Entre um Homem e uma Mulher

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Hector Hardwood fechou os punhos aumentando seu aperto sobre a tocha e a besta em suas mãos enquanto seguia o resto do grupo para dentro da floresta. Ele não podia acreditar que estava em uma caçada, não para cortar madeira, não para caçar o jantar, nem para matar o monstro que assombra a vila desde antes de seu bisavô, mas sim para capturar Scarlet Cirscurium. A Chapeuzinho Vermelho.

Sua Chapeuzinho Vermelho.

Ele a xingou sob a respiração tentando ocultar seus sentimentos em relação a Scarlet como sempre fez. Hector era o filho mais velho de Lucius Hardwood e, desde pequeno, Hector sempre teve muito mais responsabilidades do que uma criança deve ter e com muito pouca amabilidade em troca. Constantemente era possível encontrar o menino Hector brincando com a garota Cirscurium quando crianças, e isso não era algo que Lucius iria permitir. Não. Hector foi severamente castigado inúmeras vezes até o garoto finalmente demonstrar apenas amizade de pena para com a garota que sempre amou.

Novamente Hector xingou sentindo nojo de Scarlet. Como ela pôde se deitar com o demônio assassino?! Ela traiu a todos e condenou sua família. E o pior, ela o traiu. Ele, que tinha tantos planos para os dois, que sofreu inúmeras surras por sua amizade, que teve que fingir gostar de Brigith Leatheel!

Perdido em seus pensamentos, Hector pisou em falso, quase fazendo sua besta disparar. Randall Hardwood olhou para seu sobrinho com desaprovação antes de puxá-lo pelo braço com mais força que o necessário para endireita-lo.

- Tome cuidado onde pisa, garoto. Você pode acabar matando alguém.

- Eu estou bem, tio. – respondeu Hector em tom ácido. – Não preciso que se preocupe comigo.

- Não é com você que estou preocupado. – falou lançando mais um olhar de aviso ao sobrinho antes de se juntar aos caçadores mais velhos para traçar planos para a captura da Cirscurium.

Hector teve que conter a raiva que se espalhava pelo seu corpo fazendo com que o desejo de socar seu tio até seu desfalecimento se tornasse muito forte. Certamente que seu tio não se preocupava com ele, preocupava-se com o que faria se tivesse que contar a mãe de Hector, esposa de Lucius, amante de Randall, que Hector morrera sob os cuidados dele. Hector o odiava. Odiava também a sua mãe, mas não denunciava o caso de ambos, na esperança que futuramente eles o ajudassem, sob coesão se necessário, nos planos de Hector.

Planos esse que foram completamente destruídos pelos atos impensados de Scarlet.

Mas não ficaria assim. Ele não deixaria que as coisas terminassem assim. Ele esteve planejando durante anos e não iria ficar de mãos abanando. De olho em seu tio, Hector discretamente se moveu para o final do grupo, então, quando ninguém mais estava olhando ele se virou e saiu de lá, dirigindo-se para o outro lado da floresta. O lado onde ele sabia que ficava a casa da bruxa.

- Idiotas, todos eles! Burros, ignorantes! – Millrose bradou andando de um lado a outro dentro da cela onde ela e Feather foram trancadas. – Espero que seus cabelos caíam e seus dentes apodreçam! Não, isso seria muito pouco. Espero que peguem a peste e seus corpos se corroam com o veneno da doença até que não consigam mais comer, ou beber ou se aliviar, que suas tripas apodreçam em seus interiores comidos por vermes maiores que toda a plantação leste! Estão me ouvindo seus cabeças de sapo?! Morram de seu próprio veneno suas víboras!

- Mamãe, a senhora não está ajudando. – chamou Feather, cansada. Ela se encontrava sentada não chão com a cabeça encostada na parede, pensando em sua filha e em como toda a situação que sua família se encontrara era sua culpa.

Se ela não tivesse saído para se encontrar com aquele ser repulsivo que a violou. Se não tivesse chorado tanto por ter sido abandonada por todos os amigos que amava e tivesse impedido sua mãe de prejudicar o cretino. Se não tivesse mandado sua filha para a floresta...

Até que o Sol caía do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora