Que Salvam a Alma

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O xerife Ruff Ghastlybear olhou para Feather esperando uma resposta, seu olhar tão fixo nela que mal reparou Millrose deixar o aposento para lhes dar privacidade. Ele viu o desconforto nela, viu seu nervosismo e constrangimento, também viu seu medo. Tudo o que ele queria era poder fechar a distância entre eles e abraça-la livremente, queria que ela disse sim para ele para então poder arrastá-la até a igreja para casá-los de uma vez. Só assim ele sentia que poderia respirar melhor.

- Ruff. – Feather falou, surpresa. – Eu pensei que você estivesse na caçada.

- Eu fiquei na cidade para procurar as duas mulheres que escaparam da prisão ontem à noite. – falou, sua voz saindo tão rouca que surpreendeu a si mesmo. Ele limpou a garganta e aproximou um passo dela. – O que disse é verdade? Você acha que não é boa o suficiente para mim? Foi por isso que ainda não me respondeu?

- Deus, Ruff... – ela passou a mão por seus cabelos antes de voltar a falar. – Que tipo de vida você teria casando comigo? Você é um bom homem, honroso, e sei que me propôs para ajudar a mim e a minha família, mas o que isso lhe custará? As pessoas não confiarão mais em você, é capaz que perca o emprego! Não sei se posso ser tão egoísta e...

- Pois seja! – ele a cortou aproximando mais dois passos. Ela se preocupava com ele e isso aqueceu seu coração tanto quanto o fez sofrer. – Seja egoísta uma vez em sua vida Feather! Passou tanto tempo pensando nos outros que esqueceu de si mesma. Acaso não escutou o que eu disse? Eu a amo! Eu não lhe pedi em casamento por bondade, muito menos por honra. Eu te pedi por egoísmo, porque há anos eu a quero para mim. Só para mim.

Feather negou com a cabeça sentindo os olhos arderem, por não derramar as lágrimas acumuladas.

- E o que fará quando perder seu posto como xerife por ter se casado com uma bruxa? Quando seus amigos e familiares se afastarem de você por estar com uma mulher arruinada como eu?

- Que vá tudo ao inferno! – ele explodiu, começando a se irritar. – Eu estou pouco me importando para o que os outros pensam! Tenho economias para nos sustentar por tempo suficiente para conseguir outro emprego, de preferência no condado. Tenho amigos influentes que podem me ajudar. E se minha família for estúpida o suficiente para se afastar apenas por eu estar contigo, dane-se! Essa é minha vida. O que eu estou preocupado, Feather, é contigo. – então Ruff fechou a distância entre eles, surpreendendo Feather ao rodear a cintura dela e puxá-la para junto dele. – Você vê agora o quanto eu a quero?

O corpo de Feather se arrepiou com o tom rouco da voz dele. Sua respiração falhou ao sentir toda a dureza do corpo do xerife pressionada a ela, certa dureza em particular a fez perceber que não era medo o sentimento que começava a desabrochar em seu corpo esquentando-a e fazendo-a corar ainda mais. Ruff achou adorável.

- Responda-me. – ele ordenou. Feather teve que engoli para poder falar.

- Eu... eu não sei o que você quer que eu diga.

- Quero que diga que me dará uma chance. Que vai me aceitar. – ele abaixou seu rosto ficando a centímetros do de Feather e sussurrou. – Diga que será minha. – o silêncio dela o fez praticamente entrar em pânico. – Diga, Feather.

- Eu... – ela parou para molhar os lábios secos. – Sim. Eu serei sua.

- Aceita ser minha esposa? – ele precisava ter certeza.

- Que Deus o ajude Ruff, pois aceito.

Ruff pensou que seu coração poderia sair pela garganta de tão rápido que correu, tamanha a felicidade que o percorreu, mas ele controlou-se, temendo assustar Feather. Suas palavras fizeram seu desejo por ela se agravar. No entanto, agora que ele tinha o consentimento dela, podia cuidar disso. Num movimento rápido, Ruff reivindicou os lábios da mulher que logo se tornaria sua esposa. Feather teve um breve momento atordoante onde ela percebeu que aquele era seu primeiro beijo, antes das chamas que Ruff acendia em seu corpo apagar qualquer tipo de pensamento racional que pudesse ter.

Até que o Sol caía do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora