Conto ficcional
A PARTIR DESSE CAPÍTULO O CONTO VOLTA A SER NARRADO POR MIGUEL
Após mainha ter me pego na cama com Samuel minha vida virou um inferno, tive muitas discussões com meus familiares e com Carlos, o filho da puta se achava no direito de opinar nas discussões de família e painho deixava o patrão falar como se tivesse direito e razão. Mas a gente não voltaria para o armário e nem nos deixaríamos abater. Os tempos eram outros, eles não poderiam fazer nada contra nós, o delegado que estava há um mês na nossa cidade adorava prender pessoas por crime de homofobia.
Fiquei tão agitado que solicitei um atendimento extra com minha psicóloga, Luciana, foi muito bom. Nessa consulta ela me indicou a escrita terapêutica e foi o que me trouxe até aqui, por isso estou compartilhando minha história com vocês, pois existem detalhes que não podem ser falados em sociedade, mas ao escrever se tornam mais fáceis.
Também já tinha decido sair de casa e morar com André, não tinha mais motivos para viver sob o mesmo teto que pais preconceituosos, minha vingança já não valia mais apena. Ainda tentei pensar em mainha, ela teria mais dificuldades financeiras comigo e André fora de casa, mas eu preferia ajudar de longe do que conviver com as crenças dela e a homofobia de painho.
A vida seguia até mainha me informar que Samuel estava no hospital. Ela parecia nervosa, com remorso, mas não parei para ouvir o que ela tinha a me dizer, simplesmente sai correndo em direção ao hospital. Chegando lá encontrei André e Andrea esperando por informações de Samuel. Nos abraçamos e ficamos aguardando notícias. Mas em hospital público nunca tem funcionários suficientes para dar informações.
Após horas de espera um médico veio falar conosco. Ele nos informou que Samuel tinha sobrevivido ao atropelamento, mas tinha quebrado alguns ossos e precisou passar por procedimentos de emergência. Segundo o médico Samuel iria ter uma recuperação lenta e ainda não conseguia medir todos os danos.
Avisei aos meus amigos, Nando foi ao hospital também, Clarice não conseguiu ir, mas me deu folga por tempo indeterminado e ainda prometeu ajudar financeiramente no que Samuel precisasse para se recuperar mais rápido, Andrea tentou recusar a ajuda financeira, mas eu insisti que isso faria bem para Clarice também.
Não foi permitido que a gente ficasse aguardando no hospital, já que Samu tinha tomado sedativos fortes para evitar a dor e não iria acordar tão cedo. Andrea estava abalada, então a acompanhamos até em casa. Ao chegarmos na casa dela a porta estava arrombada e a casa revirada, por sorte não havia ninguém em casa e eles não guardavam nada de valor lá. Na mesma hora minha amiga já ligou para alguns contatos e exigiu que seus "amigos" descobrissem quem havia feito aquilo e se vingassem por ela. Eu não conhecia aquele lado de Andrea, mas ela me informou que para sobreviver na "selva" era preciso ter todo tipo de contato. Decidimos não ficar ali, por medo de retaliação. E pedimos abrigo a Clarice.
Quando Clarice ouviu essa parte da história ela juntou à todas as outras. Minha patroa estava convencida de que painho e Carlos tinham atropelado Samuel e revirado a casa dele como aviso. Eu não conseguia acreditar que Carlos iria tão longe em seu preconceito, muito menos painho. Andrea já pegou no celular e disse que isso não iria ficar assim, mas a convencemos que era melhor agir na forma da lei. Pois se Carlos morresse o peso da morte dele ficaria nas costas dela, mas se ele fosse preso por esses crimes iria ficar desmoralizado perante a sociedade, o que doeria muito mais nele.
No caminho para delegacia Andrea nos disse que sabia muitos podres de Carlos, mas nada que envergonhasse ele, eram pequenas contravenções, sonegação de impostos e coisas financeiras, ligação com quadrinhas, mas ela reuniria provas do que fosse possível para ele se ferrar financeiramente também, só não poderia acusar ele de tudo para não entregar o resto das quadrilhas. Antes de prestarmos queixa na delegacia os policiais já pareciam saber sobre o arrombamento. Cidade pequena a notícia corre rápido e sempre tem alguém vigiando. Daniel, novo delegado, nos informou que receberam uma denuncia sobre o arrombamento.
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Irmão também serve pra isso
Short StoryMiguel tem 18 anos e está descobrindo os prazeres da vida e do sexo. André tem 20 anos e é seu irmão mais velho e professor nessas novas descobertas. Mas nem tudo é o tão simples como parece, André esconde muitos segredos de seu irmão, inclusive sob...