forever.

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Era madrugada de domingo, o sol ainda não havia nascido. Eu estava num sono tão bom, mas que fora cruelmente interrompido por leves lambidinhas em meu dedo indicador direito, eu sempre dormi com os braços para fora da cama, na maioria das vezes meus dedos ficavam esparramados no chão gelado e eu achava uma ótima maneira de controlar minha temperatura corporal, já que dormir de coberta sempre foi algo que me deixava calmo e preguiçoso.
Quando minha visão se estabilizou depois de um tempo, pude observar Yeontan lambendo meus dedos com desespero, ele resmungava de maneira engraçada, provavelmente por ser muito novinho, ainda não sabia latir muito bem e latia de uma maneira extremamente fofa, parecia até que estava miando, e isso já me tirou um sorriso.

O grande relógio na parede marcava exatamente 05:15 da madrugada e aí percebi que, realmente, era comum Yeontan acordar naquelas horas para pedir um biscoito ou até mesmo um potinho de leite gelado, o que ele sempre gostou muito, já que desde que o trouxemos para casa, Jeongguk cismou que leite faria ele se lembrar da mãe e o daria mais forças para crescer e ficar saudável. E sinceramente, eu nem me importava, já que não gostava tanto assim de leite, e geralmente comprava apenas para que um tal moreno de fios lisos e jaquetas escuras tomasse quando fugia de casa e se escondia no meu refúgio.

– Está com fome? - sussurrei para a pequena bolinha de pelos grudada na palma de minha mão, que logo abriu os olhos e me encarou por um tempo. – Tudo bem, tudo bem. Vamos lá, então.

Me levantei da cama e caminhei preguiçosamente até o banheiro, lavei o rosto e enxaguei a boca com água apenas para tirar aquele bafinho matinal forte que costumava ter por gostar de tomar café com leite antes de dormir. O que não faz sentido, porquê como disse, eu não sou lá muito fã de leite, mas de alguma forma, quando misturava um café bem quente com um pouco de leite gelado, me acolhia de uma forma surreal e me deixava molinho e relaxado para dormir e ter uma ótima noite de sono.
Depois de encher um pote com leite morno e deixar alguns biscoitos caninos no chão da cozinha, fui novamente dominado pela preguiça e resolvi voltar para o quarto sem muita velocidade nas pernas. Não iria trabalhar naquele dia, então, se me fosse permitido, dormiria até tarde e sequer acordaria para almoçar ou fazer o lanche da tarde. Aquela semana havia sido deveras exaustiva e tudo que eu precisava era recompor meu estoque de sonos perdidos e noites angustiosas pensando nos trabalhos da faculdade e nas barras de chocolate que estavam em falta no mercadinho e eu havia esquecido de pedir uma nova remessa.

Quando voltei para o quarto, a claridade que emanava das cortinas finas anunciavam que o dia estava clareando, me permitindo notar que mais alguém havia acordado ali também.

Jeongguk estava sentado na cama, os fios emaranhadas e o corpo coberto por grossas camadas de cobertores brancos e felpudos, a cabeça apoiada entre as mãos como se estivesse distante. Rapidamente caminhei até ele e me sentei ao seu lado, o observando enquanto minhas mãos se acomodavam em seu ombro esquerdo.

– Você está bem? – perguntei em alto bom som, fazendo-o acordar de seus pensamentos e suspirar cansado.

– Eu tive um pesadelo, Hyung.

Uma coisa importante sobre o Jeongguk é que ele sempre teve pesadelos. Desde a primeira vez que o vi, ele sempre teve sonhos ruins. E se algum dia ele teve um sonho bonito com pôneis e um céu azul, ele sequer se lembrava disso. Por isso, era muito comum vê-lo perambulando pelo meu apartamento com os dedos agitados em busca de um copo da água ou um copo de leite gelado com achocolatado para acalmar os nervos e expulsar um pouco os pensamentos ruins que adornavam sua mente.

Nós tentamos de tudo para fazer esses sonhos pararem de aparecer, mas nada dava jeito naquilo, e na verdade, eles estavam cada vez mais frequentes, e segundo Jeongguk, eles eram extremamente realistas, marcavam em sua memória como uma tatuagem, e ele podia descrever perfeitamente mesmo que 1 semana depois.

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