Mais?

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Lena

Vejo aquela mulher saindo da minha barraca no meio da chuva intensa, a lanterna do meu celular havia se apagado no exato momento em que ela saiu, provavelmente meu ele deve ter descarregado. Cheguei perto do zíper da barraca e fechei o mesmo, me molhando um pouco com a água que caía.

— O que acabou de acontecer aqui?

Sussurrei pensativa, aquilo era uma selvagem, nem falar ela sabia, provavelmente era ela quem estava na floresta a um tempo atrás. Mesmo parecendo ser tão selvagem, ela continuava sendo tão... Tão bonita, os olhos azuis dela realmente eram intenso e penetrantes, parecia que ela conseguia olhar dentro da minha alma. Eu quase me perdi fitando eles.

A chuva está tão intensa que meus pensamentos parecem mais lentos, talvez eu demore um pouco para processar o que aconteceu aqui.

— É melhor eu voltar a dormir e pensar nisso depois.

Peguei meu celular e coloquei na bateria portátil que estava logo ao meu lado, levantei minha coberta, deitei e me cobri com a mesma. Comecei a olhar pensativamente para o teto, enquanto a chuva forte batia ali.

— Isso...

Fechei meus olhos e rapidamente peguei no sono.

...

— Hoje vai ser incrível! Teremos um monte de coisas para ver e descobri, precisamos catalogar casa coisinha, não podemos esquecer de nada Eve!

Infelizmente acordei com aquela barulheira toda que eles estão fazendo, e o pior que ainda parece estar cedo, vão espantar todos os bichos da floresta assim. Como não abri os olhos, não tive que lidar com a claridade, melhor assim, vou voltar a dormir para  esquecer a dorzinha chata que esta vindo do meu joelho.

— Definitivamente Winn! Vamos ver tudo de cabo a rabo, nada vai escapar da gente aqui!

Meu Deus, qual era a dificuldade de falar mais baixo? Só queria ter um sono tranquilo, visto que minha noite ontem foi bem agitada, e além do mais, não vão descobrir tudo, duvido que consigam achar a aquela selvag—

Abro os olhos rapidamente e olho para a porta da minha barraca, e vejo novamente uma mão entrando pela mesma, de um jeito desajeitado o zíper foi sendo aberto. Tirei a coberta do meu corpo se me sentei focando minha visão na selvagem que entraria na minha cabana. Eu só queria dormir.

— É, realmente não foi uma alucinação muito doida da minha mente.

Sussurro vendo a figura forte entrar na minha barraca, ela estava sorrindo  largamente e não parava de me encarar,  estava com um punhado de frutas na mão, será que é o seu café da manhã? Ela balançou a cabeça e se aproximou cautelosamente de mim, sem perder o sorriso em seus lábios, ela andava de uma forma curvada, igualzinho um gorila, será que isso não dói a coluna não?

Ela chegou bem perto e se sentou na minha frente, olhou para as frutas que estavam em sua mão, as levantou e estendeu as para mim, será que era o meu café da manhã? Sorri pensando na ideia de que uma selvagem se preocupando nesse nível, deve ser só um costume ou algo assim.

— É pra você, Lena!

Ela falou alguma coisa e em seguida citou meu nome, mostrou as frutas e depois apontou para mim. Sorri e as peguei de sua mão, ela logo em seguida deu uns pulinhos comemorando, o que será que isso quer dizer? Não tinha parado para pensar antes mas, se ela realmente for uma completa selvagem, ela pode ser alvo de estudos e pesquisas.

Sobre sua adaptação na selva e os fatores que levaram ela a conseguir sobreviver, já ouvi histórias de crianças que cresceram na floresta, mas sempre com finais trágicos, eles nunca sobreviviam ao ambiente sem alguém para cuidar, morriam muito novos por causa das condições precárias. O que fez ela conseguir sobreviver isso tudo?

A viajante de preto e branco - SuperCorp. Onde histórias criam vida. Descubra agora