VI - Por que não fica?

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No dia seguinte, Asther me levou até a floresta para começar o meu treinamento. Não me sentia poderosa ou algo do tipo, mas ela prometeu que me faria sentir o poder.

— Preparada? — ela perguntou.

— Acho que sim. 

— Ok. — Ela deu uma leve risada. — Nós somos bruxas e manipulamos a energia. Você precisa acreditar que consegue fazer isso e se concentrar. Com o tempo, vai fazer isso com naturalidade, mas agora, preciso que foque nas minhas palavras. 

— Ok, capitã — falei com a voz mais grossa que o normal e Asther riu.

— Já vi que vai ser difícil domar você — ela disse e arqueou uma sobrancelha.

— Tente domar Maya, a Invencível, e falhará. — Dei um sorriso provocador.

— Hum, então gosta de ter o controle sempre? — Ela devolveu o sorriso no mesmo tom provocante.

— Quase sempre — respondi.

Asther piscou e os seus olhos ficaram azuis. Eu não fazia a menor ideia do que aquela cor queria dizer, mas também não perguntei. Ainda não era o momento e uma parte de mim queria saber decifrar cada variação sem que ela me contasse.

— Vai me deixar saber quando é o quase? — ela perguntou olhando nos meus olhos e ficou a um passo de mim.

Sorri e abaixei a cabeça. Minha vontade era chegar cada vez mais perto dela.

— Claro — respondi.

Ela mordeu o lábio inferior e sorriu.

— Podemos continuar isso depois, mas agora é sério — ela disse com seriedade. —   Preciso que me escute e me obedeça.

— Ok, faço o que você quiser. — Levantei as mãos em sinal de rendição.

Asther riu e balançou a cabeça. Se ela soubesse como eu queria ouvir mais vezes aquela risada, ela ficaria brava comigo por não me concentrar no treino?

— Feche seus olhos — ela pediu e eu os fechei. — Quero que ouça os barulhos da floresta. — Ouvi os pássaros cantando a misteriosa canção. — Respire fundo, sinta os cheiros ao seu redor. — Respirei fundo e senti aroma das flores — Sinta o vento, os movimentos das folhas. — Levantei um pouco a cabeça e uma rajada de vento passou por mim. — Consegue sentir?

Coloquei toda a minha atenção naqueles três sentidos: tato, olfato e audição. Mesmo com os olhos fechados, eu tinha certeza de cada movimentação que estava acontecendo na floresta. Os pássaros passeavam nas árvores, Asther andava ao meu redor, as árvores estavam carregadas de frutas e o vento se encarregava de fazer as folhas do chão dançarem. Eu conseguia até sentir o calor da Asther e dos animais que estavam por ali. Tudo parecia fluir como uma correnteza dentro de mim.

— Pode abrir os olhos, Maya — Asther sussurrou.

Lentamente, abri os olhos e pisquei algumas vezes. Aquela sensação de sentir todas as movimentações foi sumindo, mas eu não conseguia parar de sorrir. Foi inexplicável e incrível sentir todas as energias ao meu redor. 

— Eu preciso fazer isso mais vezes — falei e Asther sorriu. — Eu... senti tudo. 

— Agora acredita nas energias do universo e que pode manipulá-las? — Ela arqueou uma sobrancelha e se aproximou lentamente de mim.

— Sim. — Sorri e olhei em seus olhos, que voltaram a cor cinza.

— Então se prepare, minha aprendiz. Tenho muito o que ensinar.

Meu Lugar - A Coroa & A Espada IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora