Conto ficcional
Eu e André estávamos nus sobre a cama quando vimos nossos pais parados na porta do quarto. Painho ainda não tinha nos olhado e mainha estava com o olho vidrado em nós. De alguma forma senti que tinha chegado a hora da verdade, mas devido a toda nossa evolução dos últimos meses eu não tive medo da reação deles. André ainda me perguntou o que fazer, mas não tive tempo de responder imediatamente. Pois painho simplesmente falou:
- Se vistam e venham para sala, agora!
A voz dele foi autoritária, firme, mas não parecia com raiva, parecia mais decepcionado. Senti André tremer, ele não se mexeu e entendi que eu precisava acalmar meu amor.
- Amor, olha pra mim. Ele não pode fazer nada contra nós. Ele nem está morando mais aqui, pelo menos por enquanto. E a gente vai se mudar, vamos ter nossa própria vida. Eles só podem nos dar no máximo uma bronca, mas não somos mais crianças. A gente já trabalha, se sustenta...
- Mi, meu medo é ele te agredir. Não quero te ver no hospital novamente e não quero agredir meu pai, não sou esse tipo de pessoa.
- Ele não vai nos agredir. Ele me defendeu até de Carlos, ele me garantiu lá no bar que não queria mais guerra contra a gente. Se ele começar a berrar a gente sai e não volta mais.
- Eu não vou bater em vocês, apesar de minha vontade ser essa. Se vistam logo, quero apagar essa imagem da minha mente. (Seu Rui falou e voltou para sala, sinal que ele nos ouviu.).
Chegando na sala/cozinha, mainha estava sentada em uma cadeira da mesa, chorando baixinho, e painho estava de pé na frente do sofá apontando para o mesmo. Segurei na mão de André e o puxei para sentar no sofá.
- Seu Rui, a gente não está fazendo nada de errado... (Eu falei, mas fui interrompido por painho.).
- Primeiro, não é Seu Rui, eu sou pai de vocês! Exijo respeito! Eu criei vocês dois com tudo de melhor que eu nem podia dar, fiz de tudo pelos dois, vocês estudaram nas melhores escolas da cidade, sempre tiveram brinquedos, me matei para vocês terem saúde de qualidade, eu nunca fui em um dentista na vida, nem quando tinha dinheiro, mas vocês até para arrancar um dente era no profissional. Não fiz mais por não poder fazer mais, por não encontrar emprego que me pagasse mais...
- Painho, o que isso tudo tem haver com nossa sexualidade ou nosso relacionamento?
- Nosso relacionamento Miguel? Como é que você olha para seu pai e tem coragem de dizer que está em um relacionamento com seu irmão? Eu e sua mãe merecemos isso?
- Painho, aconteceu. A gente não esperava se apaixonar. (André finalmente abriu a boca.).
- Aconteceu porra nenhuma! Esse tipo de coisa não acontece. Esses sentimentos você mata, não deixa crescer. Aceitar que vocês transam com homens já foi uma facada no coração, que vocês transam um com o outro foi outro tiro, eu nem me recuperei do tiro e vocês me aparecem com paixão? E LARGUEM AS MÃOS! Eu não preciso ver isso. (Não largamos e nem largaríamos, aquilo era um confronto e não seríamos nós a recuar ).
- Painho, não tem mais o que fazer. Quando a gente viu já se gostava e agora não queremos mais nos separar, temos planos de vivermos juntos para o resto da vida.
- Olha Miguel, Deus que me perdoe, mas eu não vou tentar lutar contra vocês, se fosse André era mais fácil, mas você é muito rebelde, eu posso tentar o que for e não vai resolver. Se vocês querem essa vida o problema é de vocês. Os dois são meus filhos e nunca vão deixar de ser. Só peço que nos respeitem, pelo menos enquanto estiverem na nossa frente. Não é de hoje que a gente sabe que vocês não são apenas irmãos.
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Irmão também serve pra isso
Short StoryMiguel tem 18 anos e está descobrindo os prazeres da vida e do sexo. André tem 20 anos e é seu irmão mais velho e professor nessas novas descobertas. Mas nem tudo é o tão simples como parece, André esconde muitos segredos de seu irmão, inclusive sob...