Capítulo 19

2 0 0
                                    

AVISO: neste capítulo há cenas de violência domestica que podem gerar gatinhos.

Me acordo em um quarto minúsculo com paredes brancas e somente uma cama, na qual estou deitada além de estar vestida com roupas brancas. Minha mente está um pouco confusa, mas consigo me lembrar dos homens no motel, do grandalhão que me jogou no carro e da cara do Alex de espante e desespero. Assim que recordo como cheguei aqui corro até a porta, que tem uma pequena abertura com grades. Começo a gritar para me tirarem daqui, mas não escuto nada apenas vejo um corredor estreito com outras portas como a minha. Contudo, não desisto e continuo a gritar, dando chutes na porta o que faz o barulho ressoar pelo longo corredor.

Novamente, não há sinal de nada.

Me afasto da porta para pegar um pouco de impulso e bater com muita força na mesma. Faço isso mais algumas vezes, mas não obtenho nenhum resultado. Então, deslizo pela porta até o chão com meus olhos cheios de lágrimas, por quanto tempo vou ficar aqui? Será que tem alguém atrás de mim? Enterro o meu rosto sobre os meus joelhos, só queria ir embora daqui. Logo, ouça baixinho alguns passos ecoando pelo corredor. Ergo num pulo e, começo novamente a bater com força na porta e a gritar por socorro. Os passos se aceleram e consigo ver uma mulher e um homem também vestidos de branco vindo na minha direção, com eles tem um carrinho com uma bandeja que tem uma tampa por cima.

A mulher é parda com cabelos pretos presos em um coque bem feito, e aparenta ser bem musculosa e forte. Já o homem tem pele branca como papel e cabelos loiros quase raspados no zero, ele anda mais despreocupado que a parceira.

Quando encaro melhor a bandeja tampada sinto um calafrio percorrer a minha espinha, assim saiu de perto da porta e procuro por outra saída além daquela. A única coisa que encontro é a saída de ar, mas a mesma está muito alta. Não sou muito baixinha, tenho um 1,78 de altura, em contra partida o pé direito desse quarto deve ser de no mínimo uns 3 metros. Logo, os dois adentram o quarto e os mesmos parecem ignorar a minha existência, já que nem me olham nos olhos. Eles destampam a bandeja, na qual a uma refeição com muitas frutas e alguns sanduiches cortados em triângulos com suco de laranja.

Meu estomago ronca um pouco, mas tento ignorar.

A primeira coisa que me chama a atenção é uma faca com ponta ao lado do prato. Discretamente, eu a pego sem que eles percebam, e num piscar de olhos enfio a mesma no braço do homem que geme de dor. A mulher tenta correr até mim, mas eu jogo o carrinho sobre ela e a mesma cai na cama. O homem tira a faca de seu braço e a joga num canto do quarto, assim parte na minha direção para me agarrar. Tento fugir, porém o mesmo está bloqueando o caminho até a porta. Quando ele me prende em seus braços, a mulher consegue sair debaixo do carrinho e injeta algo no meu pescoço.

Tudo começa a ficar turvo e embaçado, não consigo mais sentir ou controlar o meu corpo. Logo, a minha visão vai escurecendo e vou enfraquecendo nos braços do homem. O mesmo me põe na cama e aos poucos vou fechando os meus olhos.

De repente, me acordo no sofá azul escuro da minha casa, a mesma é bem decorada em tons de madeira escura e clara nas paredes. Uma grande TV envolta de estantes de livros, e ao lado posso ver o balcão da cozinha de onde vem sons de conversa. Caminho até lá ainda sonolenta, mas tomo um susto ao encontrar uma mulher de pele e cabelos negros as gargalhadas com um homem calvo de pele avermelhada. Sinto que conheço eles, só que seus rostos e vozes não são familiares para mim.

- Bom dia, minha querida – diz a mulher com uma voz grave e ao mesmo tempo doce. - Está ficando uma mocinha, já se acorda sem que ninguém a chame. -

É impressão minha ou ela está me tratando como uma criança, olho para o meu corpo para ter certeza que não estou mais jovem, e ele está como sempre. A mulher sorri para o homem, que está bebendo uma xícara de café com um cheiro estranho.

O Que Os Olhos Não VeemOnde histórias criam vida. Descubra agora