Conto ficcional
- Eu não quero ouvir vocês, eu tô com ódio de vocês! (Falei quase gritando.).
- Você não quer saber toda a verdade? (Samuel perguntou. Eu até queria, mas não naquele momento.).
- Vocês vão inventar mais mentiras ou vão esconder outras coisas de mim? Não confio em vocês. Por favor me deixem em paz.
- Mi me perdoa, eu nunca quis te machucar. Todos nós só respeitamos a vontade de teu cérebro de não te contar tudo. (André falava já querendo chorar.).
- Olha Miguel, você está sendo muito injusto com seu irmão. Ele te ama demais. O erro dele foi me ouvir. Eu que orientava o que André precisava fazer. Se tiver que brigar com alguém brigue comigo. Mas de qualquer forma você não está sendo justo com quem te ama e fez tudo por você. (Samuel falava exaltado defendendo André e realmente eu estava sendo um babaca com meu irmão, mas a raiva e o sentimento de ter sido feito de trouxa me dominavam naqueles dias.).
- Não quero saber de nada. É ainda pior que ele tenha ouvido você e não tenha pensado em nenhum momento em me perguntar as coisas.
- Você já tinha perdoado seu irmão por não ter te perguntado as coisas. (Samuel continuava em seu papel de advogado, enquanto André estava calado e triste.).
- Isso foi quando eu não sabia que ele fazia isso por anos. Por favor me deixem em paz, não quero conversa. Me respeitem uma vez na vida de vocês.
Eles saíram do quarto e eu aproveitei pra sair também. Eu já estou cheio dos pedidos de perdão de André e o médico não me dava alta. Por isso decidi fugir do quarto que estava e rodar pelo hospital conhecendo as pessoas. Eu nunca fui sociável, mas precisava de um tempo sem focar na minha vida, também não queria que André fosse atrás de mim, então deixei uma mensagem dizendo que ia rodar pelo hospital e não era pra ele me procurar.
Durante esse passeio entrei em alguns quartos, conheci algumas pessoas, ouvi diversas histórias. Ali só tinha as pessoas mais ricas da cidade, os problemas deles eram bem diferentes. A maioria sentia uma dor e já corria pra descobrir a causa e realizar o tratamento adequado, um nível de cuidado com a saúde que eu nunca tinha visto de perto.
Nem todos queriam conversa, mas todos pareciam saber minha história e o motivo pelo qual eu estava ali, isso me incomodava muito e doía profundamente. Todo mundo passou anos escondendo de mim a minha própria vida. Era impressionante como em uma cidade pequena daquela e cheia de fofoqueiros o assunto estupro era totalmente proibido, tanto que a maioria nem queria falar sobre isso comigo.
Ali tinha de tudo, desde pessoas com pressão alta ou diabetes até pessoas leucemia em estado avançado. Algumas histórias chamaram minha atenção. Como a de um jovem da minha idade que tinha sido espancado por pensarem que ele era gay, ele até era, mas ninguém sabia disso, só julgavam pelo jeito alegre de ser dele. Passei algumas horas conversando com ele. Até pedi pra enfermeira levar meu almoço lá.
Ficamos amigos. Seu nome era Fernando. Mas quando a família de Nando chegou tive que ir embora, eles também achavam que eu era gay e não gostaram de minha amizade com o filho deles.
André me enchia de mensagens, eu olhava e me limitava a responder que estava bem e no hospital ainda. Também disse pra ninguém ir me visitar naquele dia.
Ao sair do quarto de Nando entrei em outro quarto, quem estava internado lá era Seu Roberto, meu patrão. Ele estava sozinho e me convidou para sentar lá.
- Miguel, me faz um pouco de companhia por favor.
- Claro. Vai ser bom pra mim também.- Te conheço faz tempo, então vou te perguntar sem rodeios: o que fez você tomar meus remédios? Tinha coisa ali que poderia ter ferrado com seu fígado pra sempre.
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Irmão também serve pra isso
Cerita PendekMiguel tem 18 anos e está descobrindo os prazeres da vida e do sexo. André tem 20 anos e é seu irmão mais velho e professor nessas novas descobertas. Mas nem tudo é o tão simples como parece, André esconde muitos segredos de seu irmão, inclusive sob...