Capítulo 31

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Narrado por Sienna

A água batia contra nossos corpos nus enquanto estávamos de frente um para o outro na chuva quente do verão.
Nossas silhuetas brilhantes foram banhadas por uma luz dourada que bronzeou todo o pasto.
Os olhos dele vagavam pelas minhas curvas num desejo descarado.
Corei, não acostumada à atenção.
A corrida durou horas e nos levou ao topo de uma colina com vista para toda a cidade. Ao longe, mal se viam as torres brilhantes no horizonte.
Só paramos quando tivemos certeza de que estávamos completamente sozinhos.
Aiden: Venha aqui.
Ele acenou, estendendo sua mão.
O meu coração disparou enquanto eu andava em sua direção. O vapor subia por seus ombros salientes.
Senti sua mão áspera contra minha bochecha enquanto ele me puxava para um beijo.
Logo ele estava em cima de mim, nossos corpos deslizando um contra o outro sobre a grama macia, como se estivéssemos tentando incendiar o lugar.
O volume dele se esfregava contra o exterior do meu sexo em um ritmo tentador, me abrindo, mas recusando-se a entrar.
Foi uma tortura que eu não pude suportar.
Puxei-o para dentro de mim, ofegando de prazer e um pouco de dor. Ele estava mais fundo do que eu jamais havia sentido antes.
Gemi, chamando seu nome, implorando para que ele não parasse enquanto a chuva caia sobre nós.

Eu fechei o registro, deixando os últimos rastros de água escaparem pelo meu peito.
Era inverno, e nossa lua-de-mel havia terminado há muito tempo, mas os banhos quentes ainda me lembravam aquele dia na colina com Aiden.
O vapor abraçou minha pele como um cobertor quente quando eu saí do chuveiro.
Foi engraçado pensar que, um ano atrás, eu tinha ficado no mesmo banheiro, furiosa por ter sido enganada para ficar com Aiden, mas agora aqui estava eu, acasalada ao Alfa da Matilha da Costa Leste e querendo estar em nenhum outro lugar a não ser nesta casa com o homem que eu amava.
Aiden: Você precisa de ajuda aí dentro?
Ouvi sua voz grave através da porta.
Sienna: Não, sou perfeitamente capaz de me secar sozinha, muito obrigada.
Sorri para mim mesma.
Nos últimos doze meses, ele havia se tornado mais brincalhão, baixando sua guarda e me mostrando um lado seu diferente daquele Alfa dominante que tinha que exibir para o resto da matilha.
Aiden: Fico feliz em ajudar.
Ele tinha uma persistência encantadora, que me fez rir.
Aiden: Não é problema algum.
Sienna: Senta, rapaz.
Me embrulhei em uma toalha e ri.
Aiden: Mas eu tenho sido tão bonzinho.
Sienna: Quem espera sempre alcança.
Limpei o vapor do espelho e desembaraçei meus cabelos úmidos.
Abri a porta e dei um passo à frente, pressionando meu corpo molhado contra seu peito, envolvendo meus braços em torno dele, e agarrando suas costas musculosas.
Ele inclinou a cabeça como se quisesse me beijar, e eu me afastei.
Sienna: Eu disse que quem espera sempre alcança... e você não esperou.
Eu o afastei e entrei no meu closet, garantindo que ele tivesse uma boa visão da minha bunda. Quando estava na porta, tirei minha toalha para que ele visse que eu estava nua e fechei a porta de correr.
Eu mal tinha vestido minha roupa intima quando a porta se abriu e me vi envolta nos braços de Aiden, seus lábios nos meus em uma paixão ardente.
Eu senti ele me puxando de novo, e caímos no colchão cheio de travesseiros. O peso de Aiden pressionado contra mim com um forte desejo. Eu podia sentir como ele estava duro, e eu já estava ficando molhada.
Ele rasgou sua camisa, revelando seu tronco definido e seus braços salientes. Seu peito pesado de desejo e seus olhos verde-ouro cintilavam de luxúria.
Eu me inclinei e beijei meu Alfa. Seus lábios estavam macios e quentes, e cada vez que eu os tocava, parecia que eu estava derretendo neles.
Aiden: Eu quero começar uma família com você, Sienna.
Sienna: Eu sei. Nós vamos.
Aiden: Quero dizer, agora mesmo. Eu quero começar a tentar.
As palavras de Aiden me pegaram desprevenida. Eu sabia que eventualmente teríamos que falar sobre isso, mas nos últimos seis meses eu tinha esquecido desse assunto.
Havia tanto para se acostumar depois de acasalar com o Alfa da segunda Matilha mais poderosa dos Estados Unidos. Eu não podia mais me vestir como antes, não podia sair em público sem guarda-costas, e estava constantemente sob vigilância.
Chega de encontros espontâneos com as garotas no Winston's.
Chega de tardes tranquilas no parque, onde eu poderia ficar sozinha com meu caderno de rascunhoz e meus pensamentos.
Eu tinha tarefas agora, como a que eu tinha que cumprir esta tarde. Era o primeiro dia do Festival de Fertilidade, e a tradição da Matilha exigia que eu me transformasse com Aiden na frente da Matilha inteira e o deixasse me montar.
Pensei que Aiden estava brincando quando ele me contou pela primeira vez, mas acho que quando você é criado como um Alfa, não questiona o status e as cerimônias ultrapassadas.
Mas eu não vim da realeza da Matilha. Antes de ser sua cônjuge, eu era uma adotada de dezenove anos com um pai humano e uma enorme aversão aos holofotes.
A ideia de ficar tão vulnerável em um ambiente tão público era absurda, para não dizer humilhante.
Eu havia tentado confrontar Aiden sobre isso, mas toda vez que eu tocava no assunto, ele desconversava dizendo que isso não era grande coisa, mas que era importante para a Matilha.
Não estávamos fazendo sexo nem nada, mas ainda assim o considerava como um caso bastante íntimo e privado.
Aiden: Sienna?
Aiden agarrou minha coxa.
Sienna: Sim, desculpe. Eu estava viajando.
Aiden: Você quer tentar?
Sienna: Aiden, ainda não sei se estou pronta.
Aiden: O que você quer dizer? Já faz um ano. Alfas e seus companheiros devem começar a tentar os filhotes no início da primeira Bruma depois de terem se acasalado. É uma tradição.
Houve essa palavra novamente. "Tradição". Deus, como eu estava começando a odiar o som dela. E a Bruma, aquela loucura luxuriosa que possuía todos os lobisomens durante a época do Acasalamento, estava prestes a piorar dez vezes a situação.
Sienna: Podemos falar sobre isso mais tarde?
Tentei resgatar o momento romântico, que estava rapidamente escapando.
Aiden: Claro, podemos conversar após a cerimônia.
Aiden olhou para mim com seus olhos suaves e inocentes. Quanto mais eu olhava para eles, porém, mais confiante eu ficava de que não poderia continuar com o ritual esta tarde.
Me matava fazer isso com ele, e eu sabia que era minha culpa por ter deixado passar tanto tempo, mas algo dentro de mim não me parecia certo.
Sienna: Isso é algo mais que eu queria falar com você.
Interrompi o olhar dele.
Aiden: O que você quer dizer? Você está nervosa?
Ele acariciou meu braço.
Por que ele tem que ser tão doce logo agora?
Mas eu não poderia voltar atrás. Não havia mais tempo para adiar. Eu tinha que dizer a ele como me sentia.
Sienna: Aiden, eu não quero fazer isso.
Um olhar confuso lhe passou pela cara, e eu esperava que pudéssemos resolver isso sem que explodisse em uma briga.
Aiden: Por quê? É apenas uma pequena exposição para a matilha para que eles possam nos dar suas bênçãos enquanto tentamos conceber.
Sienna: Se é só para a bênção da Matilha, então por que precisamos nos transformar e fazer todas as outras coisas?
Aiden: É simbólico.
Eu esperava que Aiden tirasse um momento para ouvir a si mesmo e perceber o quão fraco era o seu argumento, mas sua expressão era tão sincera que me fez soletrar minha objeção.
Sienna: Talvez para você, mas eu acho que é degradante.
Aiden: Minha mãe o fez, assim como a mãe de meu pai. Você é minha companheira, Sienna. Ninguém vai te julgar...
Sienna: Não é o que as outras pessoas pensam, Aiden. É com o que me sinto confortável.
Aiden: Escute...
Ele saiu de cima de mim e sentou na cama.
Aiden: Isto só acontece uma ou duas vezes na vida. Vamos nos transformar por menos de um minuto. A tradição é o que mantém a Matilha unida . Sem ela, perdemos nossa identidade.
Lá vem aquela palavra estúpida de novo.
Sienna: Sinto que estou perdendo minha identidade por ter que seguir todas essas regras estúpidas.
Coloquei um olhar severo no meu rosto, deixando-o saber que eu não mudaria de ideia.
Aiden: Olhe, Sienna, esqueça a Matilha. Você pode fazer isso por mim? E eu juro que nunca mais te pedirei para fazer algo assim.
Aiden era meu mundo, e eu faria qualquer coisa para fazê-lo feliz, mas, neste momento, eu o odiava por ele não estar me ouvindo. Como um Alfa, ele não estava acostumado a render-se, mas se nosso relacionamento continuasse a crescer, ele precisaria descobrir como fazer isso.
Sienna: Você realmente não entende o meu lado?
Aiden: É só desta vez, Sienna. Depois disto, você é quem manda, meu amor.
Eu tinha certeza de que ele não ia ceder.
Sienna: Preciso terminar de me preparar.
Saltei da cama e voltei para o armário.
Aiden: Você precisa de ajuda?
Sienna: Não, eu consigo me virar sozinha.
Aiden: Não demore muito.
Aiden pegou sua camisa e me mandou um beijo antes de sair do quarto.
Vesti o vestido do festival e me olhei no espelho, pensando em todas as companheiras de Alfas que suportaram isso antes de mim e me perguntando se elas se sentiam ou não tão enojadas quanto eu.
"É menos de um minuto, Sienna. É menos de um minuto.", repetia para mim mesma.

O palco foi construído em uma clareira na floresta. Árvores gigantes tinham sido derrubadas e seus corpos unidos para criar a gigantesca plataforma em que Aiden e eu agora estávamos. Atrás de nós estava o resto do conselho e um convidado surpresa, Raphael Fernández, o Alfa do Milênio.
Não admira que Aiden não quisesse cancelar o festival.
Em todos os lugares, olhando para nós com excitação, estava praticamente toda a Matilha da Costa Leste.
Por um momento eu pensei ter visto um par de olhos roxos, mas deve ter sido apenas minha imaginação.
Eu não tinha visto Eve desde que ela passou pela minha galeria há mais de seis meses. Tampouco tinha recebido algum esclarecimento sobre aquele aviso vago sobre meus pais biológicos com os quais ela me deixou.
Se meus pais realmente foram Alfas, eu me perguntava se eles também tiveram que participar deste ritual horrível.
Quando as declarações de abertura foram feitas, meu coração começou a bater rápido. Eu não podia acreditar que ia fazer isto. Eu fiquei pensando nisso dezenas de vezes enquanto dirigia para o festival.
Senti a mão de Aiden agarrar a minha e apertá-la com tranquilidade. Ele então retirou seu manto, revelando sua figura escura e estatuária, e começou a transformação.
É isso. Não tem mais volta.
Eu fiquei no lugar, sem me mover. Um suspiro ondulou através da multidão como uma onda.
O enorme lobo de Aiden agora estava ao meu lado, olhando com expectativa para a minha forma humana.
Fui até o microfone e examinei os rostos estupefatos na multidão. Minha mão tremeu enquanto eu puxava o microfone para baixo, apontando-o para meus lábios.
Não é tarde demais. Você ainda pode se transformar .
Não, você consegue, Sienna.
Eu tentei forçar as palavras, mas elas se recusaram a ceder. Minha adrenalina estava aumentando, apertando minha garganta e todos os músculos do meu corpo.
Você também é uma Alfa, Sienna. Comece a agir como tal.
Fechei meus olhos, bloqueando o mar de pessoas e acalmando meus nervos. Minha garganta relaxou, e as palavras saíram antes que eu tivesse a chance de pensar.
Sienna: Estarei com meu companheiro, mas apenas como sua igual, não como seu prêmio. Ainda peço a sua bênção, mas não vou me transformar.
Houve um momento de silêncio enquanto minhas palavras surtiam efeito, mas uivos furiosos logo romperam em um tumulto crescente. Eu me afastei do pódio, sem saber o que fazer agora que havia feito meu protesto.
Os gritos se intensificaram, e os rostos dos espectadores estavam repletos de malícia. Eu comecei a me sentir assustada, ameaçada.
Teria eu acabado de cometer um grande erro?

Os lobos do milênioOnde histórias criam vida. Descubra agora