Conturbado

292 29 96
                                    

     Boa tarde, amores. Peço perdão, eu fiquei de postar ontem mas fiquei com uma dor de cabeça muito forte. Minha mãe proibiu de mecher no celular depois que eu escrevi e esqueci de tirar o brilho do máximo, o que causou tudo isso.
     Enfim, cap na mesa, pois não? 😎🍒
     Lencinhos prontos? Boa leitura!

  □□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□

      Ela estava grávida;
Seu aluno havia morrido;
Sua antiga amiga também;
A mulher da sua vida tinha outro;
Seus filhos o culpava por tudo;
    Existia mesmo motivos para viver, Kakashi? Essa era uma pergunta que ele refletia por horas, mas não encontrava resposta sozinho. 
— Kakashi, é você? — Ao escutar aquela voz, ele procurou pela presença imediatamente, com os olhos embaçados. 
— Emi?! — Surpreso, sentiu ser abraçado pela mulher, que apareceu aos poucos na sua frente. 
— Oh, Kakashi. É você mesmo? — Emi tinha aquele sorriso no rosto, o mesmo radiante do primeiro dia em que a missão de protegê-lo começou. 
— Eu não entendo… Como você está aqui? Orochimaru, cadê ele? 
— Shiu, estamos no seu subconsciente. Ele não tem acesso aqui e eu tenho pouco tempo. — Pouco tempo? Como assim? 
— Emi, não entendo… Você morreu mesmo? — o homem perguntou, tombando a cabeça e vendo o filme de todas as lembranças com a mulher cair feito um fardo de culpa em suas costas. 
— Quando acordar, talvez descubra, Kakashi. 
— Mas — 
     Ele foi interrompido, como ela sempre costumava fazer quando Kakashi não se calava. Para ser mais precisa, o calou em um beijo que assustou o homem. Era salgado, tinha gosto de lágrimas, sofrimento e despedida. 
    A verdade era que ela chorava e Kakashi por sua vez, se julgava por não ser capaz de corresponder aos sentimentos da moça enquanto havia tempo. Vê-la chorar lhe partiu o coração e como em muitas outras despedidas, sabia que esse era o último momento. Correspondeu e pela primeira vez, foi verdadeiro. Não era um beijo com desejo, não. Mas havia amor, consideração e muito sofrimento. 
— Me desculpa, Emi, por tudo. Sou um idiota! — Dentro do seu próprio subconsciente, se agrediu verbalmente e implorou por perdão, mas a viu negar. 
— Não posso te perdoar se você não estiver vivo, Kakashi. — As lágrimas agora eram dele, verdadeiras, por sinal. 
— Sakura já não me pertence mais, me deixe ir com você. Por favor… — Kakashi implorou, mas enquanto as mãos femininas secavam as suas lágrimas um sorriso amargo se formou. 
— Você não pode, querido. Vocês se pertencem e não há nada que os separe. Nem eu, nem um bebê, nem Kiba… 
— Emi — Oh, ela amava interrompê-lo. 
— Você deve voltar, quer o meu perdão? Então viva e me honre, Kakashi. Seja Hokage, seja ANBU, seja ninja, seja marido, seja pai. Se carregar culpa por isso, saiba que eu nunca ficarei em paz. Volte para ela, Kakashi. 
     O homem se viu sem palavras quando foi abraçado. Mal teve tempo de corresponder, ela já sumia entre os seus braços e no fim, só lhe sobrou o vazio sombrio. 
      Precisava voltar, certo? Oh, Orochimaru não tinha acesso a esses pensamentos? Muito bom saber disso, agora que estava determinado. Kakashi teve tempo o suficiente para pensar em um plano, acabaria com Orochimaru de uma vez por todas, nem que fosse a última coisa que fizesse. 
      Os olhos bicolores arregalaram-se assim que Kakashi teve alguma consciência. Seu corpo ardia feito brasa e da sua boca saíram gritos de dores insuportáveis. Ao longe todos olhavam a sua figura com um medo extremo, o Hokage sentia isso. Os olhos verdes esmeraldinos da esposa brilhavam na escuridão, tão claros como a luz do Sol. Seu rosto ganhava lágrimas e nos seus pulmões faltava ar, típico de um desespero. As listras negras que marcavam sua testa era sinal de determinação, mas toda a sua força monstruosa era contida com certa dificuldade pela Senju e o Uzumaki. 
     Quando os gemidos de dor de Kakashi se contiveram e seus joelhos alcançaram o chão, Orochimaru ficou satisfeito. 
 — Eu esperei tanto por esse momento, Kakashi — Sem forças graças a marca da maldição e a ligação com o dono, Kakashi apenas seguia o outro com os olhos. 
     Sentiu seu corpo adormecer, assim que a mão fria tocou no seu ombro. Os olhos negros se reviraram e Kakashi se afogou assim que uma pequena serpente branca adentrou sua garganta, descendo pela parte interna do seu corpo. Não foi necessário a cobra ir mais adentro dos órgãos do Hatake, o veneno por si só queimava a alma do homem. 
     Kakashi sabia que ia morrer, conseguiu sentir isso assim que Orochimaru preparou seu corpo para deixar o do garoto. A verdadeira forma daquele que cobiçava poder era finalmente exposta, foi então que o Hatake perdeu as forças por completo e deixou seu rosto amassar as folhas secas do chão frio da floresta, sentindo o veneno espumar e sair pela boca sem controle algum. Na mais pura adrenalina, o corpo do homem resistia por natureza. Mas de nada adiantava, não havia forças próprias e nem alguém que pudesse parar o que estava acontecendo. 
     Ele ainda conseguia ouvir os gritos da esposa, cada vez mais longe. A verdade é que Sakura teve medo, mais medo de perdê-la agora do que nas outras vezes. Se Kakashi realmente morresse, como ela viveria sabendo que foi infantil ao ponto de deixá-lo pensar que não o amava? Amava Kakashi, amava seu homem. Por mais que tentasse não conseguia fugir daquele amor, suas almas já haviam se fundido. 
     Contudo, Sakura se viu desesperada assim que a cobra engoliu o corpo do Hatake, assustando todos os outros presentes. 
 — Sakura-chan, calma — A Haruno ouviu a voz do amigo ao pé do seu ouvido, quando ela parou de relutar.  
     Os olhos azuis se cruzaram com os da Senju de forma negativa, emitindo uma ideia que nenhum dos dois tinham prazer em realizar mas em nome de Konoha, era preciso. Todos observaram em seguida o corpo da cobra sumir aos poucos, parecendo ser filtrado para dentro de Kakashi. O que realmente acontecia é que a aceitação do Hatake Orochimaru já tinha, só lhe restava ter sua alma por completo dentro do hospedeiro. 
 — Hokage-sama, o que vamos fazer? — Aterrorizado, um da ANBU indagava Tsunade.  
 — Vocês têm cinco minutos para a retirada, quero só eu e Naruto aqui — Assim que a mulher deu o comando, viu o ninja afirmar e repassar suas palavras. 
     Sakura por outro lado tinha os olhos verdes arregalados e no mais puro desespero. 
 — Tsunade, o que vocês vão fazer?     — A mulher temia a resposta, mas não teve ela uma vez que Itachi e Obito chegaram atrasados. 
     Os Uchiha's tiveram a mesma reação que Sakura mas por outro lado, tentaram se conter. Apesar de doer e ser muita informação de uma vez só, sabiam que a Haruno naquele momento era uma prioridade. Uma prioridade de Kakashi, que agora também deveria ser deles. 
 — Naruto… — Itachi praguejou e vendo o Uzumaki de cabeça baixa, sabia o que vinha a seguir. 
 — Levem ela para casa — A antiga e o próximo Hokage concordaram na decisão, mas Sakura não. 
 — Não machuque ele. Naruto, ainda é o Kakashi! Ainda é o Kakashi! — A rosada implorava, mas nada podia ser feito a não ser evitar o pior. 
 — Querida, preciso que me escute agora. — A Senju tentava falar sentindo a agonia da ex-aluna e a dor da perda do amigo. — O que você vê ali é Orochimaru. Kakashi morreu assim que aceitou ser entregue. Quando o corpo e a alma forem um só, Orochimaru vai destruir tudo e todos que estiverem na sua frente. Não podemos deixar mais gente morrer, você precisa ser forte, okay? 
      Sakura não respondeu, apenas soluçava insistentemente. O terceiro volume que crescia em sua barriga era o motivo de tanta dor. 
 — É dele… 
 — O que? — Naruto se espantou tanto quando Obito, enquanto Itachi ainda pensava no irmão. 
 — Sakura, você tem certeza? — Tsunade tentava confirmar no meio do caos e a mais nova afirmou. 
 — No hospital, ele — A mulher não conseguia mais falar. As lembranças doíam no peito em contraste com o que via diante dos seus olhos. 
     "- Você me traiu. 
- Isso é o que você pensa. - Riu sem humor e ela o olhou incrédula.
- Como consegue agir assim?
- É simples, eu tenho a consciência limpa que eu não fiz nada. Você me conhece, não sei porque pergunta.
- Idiota. - Xingou baixo e foi para o banheiro lavar o rosto, se ficasse mais um minuto olhando para aquele homem era capaz de sair dos trilhos.
     Quando jogou a água fria no rosto se sentiu mais calma, porém o que ela não esperava era ter ele atrás de si.
- Fica longe, Kakashi. 
- Sakura. - Sussurrou o nome da mulher, beijou o ombro exposto e os dois podiam se ver no espelho.
     Seus corpos colados e as mãos dele em sua cintura traziam lembranças aos dois e não podiam negar que aquilo era doloroso." 
     " - Me solta, Kakashi. - Implorou num sussurro e ele cheirou o perfume que tanto amava.
- Dói, não é? Admito que muitas delas me atormentavam naquela dimensão."
     E ele tinha razão, como sempre teve. Doía, doía muito. Muito mais do que podia ser descrito, muito mais do que Sakura podia expressar. Ela esperava Kakashi de algum modo surpreender todos, mais uma vez em sua morte. Ele ia voltar, precisava voltar. 
— Sakura-chan, vocês precisam ir — Ela saiu de transe quando o Uzumaki tocou seu ombro, em gesto de apoio. 
— Eu não vou sair daqui — Uma vez decidido, Sakura se tornou mais uma atraso em acabar com as ameaças presentes. 
    O que realmente aconteceu é que ela percebeu a verdadeira causa de tudo aquilo, a mera confiança. O que é confiar? Para Kakashi parecia ser não saber de tudo, mas mesmo assim não se preocupar. É fechar os olhos e poder dormir, é beijar sabendo que mais tarde poderá respirar. Tarde demais? Não, não com ele. 
     Ela tirou forças pelo marido, se levantou e se aproximou do corpo sem alma com espírito morto. 
— Sakura, você não pode ficar aqui — Obito vinha logo atrás, tentando acalmar a mulher que se via com alguma esperança. 
     A mão feminina foi erguida e acariciou o rosto frio, gelado e ofuscado de Kakashi. Mas não durou muito, sua mão foi rejeitada em um movimento frio e calculista. 
— Kakashi — A essa altura do campeonato Obito já havia percebido que nada mais importava para a Haruno. 
     Entre lágrimas, abraçou o corpo já sem vida procurando algum calor. Procurava um calor humano, o calor que ela sempre encontrava quando estava em seus braços. Aquele que além de aquecer passava segurança, o mais puro amor. Entretanto, ela só encontrou mais frio. O corpo gelado, o rosto pálido e a pele descascada eram sinais da transformação. 
 — Sakura-chan, é melhor se afastar — A voz de Naruto foi ouvida ao fundo, mas foi tempo o suficiente da Haruno se afastar e os olhos atípicos de Orochimaru se abrirem.  
     O sorriso de satisfação curvou todo o rosto da cobra e em menos de segundos, atacou Sakura. Deveria prevenir, é melhor matá-la agora do que correr o risco de converter Kakashi antes mesmo de tudo estar completo. Ainda existia uma batalha interna e Orochimaru não era tolo ao ponto de contar os riscos que estava prestes a correr. 
     A espada afiada mais uma vez apareceu, desta vez, perfurando o útero da mulher. Os olhos verdes faziam contraste ao sorriso leve que curvava seu rosto, mas não deixava de ser uma cena melancólica aos olhos dos demais. Àquele cujo a alma é encarcerada e o corpo tomado, sobrou a expressão fria de um espírito sem remorso. 
" — Não! Não! — Os gritos de Kakashi ecoaram na escuridão, mas a risada de Orochimaru em diversão foi mais alta. 
     Em afronta, o sharingan brilhou no escuro. Kakashi tinha dor pelas frustrações, contudo, Haruno Sakura o fazia superar todas elas. 
     ' — Minato-sensei, você tem sonhos? — Sentado em uma das pedras do lugar, o chunnin contemplava a visão de Konoha em contraste com o céu estrelado. Era fascinante. 
— Sim, muitos. — O mais velho, por sua vez, respondeu-lhe. 
— Quais? — Curioso, Kakashi perguntou. 
— Um dia ainda quero casar com a Kushina; ter um, dois, três filhos… ou quantos ela nos permitir ter. Quero fazê-la feliz, ter orgulho de quem eu sou. Quero cuidar dela, seja lá o quão difícil for. 
— Por que todos seus sonhos são relacionados à tia Kushina? — Aquele com ideologia que a força vinha da solidão, indagou, perdido. 
— Ela é quem eu amo, Kakashi. Um dia vai se apaixonar — antes mesmo de terminar de falar, viu o menino fazer careta. — e quando esse dia chegar, vai perceber que será capaz de fazer qualquer coisa para protegê-la, nem que curte sua própria vida.' 
     É claro, como um garoto de coração endurecido pela sociedade, Kakashi, na época, pensava que eram apenas baboseiras do sensei. Mas era verdade, sempre foi. Sakura havia se tornado sua vida, o ar que necessitava respirar. Era a mulher que amava, a que zelava, que protegia. Fez isso durante anos, porém, de olhos vendados. 
      Como pôde amá-la tanto e nunca perceber? Como pôde gritar, brigar e discutir com a dona do seu coração, mãe dos seus filhos? Era um absurdo, uma vez que Kakashi percebeu a verdadeira intensidade daquela paixão. 
     Implorou por mais uma chance, teve força de vontade o suficiente para tomar controle do próprio corpo e sentir o sangue quente manchar sua roupa escura. Precisava de uma segunda chance, queria valorizá-la como sempre mereceu, mas… será que, mesmo que ela vivesse, teria a mesma consideração? O amaria como mais de dez anos atrás? 
     Kakashi não se importou, como sempre, deixava te temer as possibilidades para amá-la. Esqueceu as possíveis falhas e desejou ter verdadeiro sucesso. Contudo, falar sempre é mais fácil que fazer. 
 — Sakura… — Os brilho nos olhos verdes se ofuscaram aos poucos, como vidro em dias chuvosos. 
    O corpo da esposa foi sustentado por ele, mas não curado. Na tentativa de fazê-la cuidar do próprio ferimento, levou as mãos femininas até lá, porém, foram levantadas até alisar a pele pálida e a barba rala, manchado-a de sangue. 
 — Amor, fica comigo, por favor… — Implorando, Kakashi sussurrava.  
 — Você merece alguém que te dê valor, Kakashi. Eu fui tão idiota — E a lágrima caiu solitária no rosto da Hatake, que ainda tinha o sorriso largo. 
 — Sakura, para com isso. Eu te amo, nossos filhos te amam… Não vivo sem você — Por fim, ele admitiu a verdade. O desespero matava o orgulho, o amor superava as mentiras. 
     Kakashi tentou, contudo, antes que Sakura pudesse falar, sentiu seu corpo perder as forças e a mente, a consciência. Ao mesmo tempo, o Hatake deixou seus joelhos chegarem ao chão. Tinha a mulher que amava nos braços, mas quase sem vida e inconsciente. Logo a perderia pela eternidade e só as lembranças restariam. 

  □□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□□

     Eu ouvi muita gente falando que a Sakura tinha que pagar nos comentários, será que eu peguei pesado demais ou o preço dela realmente seria a morte? 🌩🍃
     Agora dependente de vocês, comentem se acham que ela vai morrer ou vão salvar ela.
     Até o próximo cap, hum? ;)

Seria mesmo o Sasuke??Onde histórias criam vida. Descubra agora