Capítulo 8

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― Nossa, Hinata, você tinha razão. Eu deveria ter tirado essa capa quando me disse. He he...

Sorrio, pois acabei sujando minha roupa quando um grupo de crianças com as mãos cheias de doces passou correndo na saída do Ichiraku. Já não bastava o constrangimento que a Ayame me fez passar nos encarando e dando risadinhas quando nos viu entrar? Agora isso! 

―  Hinata, podemos passar na minha casa para deixar essa capa? 

― Hai, Naruto-kun.

Juro que até o momento em que atravessamos as ruas movimentadas e adentramos essas ruas praticamente desérticas, não me havia passado nada relativamente indiscreto pela minha cabeça. Estávamos conversando bastante até então. Por que isso mudou logo agora que estamos andando nessas ruas praticamente sozinhos? Droga, não planejei isso. Sinto meu rosto queimar, mesmo estando um dia frio. Preciso dizer algo. O que falo?

―  Annn...eu não lhe falei antes, mas, você tá muito bonita hoje.

O queeeeeeê? Era para dizer algo que não deixasse o clima mais estranho, seu baka! Deveria ter dito isso antes e não agora! Sou o meu pior inimigo mesmo!

―  A-Arigatô! ...

―  Esse bairro é assim mesmo, pouco movimentado, sabe? - Falo enquanto coço a parte detrás da minha cabeça, sem ter muito assunto para falar.

Ela me olha interrogativa. Acho que eu não estou falando coisa com coisa. Acho melhor calar minha boca de vez. Devo estar mais corado do que gostaria. Pronto! Agora tem essa maldita escada! O que eu devo fazer? Deixá-la esperando aqui e subir correndo até meu apartamento, ou convidá-la para entrar? Rápido, tenho que pensar em algo logo, pois já estamos há tempo demais no pé dessa escadaria!

―  Vo-Você quer entrar? Tá frio aqui fora. Ainda mais pra você...vestida assim...

― Annn??? 

―  Di-Digo...não tem nada errado com a sua roupa! Não fo-foi isso que quis dizer, Hinata, me desculpe! É só que...você sabe...tá frio. Só isso. 

Para de gesticular tanto! Por que eu não consigo me manter calmo? Meus braços se movem com vida própria. Agora ela também ficou corada. Deve estar me achando um pervertido como o ero-sennin! 

―  Tudo bem. 

Ann? O quê? A Hinata concordou assim tão tranquilamente? Ela sorri para mim e começa a subir lentamente pelos degraus escuros em direção ao meu pequeno apartamento. Agora quem se sente um pervertido sou eu. Preciso mover minha cabeça para afastar os pensamentos que estão começando a tomar forma.

Subo também. Mas afinal de contas, o que há de tão errado em desejar alguém desta forma? Embora eu me sinta atraído por o corpo cheio de curvas de Hinata, eu nunca faria algo indecente com ela. A não ser que ela queira, claro. Putz. Ainda bem que ninguém pode ler meus pensamentos.

Abro a porta e a convido para entrar. Não com a boca e nem com palavras, porque pelo visto todo meu sangue fluiu para outra parte do meu corpo e não restou nenhuma gota para o cérebro! A única coisa que posso fazer é sorrir para ela, fingindo normalidade. 

Fecho a porta, engulo em seco e começo a retirar minhas sandálias para entrar em casa. Nunca havia ficado com ela à sós em um cômodo, pelo menos não na vida real. O cheiro dela começa a invadir o ambiente e meus sentidos são aguçados. Me demoro olhando para o farto busto proeminente e desejo que ela não tenha percebido. Guardo as sandálias num canto e passo por ela, tentando controlar o desejo de tocá-la. 

― Tá mais gostosa aqui dentro.

― An?

―  Digo...a temperatura! A temperatura aqui dentro é...é..é mais gostosa...tebayo! - Emendo rapidamente. "Claro que...você também", óbvio que penso ! Não tem como não pensar. 

―  Está sim. Mais quentinho. - Falou, enquanto olhava para as fotos penduradas na parede. 

―  Você...aceita alguma coisa? Chá? Refrigerante? Rámen? Tenho de todos os tipos. 

 ― Não, obrigada! Já estou satisfeita. Acho que comemos todos os tipos de comidas que tinha no festival! - Disse, virando o rosto para mim e abrindo o sorriso mais doce que já tinha presenciado.

―  Venha, vou te legar para um local que gosto muito. 

Tomei a mão dela sem perceber e a conduzi até a pequena varanda no meu andar, de onde dá para se ter uma visão privilegiada do monumento dos Hokages e de boa parte da Vila. Só agora notei que segurava a sua mão. Olho pra ela e vejo que ela também notou. Soltamos rapidamente e ficamos ali em pé, fingindo que não sabemos o que o outro está pensando. 

Hinata toca a mão que estava na minha com sua outra mão e a acolhe no peito. O vento sopra continuamente naquela área então peço que espere um pouco enquanto retorno para dentro de casa. Vou ao meu armário e pego um cobertor macio para colocar sobre ela. 

Quando volto, a vejo sentada, com as duas mãos para trás, e olhando em direção ao céu. Mas seus olhos estavam na realidade fechados. Não resisto àquela visão e fico paralisado. A blusa esvoaçante se balança como ondas. A barriga lisinha, que fica ainda mais fina por estar entre o busto farto e os quadris arredondados, se destaca naquela roupa preta que ela usa. E, meu Deus, que coxas Hinata possui! Percorro novamente todo seu corpo com meus olhos e acabo permanecendo na boca dela. 

Tem algo na boca de Hinata que me faz perder o juízo. Só queria provar ao menos uma vez o gosto daqueles lábios pequenos e rosados. Imagino o gosto que eles devem ter. Devem ser doces e macios, imagino. Ela me vê e se assusta. Se senta ereta e baixa a cabeça timidamente.

―  Desculpa. Fui pegar isso para você. - Falo fracamente enquanto ponho o lençol felpudo sobre ela.

―  Arigatô, Naruto-kun!

Sento ao seu lado e fico olhando para as casas abaixo. Olho de soslaio para ela e a pego olhando também. Foi um pouco constrangedor, mas foi realmente bom. Me lembrou do dia que ela me olhou no hospital. Quero isso de novo. De novo e de novo.

Nossos olhos se encontram mais algumas vezes, em meio ao silêncio e me sinto extasiado. Mas eu preciso de mais. Eu quero mais.

―  Hinata?

― Sim ?

― Se eu tivesse lhe chamado para sair há dois meses, quando me visitou, você teria aceitado?

―  Sim. - Falou baixinho, depois de uma longa pausa.

― Demorou para responder por que teve que pensar no assunto ou por que estava decidindo se seria sincera ou educada? - Questiono rindo, mas querendo saber de verdade.

― Eu teria saído com você dois meses atrás. - Retornou a responder sem vacilar.

― Ahhh...bom saber. - Pontuei antes de perceber que ela falaria mais.

―  Eu teria saído com você há quatro meses. Teria saído há seis meses. Há um ano. Teria saído até há muito mais tempo do que você sequer pode imaginar...Então, sim, Naruto-kun, eu teria topado sair com você há meros dois meses!

Minha cabeça explodiu. Eu não posso acreditar no que estou ouvindo. Eu ouvi sim, mas não sei se entendi direito. Quero interrogá-la. Quero fazer todas as perguntas que estão pairando na minha cabeça. Mas agora...nesse momento, a única coisa que meu corpo quer fazer, é beijar a sua boca.

Ainda olhando para ela, com boca entreaberta devido à surpresa que tive, me aproximo lentamente do rosto dela e toco o seu maxilar. Vejo Hinata fechar os olhos quando nossas respirações se juntam e me perco naquela visão. Fecho meus olhos também e estremeço quando nossos lábios se encontram. 

Finalmente estava com aqueles lábios contra os meus. E sim, são doces como eu imaginava. E são macios e carnudos. Sinto suas mãos por trás da minha nuca e seu corpo contra o meu se entregando para mim. O beijo dela é quente e ávido. Queria continuar mergulhado naquela sensação por horas, mas já começo a sentir ela se afastando lentamente de mim.

Ainda com seu rosto entre minhas mãos, olho da sua boca para os seus olhos, e deixo que nossos olhos falem um com o outro por si só.  

Continua...


Naruto x Hinata - Teus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora