Até que o Sol caía do céu

Sentimentos...

O dia amanhecera cinzento e frio, com a chuva de madrugada tendo parado apenas alguns minutos antes. E, pela primeira vez na vida, Scarlet acordara aquecida e sentindo-se protegida com seu corpo completamente envolvido por Mahkay. Este já se encontrava acordado há algum tempo e passara esse tempo desfrutando da presença, e existência, de sua companheira. Ela soltou pequenos risos leves e sonolentos enquanto ele respirava em seu pescoço fazendo a pele dela arrepiar-se. O lobo gostara bastante da forma de lamber de sua companheira, por isso ele virou o rosto dela para ele e beijou-lhe, ascendendo, assim, neles o fogo do desejo.

Eles fizeram amor novamente, intenso e profundo, mas ao mesmo tempo suave e carinhoso, um explorando o outro, tornando o corpo de seu companheiro tão familiar quanto o seu próprio. Cada um apreciando o outro da maneira que lhes convinha e completava.

Quando ambos estavam suados e satisfeitos deitados lado a lado, o estomago de Scarlet roncou de fome já que ela não comera em praticamente um dia inteiro. Mahkay se ofereceu para caçar uma corça para ela, mas ela pediu-lhe apenas algumas frutas e raízes onde poderia preparar rapidamente o desjejum. Enquanto o lobo saia para procurar o que Scarlet havia pedido, ela utilizou esse tempo para se familiarizar com sua nova casa.

Começou com o térreo, analisando a sala que era grande e possuía uma lareira, vendo que a casa também tinha uma biblioteca sem livros, um escritório vazio e um lavabo social. Foi para a cozinha e viu o fogão a lenha, uma mesa de madeira e algumas panelas lá; a dispensa estava vazia de comida, assim como os armários vazios de mais do que algumas travessas de madeira e barro. Ela abriu a porta da cozinha e analisou o terreno do quintal, era um bom espaço até o começo da floresta. Ali seria um bom lugar para plantar sua horta, pensou. Voltando para o andar de cima, ela descobriu três quartos, e mais um lavabo ligado ao quarto principal que ela dividia com Mahkay, e mais acima, um sótão, porém a maioria dos aposentos, fora aqueles que se passam de primeira vista, estavam vazios de mobiliário e decoração. Isso agradou a Scarlet já que assim ela poderia montar sua casa ao seu gosto.

Em seu quarto, o ultimo aposento que não inspecionou, ela descobriu outra porta além daquela que levava ao lavabo que, quando a abriu, apenas pode ofegar em surpresa.

Foi nesse exato instante em que Mahkay voltou. Ele estava nu e rodeou sua cintura com seus braços, abraçando-a por trás. Sua cabeça bateu exatamente no peito dele, obrigando-o a se inclinar para descansar o queixo em sua cabeça. Ela apreciou o calor corporal dele, da sensação macia dos pelos de seu peito fazendo leves caricias em suas costas.

- O que foi? – ele perguntou curioso do porquê sua companheira estar parada no meio do quarto com uma expressão tão engraçada em seu rosto.

- Como? – ela sussurrou de volta, chocada.

- Como o quê?

- Como conseguiu tudo isso? Como construiu essa enorme casa? Os móveis e essas roupas?! Elas são lindas, feita do tecido mais fino e do meu tamanho exato ainda mais! – ela virou-se em seus braços para olhar para os olhos amarelos que agora a cativavam mais que qualquer coisa. – Como fez tudo isso?

- Incomoda você?

- Não, absolutamente. Eu apenas estou curiosa e surpreendida. Quero saber mais sobre você. Sinto que você sabe tudo sobre mim, mas eu não o conheço.

- Entendo.

- Vai me dizer? – ela sorriu singelamente para persuadi-lo.

- O que você quer saber?

- Quero saber de você.

Mahkay ficou quieto por alguns instantes pensando realmente sobre isso antes de falar. – Eu sou único. – explicou.