Meus Momentos Perfeitos

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— Ela ia pular. — Minha voz está trêmula, nervosa. — Ela estava subindo na janela e se eu não chamasse por ela, ela ia pular.

— Amiga, calma. — A mão quente de Cindy se aloja em meu joelho nu, dando um aperto reconfortante.

Respiro fundo uma vez e engulo novamente o enorme bolo que se formava em minha garganta. Ele se misturava com o choque de saber que Sam obedeceria o que quer que essa voz em sua cabeça a mandasse fazer, como se isso fosse completamente normal. O carro se enche com o barulho da minha respiração, a rua escura e silenciosa do bairro de Sam é a responsável por deixar tudo tão quieto.

Vincent dirige para a minha casa depois de termos deixado Sam na dela. Eu não queria deixá-la, sentia medo só de pensar que ela estaria sozinha novamente. Fiz com que prometesse que me ligaria se sentisse ou escutasse algo, se tivesse pesadelos, se qualquer coisa acontecesse, e ela me prometeu que ligaria. Estava mais quieta, o choro contido sendo engolido de volta assim que Vincent se aproximou de nós duas no banco de concreto e disse que deveríamos ir para casa.

Cindy e Alice mal falavam, apenas nos encaravam com olhares piedosos e confusos. No caminho para casa, Alice tentava amenizar o clima tenso ao comentar sobre a festa e os convidados, eventualmente engatando uma conversa entre nós quatro. Sam ainda estava frágil em meus braços, abraçada ao meu tronco e respirando calmamente. Minhas mãos acariciavam seus cabelos longos, os dedos brincavam com a franja e de vez em quando cutucavam suas bochechas, só para vê-la dar um sorrisinho curto em resposta. Cindy estava ao nosso lado no banco de trás e mesmo sem entender nada ficou segurando a mão esquerda de Sam e traçando desenhos na pele com seu dedo indicador enquanto conversava normalmente com Alice e Vincent. Cindy era sempre assim, ela podia não entender a dor alheia, mas não significava que não te ajudaria a suportá-la.

Depois que deixamos Sam, as meninas pediram explicações que eu dolorosamente comecei a dar.

— Então ela tava alucinando? — Alice questiona.

— Eu não sei. — Fecho os olhos e passo a língua pelos lábios. Meu cérebro parece que vai dar um nó com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. — Ela ainda vê o pai que morreu e diz que tem alguém na cabeça dela a mandando fazer essas coisas.

— Ela está doente. — Cindy considera. Sua expressão parece analisar os acontecimentos citados com calma.

— Deve ser porque ela não dorme direito. — Especulo, tentando me convencer de que não é nada tão sério. Estou começando a entrar em pânico e isso não é saudável. Meu coração está acelerado desde o momento em que achei Sam naquele quarto vazio e não se acalmou desde então. — Ela fica noites acordada pra vigiar a mãe-

— Deena, uma voz a mandou pular de uma janela. — Vincent pontua com firmeza, me interrompendo. — E ela ia obedecer, você mesma disse. Ela ia pular. Ficar sem dormir não te deixa escutando vozes que te mandam fazer coisas bizarras, ela está doente. Precisam falar com os pais dela, ela tem que ir a um psicólogo.

Se eu não tivesse tão fragilizada teria ficado irritada com a intromissão dele e também com o fato de que ele interrompeu o que eu ia dizer. Mas suas palavras eram tudo aquilo que eu me negava a acreditar, achava que isso passaria em alguns dias e Sam voltaria ao normal sem termos que fazer nada, apenas ficar ali do lado dela. Mas eu não poderia fazer isso sempre, não poderia ficar vigiando Sam a todo momento e ela precisava de ajuda profissional. Não podia enrolar ou tentar me enganar, isso não é normal. É o início de algo maior e eu preciso parar isso antes que piore.

— Eu vou falar com a Hailee. — Cindy aperta meu joelho mais uma vez. — O pai dela pode atender a Sam ou coisa assim.

— Ok. — Acabo deitando a cabeça no ombro dela, a vendo navegar pelo celular e abrindo a conversa com Hailee usando a apenas uma mão, seu outro braço se enrosca ao redor dos meus ombros me oferecendo um calor familiar ao alisar meu ombro com uma ternura que é relaxante, fazendo um sentimento mais pacífico correr pelo meu corpo. Fiquei atenta nas mensagens, vendo que Cindy tinha enviado uma foto do look dela para a festa e Hailee respondeu com vários corações vermelhos e alguns elogios que não consegui ler direito. Essa não perde tempo, mandou coração vermelho já mostrando que não quer amizade.

O Encontro de Um Dólar Onde histórias criam vida. Descubra agora