Capítulo 1 - Cor de Noite estrelada

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O extenso oceano azul se estendia até perder-se de vista, beijando o céu alaranjado pelo pôr-do-sol estonteante. Sentados na areia palidamente amarelada, nossas mãos se tocavam por cima da substância arenosa, e meu coração estava envolto por uma paz tão grande que eu sentia que estava quase flutuando. Nada poderia estragar esse momento...

Olho para o lado sorrindo, porém meu sorriso some instantaneamente quando coloco os olhos em Yoo Han, cujo rosto estava oculto por um enevoado borrão. Assustado, estendo a mão para toca-lo, sem entender o porquê de não conseguir distinguir seus traços. Antes que meus dedos encostassem na pele macia de sua face, de repente tudo perdeu a cor. A sensação de tranquilidade desapareceu e começou a ficar escuro, cada vez mais escuro.

– YOO HAN! – o grito reverberou pelo quarto vazio, meu tronco se erguendo num solavanco, como sempre acontecia após um pesadelo como esse.  Pus a mão no peito, ofegante como se tivesse corrido uma maratona e sentindo meus tímpanos estourarem ao ritmo do coração. Olhei ao redor do quarto cinzento enquanto esperava minha respiração se normalizar. Era o primeiro sonho que eu tinha com cores... E terminava assim? Estava tão bom antes, eu podia ficar ali pra sempre. O que...

O ruído da vibração do celular me tirou de meus devaneios. Estendendo o braço para alcançar o aparelho, um suspiro de alívio saiu de mim quando vi a foto de perfil de quem me ligava. Foi apenas um sonho, só um sonho. Talvez... Fosse assim que Yoo Han enxergasse os rostos de todo mundo, talvez eu estivesse apenas impressionado com esse detalhe. Se fosse realmente o caso, devia ser um jeito triste de viver a vida. Eu tinha a possibilidade de ver as cores quando estava em sua presença, mas não podia ajudá-lo a reconhecer o rosto de mais ninguém além do meu.

Percebendo que ainda não tinha atendido a ligação, coloquei o celular no ouvido, resmungando com a voz enrolada pelo sono:

– Oi, Yoo H...

– Bom dia, Yeon Woo! Estou aqui embaixo, acabou de acordar? Sua voz está fofa! – a voz de timbre doce fez com que um sorriso surgisse em meus lábios, mas agi como se estivesse irritado.

– Falta mais de meia hora para dar o horário que você geralmente chega aqui, por que me incomoda tão cedo?

– Se arrume e desça logo, vamos tomar café juntos! – respondeu, desligando em seguida. Bastardo irritante.

Me levantei rapidamente da cama, sentindo o mundo girar enquanto ia até a janela, o que resultou em minha cabeça indo de encontro ao vidro com violência. Afaguei o local dolorido, vendo o garoto parado lá fora. Seus ombros tremiam e o olhar estava apertado em dois risquinhos, portanto, mesmo não vendo sua boca oculta pela máscara preta, eu sabia que ele estava rindo de mim. Fechei a cara, saindo da frente da janela e indo me arrumar.

Normalmente, por preguiça de levantar cedo, eu me arrumava o mínimo possível para as aulas da parte da manhã e chegava quase atrasado. Contudo, sabendo da presença insistente do lado de fora, me vi obrigado a ficar no mínimo apresentável, rindo de mim mesmo ao perceber que até perfume havia passado, numa muda tentativa de... Chamar atenção?

Chega cérebro, são seis da manhã e você não vai a um desfile de moda.

Desci as escadas e abri a porta, sendo recepcionado por Yoo Han, que se pendurou em meu ombro e me arrastou para longe dali. Não era incomum que se apoiasse em mim assim para andar, mas por que hoje eu o sentia estranhamente apressado e tenso? Ele também estava evitando me olhar, como se escondesse alguma coisa. Porém, o fator que me fez ter certeza de que havia algo realmente esquisito era que seu primeiro ato assim que me via era tirar a máscara para que eu pudesse enxergar cores novamente.

– Ah, espere! - bati a mão nos bolsos da calça, percebendo o resultado de minha distração - Acho que esqueci minhas chaves na porta, vou voltar pra...

A cor dos seus olhos - Color RushOnde histórias criam vida. Descubra agora