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O por do sol batendo na imensa janela do meu quarto deixava tudo mais alaranjado, eu ajeitei meu casaco no espelho antes de ir apressar Lea, Luther como sempre estava impecável.

-Vou tirar uma foto - levantei a mão que segurava o celular, ficando entre os dois, eles sorriram alegremente para a foto dizendo "xiss".

Pequei minha bolsa e fui até o balcão, tirei a chave de lá e acenei com a mão para os dois virem até mim, então descemos até o carro.

O trajeto fora divertido, estavamos cantando os clássicos da disney o que fez tudo ser mais rápido, isso também aquece um pouco o ambiente.

Lea fez cupcackes enquanto Luther, fez esfihas, típico dele querer colocar cultura de outros países, ele gosta por que dá espaço para conversar, garoto esperto.

Não que seja algo que eu esperaria horas, mas eu não tinha outra coisa melhor pra fazer além de me misturar com os outros pais, não era algo divertido, eu sabia que era muito jovem pra ser mãe, e além disso, não era o fim do mundo, só esse porre de assunto sobre um surto de virose que atingiu o bairro da escola.

-Me corrija se eu estiver errada -Uma mulher baixinha se aproximou, com um copo de refresco na mão, ela usava um cardigã lilás e calças de academia -Você é (Nome), mãe do Luther, certo?

-E da Lea, prazer. -Dei um aperto de mãos -Me desculpa, o seu é..

-Emma, o prazer é todo meu -Eu apenas balancei a cabeça, não tinha muito o que dizer, então ela insistiu em puxar mais assunto -Tenho que dizer, Luther é um garoto... especial?.

-Perdão?

-Ah, eu não quero ofender -Ela aponta para a cabeça, meu filho usava camisa de botões cor petróleo por baixo da jaqueta, ele caminhava atrás de alguns garotos tentando fazer amizade enquanto a maioria pulava e corria -Ele é diferente...

-Diferente... Como? -Senti a mais baixa estremecer, ela provavelmente percebeu a falta de noção do que dizia, mas já era tarde.

-Ele tem um... -Ela pigarreou antes de terminar, ainda direcionando seu olhar para todas as crianças à sua frente. -Um certo intelecto mais elevado que o de uma criança da idade dele, não acha?

-Isso é algo ruim?

-De forma alguma, inclusive eu admiro isso, você e seu marido devem ter um método de criação muito sofisticado.

Só pode ser piada...

-Eu sou divorciada, você provavelmente sabe disso já que me mudei há pouco tempo por esse motivo -Não fiz a mínima questão de ser educada -E Luther não tem nada de errado, eu o criei com todo amor e carinho que ele merece, mas nasceu assim e eu o amo independente de como ele for ou quiser ser.

-É claro... E isso não tem nada a ver com a ausência do pai.

-E isso é da sua conta?

-Eu só queria ligar os pontos, alguns pais estavam curiosos pra saber o por quê de ser divorciada, você é jovem e bonita, mas já vi que deve ser por causa da sua grosseria.

-Sério? Pode ser isso mesmo, e eu achando que era por causa da vizinha ruiva... -Respondi, sem percebi que aumentava o tom de voz.

Quando me dei conta, um certo grupo de pais estavam me encarando de longe, Emma fechou a cara e logo se retirou sem dizer uma palavra, eu fiquei um tanto constrangida, mesmo com a certeza de que não estava errada.

Ainda assim, aquela noite estava sendo pior que o esperado...

Tudo ao meu redor transitava energia ruim, eu estava à ponto de ter um treco, minha respiração estava afobada e eu já não aguentava mais ficar naquele lugar, senti meu celular vibrando dentro do bolso do meu casaco, antes de alcança-lo me afastei daquela multidão agonizante, essa seria a melhor desculpa para ficar o mais longe dali possível.

ʜᴀᴘᴘʏ ᴛᴏɢᴇᴛʜᴇʀ - Sugawara KoushiOnde histórias criam vida. Descubra agora