Espécie quase desconhecida, 1° parte.

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Kara

 O dia estava muito fechado, tenho que arrumar as folhas para dormir bem hoje, esses dias para trás aprendi um novo jeito de amarrar melhor as folhas com o cipó, Alex e Monel vão ficar muito animados quando souberem disso!

 — Kara vem aqui, daqui a pouco a luta vai começar! E eu não quero ouvir você resmungando na minha cabeça se caso você perca ela!

 Alex me gritou enquanto se pendurava de ponta cabeça em um galho, sempre que a vejo assim, lembro de quando eramos crianças, mal conseguíamos nos pendurar direito em um galho igual os outros gorilas sem cair. E Monel ainda por cima caçoava de nós, com ele é um gorila forte, sempre foi mais fácil para ele fazer esse tipo de coisa. Mas mesmo com toda a zoação, ele sempre esteve em nosso lado.

 Quando pequenas, eramos muito ignoradas pelos outros gorilas, por sermos um pouco diferentes deles, nossa mãe nos contou que uma vez a muito, muito tempo atrás, uma espécie de pássaro gigantesco caiu do outro lado da ilha, na época o nosso bando ainda vivia lá. Ela diz que aquilo fez um barulho muito alto, mas depois de algum tempo ficou muito silencioso por alguns minutos, e ela era muito curiosa, e saiu de fininho para ver o que era aquilo, o pássaro estava partido em vários pedaços.

 E bem na ponta da praia avia algum tipo de caixa, ela se aproximou devagar, porque era algo que ela nunca tinha visto, e nunca é bom se arriscar assim. Quando ela se aproximou um pouco mais, ouviu dois choros muito altos, que invadiram toda a praia.

 — Sei o que você esta pensando Kara.

 Tomei um susto com minha mãe que surgiu atrás de mim do nada, ela faz isso às vezes, e eu nunca vou me acostumar com isso. Alex me olhou apressada e saiu, ela morreria se perdesse aquela luta.

 — Não estou pensando em nada... Mas caso eu estivesse, o que eu estaria pensando?

 — Você faz a mesma cara desde filhote quando lembra da história de quando achei vocês naquele pássaro.

 Ela riu da minha cara, tenho que aprender a ficar com o rosto mais neutro.

 — Tá bom... Eu estava lembrando disso, você gostaria de contar de novo?

 — Certeza? Eu já te contei essa história milhares de vezes Kara.

 — Óbvio que tenho, eu amo essa história!

 — Então tá bom, agora aguenta.

 Numa flashback on

 ...

 — Que barulho é esse? Parece choro de filhote.

 Fiquei assustada por alguns segundos, não esperava que teria algo dentro daquele pássaro. Voltei a andar em direção a aquelas caixas, só que dessa vez com mais pressa, fiquei preocupada com os barulhos. Quando cheguei perto, olhei para dentro das caixas, e lá tinham alguma coisa que não sei descrever o que eram, eram muito pequenas e não tinham muitos pelos.

 Uma tinha o pelo da cabeça bem claro, como o sol e ondulado como ondas, e a outra tinha o pelo vermelho como à lava de um vulcão, eu nunca vi essa raça em lugar nenhum. Elas pareciam estar com fome, toquei na perna de uma, às duas param de chorar no mesmo instante e começaram a me observar atentamente.

 Senti meu peito começar a aquecer, e fiquei sorrindo bobamente olhando para aquelas duas criaturinhas. Sempre quis ter filhotes, mas por algum motivo eu nunca consegui, bom talvez isso seja obra do destino. Peguei às duas e ás coloquei na areia, elas começaram a rastejar até mim.

A viajante de preto e branco - SuperCorp. Onde histórias criam vida. Descubra agora