Após decifrar o código, a desligada nos mostra os jornais que ela havia lido. Coincidentemente, também falavam sobre cientistas, o que faz sentido com o endereço de laboratório de pesquisa e a biblioteca com livros de física avançada. Provavelmente, aquela casa pertencia a um desses cientistas ou algo parecido, mas a entrevista do empresário famoso não se encaixava. Logo, Sara pega todos os documentos para guarda-los, e acabo me lembrando do nome da doutora que estava no diário.
Doutora Olívia era o nome da dona da clínica particular da cidade, sei disso devido na minha infância sempre estava cheio de machucados e hematomas, por causa dos meus queridos amigos homofóbicos que adoravam me bater. Assim, ia com muita frequência em sua clínica.
- Espera! Lembrei de uma coisa – todos me olham, o que é muito desconfortável, então acabo desviando o olhar – na verdade, lembrei quem é a doutora do diário. É a dona da clínica particular, Dra. Olívia Campos. Nós precisamos vê-la, perguntar se ela conhece o dono daquela casa.
- E?! Você não acha muito imprudente – discorda o moreno. E essa atitude volta a me deixar com raiva.
- Olha aqui, o seu irmão acreditava que o que aconteceu naquela casa tinha alguma coisa haver com o nosso caso – retruco elevando o tom da minha voz – e eu acho que ele estava certo.
Miguel estreita os olhos, mas apenas dá de ombros como se não se importassem com o que iria acontecer mesmo. Já o Yon e a Sara não pareciam muito animados com a ideia, e isso não me era ruim. Queria mesmo que eles não se envolvessem tanto em coisas perigosas. Então, apenas pego a minha jaqueta com patches e procuro a chave da minha moto, assim me lembro que a mesma foi deixada na frente da casa daquelas bruxas. Realmente, tudo estava conspirando para dar errado nessa merda. De repente, o moreno se oferece para me levar até a clínica, o que me deixa admirado.
- Eu vou com você - se contradiz ele.
- Quê? Não era você que estava agora a pouco falando para não bancarmos os detetives!
Não é que ache ruim a presença dele, quando o mesmo tem quase dois metros de altura e o dobro do meu peso muscular. Mas, essa mudança repentina de opinião não é normal, e eu não vou cair em nenhum joguinho baixo.
- Eu vim aqui para saber o que tinha acontecido com o meu irmão - ele começa a se explicar, claramente com uma expressão de dor no rosto – e acabo descobrindo que ele foi assassinado por dois homens misteriosos. Você acha mesmo que vou aceitar isso?! Se foi mesmo eles que o mataram, então eles têm que pagar.
Aparentemente, as convicções do moreno estão mais fortes e cheias de ódio, com uma profunda sede de vingança. Eu não vejo problema em tê-lo como aliado, desde que sei suas intenções. Já era fim de tarde, quando decidimos ir até a clínica esperando que o movimento estivesse menor. Quando estamos de saída, a desligada me puxa e me dá um abraço forte.
- Vê se volta vivo, tá? - diz ela com firmeza na voz - você tem uma arma, então não hesite em usa-la, ok?! A Ana precisa de você vivo.
- Tá... - respondo sem jeito.
Fico surpreso com essa reação dela, não esperava que a mesma fosse ficar tão preocupado comigo. Sara até agora vem demonstrando ser a aliada mais importante e fiel que tenho, o que me deixa ainda mais ansioso. Assim, sigo para o carro ainda atônico, me relembrando novamente da minha mãe que sempre me abraça antes de sair de casa. Isso me deixa feliz e triste ao mesmo tempo, e quando entro no carro o moreno me encara.
- Ouviu sua namorada, não vá fazer uma loucura, heim?! - brinca ele.
- Ela não é minha namorada – respondo secamente.
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O Que Os Olhos Não Veem
Mystery / ThrillerSara vai finalmente conhecer toda a sua família, pois desde o dia que foi adotada nunca teve contato com eles. O motivo da reunião familiar, é a comemoração pela saída da UTI de sua prima mais nova, Ana. Todos ficam animados em conhecer Sara, exceto...