Meu Encontro

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Quero começar isso aqui afirmando que sim, eu estava certa. Meu encontro com Sam foi um desastre. Mas não um desastre total, um grande desastre sim, mas não um total. Entende o que quero dizer?

Não? Ok. Pegue seu banquinho e leia atentamente.

Eu devia ter percebido que tudo daria errado quando Sam se atrasou quase meia hora, me deixando plantada na entrada do parque achando que tinha levado um bolo da maior esquisita da escola. Quando eu já estava a xingando de todos os nomes ruins nesse mundo, Sam apareceu toda suada em cima do skate velho (que ainda não sei como não se quebrou no meio de tão usado que está) e umas roupas até que bem bonitas.

Não me leve a mal, mas eu fiquei surpresa por ela ter um bom gosto para se vestir. Na escola usamos uniformes e o dela está sempre amassado ou com manchas de comida. A gravata da blusa está sempre amarrada em um nó desleixado que parece ter sido feito por uma criança de 5 anos, a saia também vive toda amarrotada. Fora os adesivos de alguns animes que ela cola na própria roupa. Não tenho nada contra animes, mas aquela combinação ofende meus olhos.

Agora ela me apareceu aqui com um jeans surrado e uma camisa preta um pouco grande demais para ela, mas que não deixa de ser bonita. Pensando bem, eu ainda a acharia bonita mesmo se estivesse vestindo uma roupa de colan de cor néon, então entenda que meu senso crítico em relação a Sam pode ser um pouco falho. Só um pouco.

— Caramba, foi mal. Minha mãe me segurou em casa. — Sam para com o skate em minha frente, um semblante de pânico diante da minha cara de poucos amigos. — Você está aqui há muito tempo?

— Mais um pouco e o parque fechava. — Dou uma exagerada para deixar claro que não gostei do atraso. Ela tenta controlar a respiração. Consigo sentir o cheiro do perfume forte que ela está usando daqui.

— Se te faz sentir melhor... — Ela vasculhou os bolsos da calça e tirou de lá uma coisa branca que eu nem sei o que era. — Trouxe para você.

Examinei o que estava na mão dela com uma cara feia.

— O que isso deveria ser?

— É uma flor.

— Ah... Meio amassada né. — Deixo escapar ao que pego a ''flor'' de suas mãos. Ela parece não se importar com a careta que eu faço, agindo como se a flor estivesse em perfeito estado. De qualquer maneira, fico comovida com o gesto dela. Sam é um doce, posso sentir a sinceridade de suas ações. Guardei a flor na minha pequena bolsa de ombro.

— Peguei do jardim da minha vizinha, a Sra. Sungown, ela viu e ameaçou ligar pra polícia, então tive que sair correndo. — Ela começou a olhar ao redor. As luzes vermelhas do parque estavam cintiliando por toda parte. Aparentemente, Sam seria a única pessoa que eu conheço que se meteria em problemas judiciais por pegar flores em um jardim alheio.

— Bom, já comprei nossas entradas.

— Ótimo, eu nem tenho dinheiro mesmo. — Deu de ombros. Depois estendeu a mão que não estava segurando o skate para mim, fazendo uma cara toda pomposa. — Madame.

— Maluca. — Reviro os olhos, mas pego em sua mão mesmo assim. Eu espero que a minha mão não esteja suando.

Quando de fato entramos no parque parece que uma guerra se inicia. Quero puxar Sam para um brinquedo enquanto ela quer me puxar para outro. Ela sugere alguns jogos de tiro ao alvo que eu acho bem chato, mas assisto enquanto ela erra em todas as 6 tentativas que lhe são oferecidas.

Pode parecer meio estúpido, mas gosto da forma como ela se concentra antes de atirar, o movimento dos ombros e o estreitar dos olhos. Ela faz toda uma preparação que eu adoro assistir porque, bem, ela é charmosa quando não está tentando ser. Mesmo que esteja errando todos os alvos. Vez ou outra ela olha pra mim e me lança uma piscadela. Eu tento fingir que não ligo mesmo que esteja mais vermelha que um tomate. Ugh, odeio essa garota.

O Encontro de Um Dólar Onde histórias criam vida. Descubra agora