Capítulo 1

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Vida. 

 O que exatamente é a vida? Não há uma definição clara ou correta, todos temos uma explicação diferente. Nos dicionários – ou numa pesquisa rápida na internet – a vida é descrita como um modo de viver, um conjunto de hábitos, ou até a existência que evolui do nascimento à morte. Já para a biologia, a vida é um estado capaz de exercer funções como metabolismo, crescimento e reprodução. Enfim, todos tentam dar um significado, mas no fim não sabem como define-la exatamente. 

Hoje, estou indo com meus pais visitar a irmã de um deles, pois a filha caçula dela acabou de sair do hospital, após um longo período de batalha contra uma doença que afetava seu sistema imunológico. A pobre criança só tinha poucas horas de vida, e já foi direto para um centro de tratamento intensivo – atualmente ela tem 4 meses. Toda a família vai se reunir na casa dela para comemorar a vida da menina, e eu estou indo junto. 

Suspiro e encosto-me na janela do carro, procurando a melhor posição para tirar um cochilo - já que a viagem iria demorar umas duas horas, no mínimo. Ao fechar meus olhos e de fato pegar no sono, vários fleches de memórias vem a minha mente. Uma mulher com uma mala se despedindo, um homem segurando um cinto em uma mão e na outra uma garrafa de bebida, ouço tiros e me acordo com um susto. 

Quando abro meus olhos, vejo pela janela que o nosso carro está parado em frente a uma casa simples de primeiro andar, a qual tem aquela típica cor amarela com uma charmosa varanda. Meus pais saem para tirar as bagagens da mala, e eu os acompanho. Ao tirar minhas malas, observo um carro preto e com vidros escuros parado do outro lado da rua, e tenho a impressão de haver duas pessoas dentro dele. Mas apenas ignoro e continuo o que estava fazendo. Meu pai Alan diz para tocar a campainha, então vou em direção a porta da frente. 

Após esperar um pouco, alguém abre a porta e me deparo com um cara alto de cabelos loiros e olhos azuis. Ele tinha vários piercing no rosto, vestia uma camisa larga com algum símbolo de banda de rock e uma calça rasgada bem justa. O loiro me olhava esperando alguma reação minha, ao mesmo tempo que mexia no seu cabelo desfiado e irregular, o qual ia até um pouco acima dos ombros. Eu havia paralisado como se todo o meu corpo tivesse sido congelado – foi uma surpresa ver uma pessoa tão bonita de repente. Meu pai Heitor estava logo atrás, me esperando entrar para que ele pudesse descarregar as bagagens, mas percebeu que eu tinha parado e quando olhou para frente, viu o motivo. 

− Alex! É você? - falou ele pegando no meu ombro - Já faz tanto tempo, como você cresceu! 

− E aí, tio Heitor?! Entra – diz o rapaz apontando para dentro da casa barulhenta. 

− Claro! A propósito, essa é a nossa filha, Sara – o rapaz apenas concorda com a cabeça e entra na casa. 

Então, aquele era o famoso Alex das histórias do meu pai Heitor. Desde o dia em que fui adotada, ouvia os contos das aventuras e travessuras do sobrinho amado. O imaginava totalmente diferente, mesmo já tendo o visto por fotos antigas. 

Percebi que ele tinha me olhado com uma expressão vazio. 

Ainda estava parada – perdida nos meus pensamentos – quando, meu pai Heitor me empurrou para dentro da casa, e acabo acordando daquele transe. Lá dentro estava cheio de gente que eu nunca havia visto antes. No momento em que me viram, duas mulheres veem em minha direção, sorrindo e sussurrando entre si. 

- Essa é sua filha, Heitor? - diz uma delas. 

- Sim, essa é a Sara – fala todo sorridente – Sara, essa é a tia Margô. 

Sorriu por gentileza, e as comprimento tentando ser a mais simpática possível. Ao olhar para a sala, vejo uma linda mulher de cabelos ruivos com um longo vestido florido, segurando um bebê nos braços. Aquela deveria ser Evelynn, irmã mais velha do meu pai Heitor, que estava cumprimentando a todos com um enorme sorriso no rosto. 

O Que Os Olhos Não VeemOnde histórias criam vida. Descubra agora