Perder dói

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 — Eu nunca vi isso na minha vida. — Espantada, a Yamanaka encarou a Senju. 
 — O que você viu, Ino? 
 — É como se… Como se ele fosse um jinchuuriki e Orochimaru uma besta de cauda. 
 — Mas isso é impossível! — Tão assustada quanto a outra, Tsunade exclamou. 
 — Não. — A voz de Hinata ecoou pela sala fechada, com o Byakugan ativo. — É realmente como o Naruto. O chakra é do Kakashi, mas quando o de Orochimaru vaza as coisas saem do controle. São dois ninjas fortes e habilidosos, não sei se um só corpo consegue ter tanto poder incubado.
 — Acredito que a Kurama tem bem mais chakra que o Orochimaru — O Uzumaki falou. 
 — É diferente. Eles não têm controle e acredito que é como quando a Kurama despertou, vocês não entravam em um acordo e consequentemente, você não conseguia controlar tanto poder. 
 — Hinata tem razão — Ino afirmou, olhando para a Senju. 
 — Se isso for mesmo verdade, Kakashi além de se tornar imprevisível, está completamente fora de controle. Não podemos acreditar nas suas palavras, muito menos dar brecha para ações. 
 — Tsunade, a primeira lição que ele deu para o Time 7 foi nunca baixar a guarda. Mas… sempre nos ensinou a cuidar uns dos outros. Depois de tudo que Orochimaru fez para o Kakashi-sensei, ele deve estar no mínimo desesperado. Kurama nunca me fez nada, é mais forte, mas os laços de tensão são pequenos perto do deles. 
 — Desculpe, Naruto, mas devemos prevenir. — A godaime rebateu, em contradição. — Eu quero segurança máxima nesse lugar, considerem missão nível S! 
 — Não vou permitir! Kakashi-sensei é o único que pode dizer o que realmente está acontecendo e é impossível ele fazer isso sem ter a chance de ser escutado! 
 — Querido, se acalme. — A Hyuuga, vendo o marido angustiado, pediu por paciência. 
 — Você pode ser habilidoso e ter o cargo de Hokage prometido, Naruto, mas eu ainda sou a responsável por essa vila. 
 — Não podem fazer isso! 
 — Segundo a lei do Conselho, é justamente o que deve ser feito. Se o antecessor do atual Hokage ainda é vivo, deve fazer presença para substituí -lo. 
 — Ele não precisa ser substituído, precisa ser ouvido! — O loiro gritou no lugar. Quem disse que daria ouvidos á um idiota? 
[...] 
      Os dias para Kakashi passaram a ser extremamente cansativos, uma vez que Tsunade obrigava o homem a fazer vários exames e testes. 
 — Por que eu estou trancado dentro dessa jaula feito um delinquente? — Indignado, ele procurava por respostas. 
 — Por um bem maior, Kakashi. 
 — Por um bem maior?! — exaltando-se, Kakashi indagou. 
 — Você quase destruiu a vila, ia matar inocentes. O que queria que eu fizesse? O Orochimaru está dentro de você e não posso confiar em uma palavra sua até que ele seja extraído! 
 " — Ela não deve fazer isso, Kakashi. Vamos morrer. 
 — Não tem como eu sair daqui, será que não percebeu? 
 — Sua força não é necessária agora, deixe-me falar com Tsunade. 
 — Não. 
 — Confia em mim, Kakashi. 
 — Confiar em você? Olha o que está me pedindo — Ele riu sem humor, vendo o outro suspirar. 
 — Eu não sou idiota, nisso você está certo. Se você não confiar em mim agora vai morrer, não poderá ver os filhos que ainda não matou e nem a Sakura. — Frio, foi capaz de jogar Kakashi contra a parede da realidade. 
'...os filhos que ainda não matou…' era pesado demais para o homem. Sentiu a angústia voltar a tomar sua alma e não segurou as lágrimas ao culpar-se mais uma vez pelo ocorrido."
       Do lado externo da mente de Kakashi, a Senju coletava sangue até confirmar que ele chorava silenciosamente. A dor molhava seu rosto e na boca tinha-se o gosto amargo da perda. 
 — Kakashi… — Frustrada, a mais velha deixou que seus dedos secassem as lágrimas insistentes. 
      Kakashi negou piedade, não precisava da dó dela. Queria naquele momento abraçar a esposa, dizer o quanto a amava e que ela pudesse mais uma vez recarregar as suas baterias, fazer com que ele voltasse a ter esperança. Só que não podia, claro que não. Não sairia dali tão cedo e se saísse, seria sem vida. Morto pela própria vila? Talvez não fosse tão ruim assim. 
      Em seu momento de fraqueza, Orochimaru tomou posse. Deixou o Hatake para ser servo da culpa e teve assim, o controle. Tsunade percebeu a mudança de comportamento assim que Kakashi encarou-a, com o semblante frio tão conhecido do ex-parceiro de equipe. Afastou-se, olhando no fundo dos olhos negros em temor. Orochimaru era fonte de poder e conhecimento ilimitado, havia se tornado outro nível de ser imprevisível.  
 — Tsunade, você precisa me escutar. 
 — Mas eu não vou — decidida, contradiz.
  — Se tentar me tirar do corpo dele vamos morrer, nós dois. Pode me querer morto, mas sei que ele não. 
 — Está blefando — incrédula, a loira não dava ouvidos. 
 — Não, não estou. Se tentar nos separar ele vai morrer— as últimas três palavras foram proferidas por ele lentamente, exaltando a seriedade daquele problema.  
 — Desde quando se preocupa com alguém, Orochimaru? — ela perguntou, desconfiada da verdade e o viu suspirar. 
 — Você não sabe o que é estar na mente dele, Tsunade. Se você realmente conseguisse me tirar daqui, acredite, eu te agradeceria. Ele tem um coração bom demais e sinto que isso esta me infectando, é nojento! — sentindo-se mudado, o homem temeu seu próprio comportamento. 
    A Senju riu sem humor, vendo que Kakashi até então se sobressaía naquela luta interna. Reforçou isso quando ele gemeu, voltando a si. Olhando agora para o próprio Hokage, ganhou o descontentamento do mesmo. 
 — Não, ele não te convenceu — negando a aceitar tal hesitação de Tsunade, Kakashi disse. 
 — Se for mesmo verdade, eu não posso fazer isso, Kakashi. 
 — Se você não fizer, eu faço— Ele falou, encorajado. A mulher temeu tanta certeza em suas palavras, sabia do que era capaz contra si mesmo. 
 — Por acaso não pensa na sua família? A Sakura, os seus filhos… 
 — Acha que eu não penso? Tsunade, você acha que eu não penso?! — fazendo seus olhos marejarem, o homem quase gritou na sala. — O que acha que eu vou fazer? Ser um covarde e correr o risco de matar todos eles em um deslize meu? Acha que eu vou querer me aproximar dos meus filhos sabendo que posso assassinar eles segundos depois? Não vou fazer isso! 
 — Kakashi… 
 — Eu ainda sou o Hokage, não sou? O meu dever é decidir o melhor para a segurança da vila e eu te garanto que a minha continuidade no posto não é a melhor opção. 
 — Por isso eu tomo as deduções agora, Kakashi— Tsunade falou, segura de suas palavras — Vou separar vocês, matar Orochimaru e te dar a certeza que poderá voltar para eles. 
 — Qual parte do "vamos morrer" você não entendeu?! — A voz sorrateira teve a atenção de ambos, uma vez que o sannin voltou ao controle.  
       Kakashi retornou com uma fisgada no peito, seguido do sangue que escorreu pelo canto da boca. Ergueu o próprio corpo em contração, preso pelas correntes firmes no teto. 
 — Pelo o que parece existe um limite de consciência, fazer essa troca com frequência exige muito esforço. — ela concluiu, limpando o sangue do rosto do homem. 
 — Tsunade, você não vai conseguir. Me deixa—  foi interrompido por uma senhora irritada. 
 — Está duvidando de mim? 
 — Já copiei tantos jutsus, ele estudou e criou tantos outros… — Desesperançoso, Kakashi não via saída.  
 — Pois então vou deixar um recado para os senhores sabe-tudo: a médica aqui sou eu. — a mulher bateu o pé, bufando.  
       Kakashi riu assim que se lembrou do jeito da esposa, aquela que herdou a insistência da mestre e não do sensei. Tossiu e gemeu em seguida, sentindo o corpo cansado. 
 — O que tem tanta graça? 
 — A Sakura, você fez ela ser igualzinha. O que o Jiraiya não pagou em vida com você, eu pago com ela. 
 — Você é muito é ingrato. Mulheres como nós não se encontra em qualquer esquina, garoto— com humor, Tsunade o fez rir. 
 — Devo concordar… 
      A Senju era incrível, tinha um coração gigantesco e uma bravura inimaginável; mas a sua Sakura era sensacional, dona do seu coração e causadora das suas maiores dores de cabeça. O silêncio pairou uma vez que Kakashi tinha a mente vaga, pensando apenas na esposa. 
 — Como ela está? — ele perguntou realmente preocupado. 
 — Estável. 
 — Já acordou? Ela já sabe que… 
 — Sim. 
       O homem abaixou a cabeça, mutilando a própria consciência mais uma vez. 
 — Kakashi, a culpa não foi sua. Se culpar por tudo só te deixa pior, não ajuda em nada. 
 — Ela deve me odiar. 
       Os olhos negros encararam a médica-ninja, em angústia. Deixou a escuridão tomar conta do seu coração novamente e as lágrimas molharem seu rosto, sem opção. Ardia no peito, gritava na alma. Imaginava em sua mente mais um fruto do amor dos dois, uma semente da esperança da reconciliação. Pensou nos cabelos ralos rosados, nos pequeninos olhos esverdeados, no nariz arrebitado como o seu e o sorriso encantador da mãe. Viu então a imagem de partir na sua imaginação, fazendo doer mais ainda a ilusão. O sofrimento passou a molhar sua camisa de forma grosseira e a mulher, claro, não quis assistir. 
        Baixou a guarda e soltou o homem transtornado, fazendo com que Kakashi sentasse na cama. Daria a ele um calmante e esperava que assim, ele dormisse sereno e a dor passasse —pelo menos por algumas horas —. 

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Boa noite, amores. O cap tá postado e hoje eu não vou falar (digitar) muito, pq fui apartar a briga dos meus cachorros e fiquei sem dedo KKKKKKK
Enfim, só copiei e colei o que eu já tinha escurecido durante a semana. Espero que tenham gostado, ótima semana pra vcs <3

Seria mesmo o Sasuke??Onde histórias criam vida. Descubra agora