O Encontro de Um Dólar

Minha Primeira Dança

— Deena, tem certeza de que quer ir? — Alice pergunta.

Ela está jogada na cama mexendo no celular, provavelmente jogando aquele jogo estúpido de sempre. Eu solto o ar dos pulmões depois de terminar a aplicação do batom na boca.

— Sim, James disse que nem vai dar muita gente. — Olho minha boca no espelho em minha frente, passando os lábios um contra o outro.

— Naquele dia do jogo nem tinha muita gente e você...

— No dia do jogo não eram só as pessoas, eu tava nervosa também. — Arrumo os fios de cabelo atrás da orelha e tento ignorar o aperto no coração e o leve embrulhar do estômago ao lembrar do último ataque de pânico que tive no jogo da escola.

Essa é a razão da principal preocupação de Alice comigo essa noite. Ela acha que a festa de James pode ter muita gente, como se ele fosse algum universitário dando uma daquelas festas horríveis de fraternidade. Bom, espero que não seja. Ele não é de dar festas assim e também não é como se a casa dele fosse uma balada. Mesmo assim, Alice continua perguntando se eu tenho certeza de que quero ir. Eu gosto de festas, só não gosto de tumultos e James sabe disso, ele até me disse para ficar tranquila quanto à isso. Eu posso até ter um ataque lá caso ele esteja mentindo, mas quando passar eu esfolo ele vivo.

— Se a Sam vai, é claro que ela vai querer ir. — Cindy está calçando os saltos perto da minha cama. Arremesso a primeira coisa que vejo na minha frente nela, que foi o meu rímel. — Ai, fodida!

— Parece até que meu mundo gira em torno dela, é aniversário do James se você não sabe, eu iria de qualquer maneira. — Volto a me olhar no espelho da penteadeira. Tão linda.

— Quem acredita nessa fanfic, meu pai? — Alice se levanta da cama. — Já estão prontas? Vamos logo, tô com fome.

— Quem já está por lá? — Eu arrumo meu cabelo pela milésima vez essa noite.

— Vi que Ziggy postou no stories umas fotos, tinha o Simon, Kate, Sheila... Aquele pessoal de sempre.

— Ela quer saber se a Sam já está lá, burrona. — Cindy revira os olhos com um sorriso.

— Ai, nada a ver. — Eu digo com raiva, porque odeio que Cindy esteja certa.

Cindy se levanta e fica atrás de mim no espelho.

— Nossa, quem são essas gostosas? — Ela dá um tapa na minha bunda e caminha em direção à porta junto com Alice.

Solto uma risada enquanto me levanto para seguí-las. Minha mente me leva até Sam rapidamente. O que será que ela vai estar vestindo? E será que ela vai mesmo? As chances de eu ganhar um bolo são grandes. Pior que não tenho como me comunicar com ela desde que ela quebrou o celular, Alice até sugeriu que eu mandasse uma carta e eu como sou emocionada facilmente escreveria uma. Queria conversar com ela por cartas e perguntar o que não tenho coragem frente a frente, se ela está realmente bem e se tem algo que a perturba. Tenho coragem de falar coisas sujas e imorais, mas perguntas pessoais e intímas relacionadas à alma e aos pensamentos me assustam um pouco. Mas algo me diz que por trás da máscara feliz e boba de Sam há algo obscuro. Espero estar errada.

Deixando as minhas paranóias um pouco de lado, no andar de baixo minha mãe listou um série de coisas que eu não deveria fazer nessa festa, as principais foram: não beber, não chegar em casa bêbada e não deixar ninguém me embebedar. Ela leva essas coisas de alcoolismo muito a sério por conta do meu pai. Ele não bebe faz tempo, mas minha mãe acha que tenho a mesma inclinação que ele quando se trata de vícios. Falando no meu pai, ele nem chegou do trabalho ainda. Ainda bem, porque provavelmente ele seria a pessoa que iria me barrar de ir à festa. Como mamãe ama o James, ela sempre me deixa ir a qualquer lugar com ele. Ele poderia estar me convidando para uma orgia em Paris que ela me deixaria ir numa boa. Só que sem bebidas, Deena.