XVI - E eu tenho motivos?

248 36 8
                                    

As notícias da guerra demoraram. Um mês se passou e nada de terminar. Todos os reinos da Quinta Aliança mobilizaram os seus exércitos para tentar salvar Echo. A última notícia que tive de Thomas e Maya era que eles estavam bem e fortes naquela guerra, o que me tranquilizou um pouco. Pelo menos os dois ainda estavam vivos.

Echo era um reino muito cobiçado por conta dos recursos naturais. Lá tinha árvores com madeiras muito resistentes, que ajudavam nas construções e em outras coisas. Por isso que sempre tentavam invadir. Antes do casamento, Thomas admitiu que tinha interesse em casar comigo por conta da aliança, mas eu nunca me senti incomodada com aquilo. Ele sempre me tratava bem e demonstrava ter carinho por mim.

Algumas semanas depois, um mensageiro da guerra chegou em Sthorm com uma notícia esperada.

— Echo está livre dos invasores — ele disse.

Suspirei aliviada.

— E cadê o exército? Maya? Thomas? — perguntei. A ansiedade fazia meu peito doer.

— Não sei sobre eles, mas o exército já está voltando, Alteza.

— Ok, muito obrigada. — Eu sorri animada.

Depois disso, foi só esperar a volta dos nossos guerreiros. Eu estava ansiosa para saber como havia terminado, se tivemos muitas baixas e o que Maya e Thomas fizeram. Passei o dia inteiro andando pelo palácio para tentar me distrair, mas nada resolveu. Fiquei com aquela sensação de aperto no peito o tempo todo, até que finalmente fui chamada para os portões do palácio porque a tropa estava perto.

Fui até o lugar indicado e os meus pais já estavam lá. De onde estávamos, já era possível ver os nossos guerreiros e o meu coração batia acelerado e forte. Pensei até que fosse desmaiar, mas só queria saber se estava tudo bem. Desde o meu casamento, eu nunca tinha passado tanto tempo sem o Thomas e não pensei que sentiria tanta falta dele. Não via a hora de finalmente abraçá-lo. Sobre a Maya, queria dizer tudo o que não consegui quando ela partiu para a guerra. Em meio a todos aqueles pensamentos, o tempo foi passando e finalmente o exército entrou pelo portão.

Os chefes vieram até nós e Maya estava com eles. Não vi Thomas e percebi os olhares baixos dos meus guerreiros. Meu corpo inteiro tremeu porque eu comecei a pensar que o pior tinha acontecido. Lorenzo, o chefe do exército, veio falar com os meus pais e comigo.

— Majestades, Alteza. — Ele nos cumprimentou com uma reverência. — Vencemos a guerra. Echo está a salvo.

— Cadê o Thomas? — perguntei.

Lorenzo suspirou e olhou para baixo. Um nó foi crescendo na minha garganta e eu só queria ouvir logo o que eles tinham para dizer, pois estava estampado na cara deles.

— O príncipe foi atacado… e não resistiu — ele explicou e o meu mundo caiu.

Primeiro, fiquei em choque. Não conseguia ter nenhuma reação e congelei na frente de todo mundo. Depois, vários pensamentos passaram na minha mente: "como vou contar para as crianças", "como vou viver sem o Thomas?", "como vou ser a rainha sem o rei?", "o que eu faço?". As lágrimas ainda não tinha caído dos meus olhos e eu consegui dizer:

— Eu quero ver ele.

Outros guerreiros trouxeram o corpo do meu marido. Eles tiraram a manta que cobria Thomas e, quando olhei para ele, não consegui mais conter o choro e libertei todas as lágrimas que queriam sair. Eu me senti tão culpada por nunca ter dito que o amava, por não ter lutado mais para que ele ficasse. "Nada na minha vida dá certo?", pensei. Uma revolta foi crescendo dentro de mim porque parecia que eu nunca tinha um momento de paz. Acabei descontando em Maya, pois ela só tinha ido para proteger o meu marido.

Meu Lugar - A Coroa & A Espada IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora