Capítulo 6

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Depois que saímos da casa do Yon, ficamos sem rumo algum. Mas, me vem à mente as senhorinhas que me receberam tão bem no dia da reunião de família. Elas me pareciam muito bondosas e acredito que poderiam nos ajudar nesse momento. Como era o nome delas mesmo? Ah sim, elas se chamavam Margô e Marta. Então, falo para o Alex minha sugestão, e ele parece não gostar muito. Afirma que elas não era nem um pouco confiáveis. Logo, fico frustrada e deixo transparecer ao retruca-lo com raiva. Assim, ele repensar a ideia e acaba concordando comigo, e quando chegamos na casa das senhorinhas percebo que o loiro não estava totalmente errado.

Marta é quem atende a porta, e não parece nem um pouco à vontade com nossa presença, sendo relutante em nos deixar entrar. Eu não podia aceitar aquilo, e nessa hora sussurro em seu ouvido: "não temos para onde ir, você vai mesmo deixar os seus sobrinhos ao relento? Sei que Alex e eu já temos nossos vinte anos, mas a pequena Ana é um frágil bebê ainda". Nesse momento, a senhora a minha frente muda sua atitude e nos convida a entrar em sua casa.

Quando entramos, damos de cara com Margô que estava com suas roupas toda molhada. Ela também não parece gostar de nos ver em sua sala, e nem se quer disfarça. Mas, diferente de Marta, a mesma não nos impede de ficar. Então vamos até a cozinha, na qual as senhorinhas nos oferecem um lanche, e aproveito para contar a elas a nossa situação. Relembrar tudo o que vem acontecendo é doloroso, e começo a me tremer. Entretanto, essa minha fragilidade ajudou na minha credibilidade, pois as senhorinhas me ouviram com muita atenção. Após comermos me ofereço para ajuda-las nas tarefas domesticas, enquanto Alex cuidava da irmã.

Marta é mais receptiva que Margô, então me aproximo o máximo possível dela na tentativa de nos garantir uma estadia mais longa. Assim, peço para estender as roupas no varal para ela. Logo, percebo a presença do loiro encostado na porta, me observando. Devido isso, tomo um susto e deixo cair o cesto de roupas limpas no chão, fazendo com que Alex dê uma risada alta. E isso me deixa cheia de raiva, e falo para ele vir me ajudar a limpar aquela bagunça. Depois disso, terminamos juntos de arrumar a casa com loiro fazendo algumas brincadeiras sem graça – vendo-o assim, nem parece o antissocial de antes.

Após o jantar nos sentamos na sala, na qual Margô está aninhado a Ana e a Marta conta várias histórias divertidas sobre o loiro rebelde. A maioria eu já conhecia – inclusive a minha favorita é do dia que ele resolve ser o Mogli –, mas parece que ele não gostou muito e se dirigi para o seu quarto. Também resolvo ir me deitar, então vou pegar a pequenina que ainda está no colo da tia.

- Pode deixar que a levo, querida. Quero ficar um pouco mais com ela – diz ela com um tom de tristeza em sua voz.

Assim, vou para o meu quarto. Quando me deito e fecho os meus olhos minha mente se teletransporta para os momentos mais sombrios dos últimos dias. Mas antes que eu pudesse me forçar a acorda, alguém faz isso por mim. Sou acordada por Alex que pergunta desesperadamente pela irmã. Então, digo que a mesma está com a tia, porem antes que possa terminar de falar sou interrompida pela sirene da polícia. vamos até a janelas e vemos dois carros parados em frente à casa, e o loiro corre até o quarto de Margô. Antes de sair do quarto, eu pego a minha mochila que tem todos os documentos que pegamos da casa incendiada, e vou até o corredor. Então, Alex sussurra para que eu vá pelos fundos e tente entrar no quarto pela janela. Felizmente, a janela está destrancada e só precisaria forçar um pouco para abri-la, assim a pulo com muita facilidade. Dentro do quarto só havia Marta segurando Ana nos braços.

- Por favor! Não se aproxime! - grita ela.

- Calma, calma! Eu não vou machucar você, só quero a pequena – digo tentando aclama-la. Porém, escuto a polícia invadir a casa e me desespero – tia Marta, nós também somos vítimas...

O Que Os Olhos Não VeemOnde histórias criam vida. Descubra agora