintura, trazendo-a para o meu lado e incentivando-a a falar seu nome.

— Renata, prazer. — Ela estendeu a mão para a outra, que finalmente descruzou os braços e aceitou o cumprimento.

— Fernanda. O prazer é meu.

Ótimo, agora eu sabia o nome das duas.

Com um sorriso maior ainda, puxei Fernanda pela cintura também, trazendo-a para perto de mim, e começando a embalar as duas ao som da música.

— Bom, meninas, eu consigo dar atenção para as duas, se vocês não se importarem. Já pensaram na possibilidade?

Um dos meus maiores sonhos, com certeza, ter a oportunidade de dar atenção para duas mulheres lindas como aquelas de uma vez só. E claro que eu não falharia na missão. Eu era bom no que fazia.

Vi quando as duas se encararam e deram de ombros, provavelmente imaginando a situação também. Assim dei um beijo em cada bochecha delas e voltamos a dançar.

Eu poderia dizer que era uma espécie de paraíso estar na minha pele naquele momento. Sentia minha boca inchada de tanto beijar, a cada música, eu dançava de frente com uma, enquanto a outra ficava nas minhas costas, dançando também, e sempre que uma era beijada, a outra queria também. Eu estava me divertindo, isso era inegável.

Mas sempre que estamos em um momento bom, surge alguém para atrapalhar, e o da vez foi Beto quem me cutucou, aproximando-se para falar no meu ouvido.

— O que você esta fazendo, Edu?

— Estou me divertindo. — Levantei os braços para o alto, sinalizando para enfatizar que aquilo era diversão.

E um pouco de álcool também, eu não poderia negar, mas não diria isso.

— Com duas mulheres de uma vez, primo? O que você esta pensando?

— No momento? Em qual das duas eu vou beijar agora. — Deixei uma gargalhada escapar da minha garganta.

— Edu, você quer ir para casa? Eu posso te levar.

Agora? Eu estava apenas começando a minha noite. Nada de casa.

Fiz que não com a cabeça, mexendo em um ritmo, ou melhor, em ritmo nenhum, já que eu não conseguia perceber a música que estava tocando, apenas me balancei para dizer que estava dançando.

— Não quero ir embora, estou bem aqui.

— Você não é assim. O que está acontecendo?

— Apenas seguindo os conselhos que me foram dados: aproveitando a minha vida, pois ela é curta.

Dei as costas para Beto, e puxei as duas mulheres pelos ombros.

Eu realmente não era daquele jeito, eu mesmo não me reconheceria. Mas era aquilo que as pessoas queriam ver de mim? Então seria o que elas teriam.

E o argumento que eu usaria, seria esse: eu estava aproveitando a vida, já que ela era curta demais para se passar sofrendo.

Grávida do meu Chefe MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora