O Lobo Mau

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O dia da família Cirscurium começou como tantos outros. Bem cedo de manhã, Feather acordou, trocou de roupa e foi acordar sua filha, que logo que vestiu seu vestido e sua capa vermelha saiu para o quintal dar comida às galinhas e regar as plantas do jardim. Enquanto isso, Feather fez o café da manhã composto por uma maçã, uma fatia de pão para Scarlet e ela e uma tigela de mingau com mel para cada uma.

Assim que acabaram de comer, Feather foi até a feira comprar mais alguns legumes, mel, sabonete e novelos de lã para que pudesse enviar a Millrose. Também enviaria morangos e maçãs, o inverno estava chegando e estava na época de começar a fazer compotas com frutas em calda e a secar as cascas das frutas.

A praça de Blackrwby era um dos poucos lugares da vila com calçamento, o chão era feito de pedra batida, e lá também era o local mais movimentado. A praça era circular, as construções ali eram as lojas de roupas e calçados, a ferraria, o açougue, a padaria, o prédio da prefeitura, a delegacia e o bar de nome Gruta. No centro da praça havia a fonte de Fehrow Gossiphat, fundador de Blackrwby, com sua estátua em cima de um monte, demônios tentando sair de debaixo da terra e vir a superfície, e Fehrow erguendo sua espada aos céus como se não fosse deixar que isso acontecesse. Coisa que a família Cirscurium sempre achara graça já que, corriam rumores, que Fehrow Gossiphat fora o maior covarde de toda a Blackrwby e é somente considerado "herói" por seu financiamento na construção da cidade. Obviamente, elas deixavam essa pequena observação entre elas.

Havia também, na praça, estandes de venda de peixes, cosméticos, frutas, legumes e flores. O negócio de flores surgiu recentemente com Gilliam Flatwers, ela possui o maior e mais bonito jardim de flores da cidade e, com tantas mortes acontecendo por conta do Monstro, o cemitério da Igreja tem recebido cada vez mais visitas, assim, as flores têm feito relativo sucesso no comercio local. Havia também o estábulo público ao lado da ferraria e do outro lado da praça se encontrava o Poço das Moças, onde as mulheres se juntavam para lavar as roupas.

Feather, com sua cesta, circulava entre as barracas e lojas comprando tudo o que precisava e pechinchando o preço com os vendedores, parando de vez em quando para conversar com alguma mulher, ou jovem, que precisasse de sua ajuda. Uma para as dores que sofria antes de seu incomodo* mensal, outra para evitar gravidez, outra já queria um para deixa-la mais fértil. Feather também se encontrou com Jeremiah Yoke, chefe da família Yoke, um homem em seus sessenta anos, gordo e com uma tremenda dor que o impedia de comer.

- Dor nos dentes?

- Dos dentes que me restam, nenhum me faz sofrer. O problema é meu queixo. – queixou-se.

- Será que posso ver?

- Sim, claro.

Feather guiou Jeremiah até a fonte para que pudesse sentar. Com dedos suaves ela começou a apalpar o queixo e o pescoço de Jeremiah para descobrir o problema. Não demorou muito para isso, um cálculo minúsculo havia se formado nas glândulas salivares e só precisava de saliva para ser expulso, ela deu a ele um limão para chupar enquanto massageava o cálculo para fora.

No entanto, em sua posição cuidando do homem idoso, sua figura ficou encoberta pela imensa fisionomia de Jeremiah. Por isso, quando o sino da Igreja bateu as cinco badaladas avisando que ocorrera mais uma morte na Floresta Sombria devido ao Monstro de Blackrwby, duas das mulheres mais influentes de toda a cidade não a viram enquanto conversavam entre si.

- Quem será que foi dessa vez? – perguntou aquela que usava um vestido verde que custava mais que todas as roupas de Feather juntas.

- Eu ouvi de Karen, que o marido de sua prima terceira, aquele menino Ghastlybear que ganhou os Jogos Uods, que encontraram o garoto mais velho dos Casketin na beira do lago essa manhã. – disse a outra. – Seu pescoço e peito estavam mutilados e o coração faltando. Os caçadores estão agitados, foi a quarta morte esse mês.

Até que o Sol caía do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora