Depois de ligar para o Louis, espero algum tempo até que um carro aparece para nos pegar. Ana ainda dormia em meus braços, e a cada metro que nós nos afastamos do galpão mais culpada eu me sinto. Porém, que outra escolha eu tenho, não posso deixar que Alex morra, mas, também não pretendo apenas entregar a Ana de mão beijada para esse psicopata – me sacrificarei novamente para garantir que a pequena, realmente, fique bem.
Eu irei me unir definitivamente a eles, e abdicar de toda a minha vida para me assegurar que Louis cumprirá a sua promessa. Meus olhos começam a marejar ao pensar em tudo o que deixarei para trás, mas já fiz as minhas escolhas e agora não tem mais volta – terei que arcar com as consequências das minhas ações. Também, imagino como o Alex irá reagir a minha traição, demorou tanto para nós nos aproximarmos e num piscar de olhos tudo irá por água abaixo.
Infelizmente, não demora muito mais até chegarmos ao local onde Louis havia dito, o mesmo é um aeroporto particular, o que me faz ter ainda mais certeza que o psicopata tem muita influência – por isso é impossível lutar contra ele. Desço do carro assim que o mesmo para, e olho para o céu que ainda está escuro dificultando um pouco a minha visão inicialmente. Logo, sou guiada pelo motorista que me trouxe até aqui, e aos poucos vou me acostumando a escuridão.
A frente avisto o desgraçado do Louis me esperando no hangar do aeroporto, com as suas grandes e finas mãos estendidas em um abraço. Quando chego perto o suficiente dele, o mesmo toma a Ana de meus braços – o desespero toma conta de mim, assim que a pequena se afasta. Olho para Louis tentando expressar raiva e indignação, mas claramente estou desesperada demais para isso.
- Q-quero mudar o nosso acordo – gaguejo sem tirar os meus olhos dos dele.
- Não acha tarde demais para isso? - questiona ele com seu sorriso cínico e debochado. - Mas, como estou de bom humor hoje, escutarei as suas suplicas, my lady.
- Eu... eu quero ir com vocês, não quero me separar da Ana – uma lágrima escorre pela minha bochecha e Louis suavemente a limpa, e por reflexo me afasto dele.
- My lady, querer nem sempre é poder – ele me encara com o seu olhar analisador. - O que vai fazer para me convencer a não te matar agora mesmo?
Meu corpo inteiro estremece com esta possibilidade, mas não posso desistir tão fácil assim da Ana. Tenho que pensar em algo para convence-lo me deixar viva, a me deixar ir com eles. Talvez se eu suplicar ajoelhada aos seus pés funcione, a essa altura eu não tenho mais um orgulho para proteger – apenas uma criança inocente.
- E o que você ganharia me matando? - tento falar sem gaguejar ou tremer. - Você viu que não sou um peso morto...
- A questão não é ser um peso morto, ou não, my lady – ele estende a mão para tocar os fios cacheados irregulares do meu cabelo mal cortado e eu tento desviar, mas o mesmo ainda consegue toca-los. - é uma questão de confiança, você tentou me matar duas vezes e ainda me usou de refém. Como posso confiar em você?
Refém? Eu era uma refém em primeiro lugar.
Antes que eu possa responde-lo, Louis faz um sinal com a mão e um de seus capangas se aproxima de nós com sua arma em mãos - meu coração salta a cada passo que ele dá. Imediatamente, procuro algo que poça utilizar para me defender, mas não há nada útil por perto – apenas a pista de decolagem e a vegetação rasteira. Então, me ajoelha diante de Louis com um olhar suplicante e marejado.
- Por favor... eu imploro – minha voz soa rouca e falhada, e mesmo de joelhos Louis não esboça nem uma outra expressão em seu rosto. - Me deixe ficar ao lado de Ana, eu juro por tudo o que é mais sagrado que não farei nada contra você.
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O Que Os Olhos Não Veem
Mystère / ThrillerSara vai finalmente conhecer toda a sua família, pois desde o dia que foi adotada nunca teve contato com eles. O motivo da reunião familiar, é a comemoração pela saída da UTI de sua prima mais nova, Ana. Todos ficam animados em conhecer Sara, exceto...