Pane no sistema

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Oi oi, amores! Yas pede perdão por não ter postado domingo passado, peguei Covid e o negócio ficou feio KKKK mas já tô melhor <3

Boa leitura 🤧💖

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- Amor, não. Por favor, não. 
- Querido, você precisa usar. Está forçando a vista, não posso te entupir de remédio! 
- O escuro deixa o papai com medo, mamãe. 
       Em meio a relutância do casal na sala, a pequena rosada opinou com inocência. Kakashi sabia que não podia enxergar, mesmo que quisesse adivinhar o que fosse cada borrão que via na frente; mas por outro lado se sentia exposto às armadilhas de Orochimaru. 
 - Acontece que o papai não vai poder te olhar nos olhos tão cedo se não colocar a faixa, princesa. - Tsunade falava de forma meiga, ainda assim insistindo na mesma coisa que Sakura.
     A esposa que tinha o tecido branco em mãos suspirou, frustrada. Entendia o sofrimento do amado e ainda assim concordava com a visão médica da Senju. 
 - Pelo menos tenta, Kakashi. Não queremos que tenha dor de cabeça, apesar de também não querermos que tenha ataques. - a loira voltava a falar. 
     Não houve retorno da parte de Kakashi. Se sentia completamente limitado e isso o consumia. 
 - Vamos conversar mais tarde, tudo bem? - a esposa indagou a mestre, sorrindo amarelo. 
     Ele ficou ouvindo ambas conversando até saber que a quinta hokage se foi.
 - Não vou mudar de ideia. - disse, saindo da sala e sendo perseguido pela Haruno.
 - Amor, você precisa se ajudar. 
 - Como, Sakura? Deixando os nossos filhos ver isso? Ou talvez fosse melhor deixar ele tomar conta e matar todos vocês! 
      O homem já estava farto. Tinha muita pressão psicológica e nem ao menos conseguia deixar o receio com a família de lado para pensar em si mesmo.
 — Será que pode me escutar uma vez na vida? A médica aqui sou eu! — ela exclamou, fazendo com que desse brecha para mais uma briga do casal. 
 — Não é só porque você é formada nessa porcaria que pode me dizer o que devo ou não fazer, muito menos a Tsunade. Quem ouve esse desgraçado tentando me manipular vinte e quatro horas sou eu! — quase gritando, o homem abafava a discussão ao fechar a porta do quarto. 
 — Quer saber? Eu cansei. Vou te dar o relatório do que você chama de "porcaria": a sua chance de voltar a enxergar é de menos de 5% e se não colocar a venda, nunca mais vai poder ver o rosto dos nossos filhos. 
       A informação chocou Kakashi. O silêncio foi absoluto e segundos depois, ela se arrependeu do modo como disse. 
 — Vocês falaram que era dos jutsus oculares e que, como das últimas vezes, eu voltaria ao normal em menos de um mês… 
 — E são. Mas com Orochimaru dominando, você ficou fraco e isso afetou o globo ocular. 
 — Sakura… — desacreditado, ditava cada sílaba do nome da esposa em tom de surpresa. 
 — Eu menti pra você, eu sei. Mas foi necessário, estava muito afetado psicologicamente para receber isso. 
 — Eu corro o risco de ficar cego e você vem me dizer que é necessário esconder isso de mim? 
       Kakashi esperou por uma resposta, mas não houve uma. Sakura não tinha desculpas, o marido tinha total razão por esse lado. 
 — Que bom que eu não consigo te ver, não gostaria mesmo. 
       As palavras saíram frias como em mais uma discórdia dos dois. A verdade é que o homem ficou chateado e, como sempre, aquilo também doeu nela. Ambos sentiram o gosto amargo da decepção juntos e um para com o outro. 
 — Kakash — não conseguiu terminar de chamar pelo hokage, ele já sumia entre as paredes do quarto. 
        Naquele exato momento os dois temeram, apesar da gigantesca distância dimensional. Quando Kakashi entrou na dimensão dos mundos do Sharingan, não pôde fazer nada a não ser cair de joelhos e gemer de dor, ao saber que seus olhos sangravam com o esforço desnecessário. 
 " — O que você fez?! — espantado, gritou internamente com aquele que habitava seu íntimo. " 
     O diálogo foi interrompido quando, injuriado, Kakashi sentou no chão. Estava frio e aquele definitivamente não era o melhor lugar para estar aleatoriamente. Nevava, o homem nem sequer vestia uma blusa naquele momento. Apesar do ambiente, o Hatake só percebeu a temperatura depois de vomitar. Se assustou, afinal, além de estar no meio da neve, as mãos se mancharam de vermelho-sangue em meio o branco no qual andava. 
 " — Orochimaru! — gritou pelo sannin que pela primeira vez, também estava aterrorizado. 
 — Seu corpo simplesmente não suporta o dobro de energia, Kakashi. Estamos de forma literal entrando em pane.
 — E por que diabos você nos teletransportou para cá? 
 — O problema é esse: não fui eu, nem você."
      A transparência passou a ser necessária quando ambos corriam o mesmo risco de vida. O corpo quis levantar, porém perdeu as forças e quando pisou em falso, caiu de cima do abismo. Tiveram sorte quando não mais de meio metro de neve cobriu Kakashi por inteiro, em vez de uma avalanche capaz de matá-lo sufocado na neve. Apesar disto, o desastre só fez com que a temperatura corporal caísse. 
 " — Precisamos sair daqui— Orochimaru concluiu, depois de perceber o quão perdido o mais novo estava. 
 — Disso eu já sei, inteligente. 
 — Da dimensão do Sharingan, Kakashi. — sério, o sannin propunha uma decisão difícil de se tomar.
 — Não, eu não vou fazer de novo.
 — É o único jeito de voltar, sabe disso. 
 — E você também sabe que não posso forçar a visão, quem dera usar jutsus oculares! 
 — Será que ainda não percebeu que já usou? — suspirando, o outro se frustrava tanto quanto o prateado. 
 — Por que acha que eu vou te ouvir? 
 — Porque essa é a sua única opção — mais indagava a cobra do que afirmava — e se for idiota o bastante para ignorar a realidade, não dou nem 2 horas para ficar com hipotermia e morrermos aqui. 
       Kakashi calou-se, afinal, não tinha razão naquele momento. Foi obrigado a concordar com Orochimaru e, forçando ter um ponto fixo na neve, concentrou o chakra nos olhos a fim de sair dali. Sentia o sangue descendo quente pelo seu rosto, como lágrimas grossas de dor; mas fazia pensando na própria vida. Quais seriam as chances de enxergar depois daquilo? Ele não sabia e nem queria saber, contanto que pudesse sair daquele lugar vivo para desfrutar da companhia da família. 
 " — Eu não consigo. — fraquejou, deixando de focar o fluxo do chakra. 
 — Idiota. Me deixa fazer. — O pedido de Orochimaru fez os olhos negros do Hatake saltarem. 
 — Nem pensar! 
 — Não estamos em posição de discutir sobre isso, Kakashi. 
 — Eu acho que todo momento é hora para discutir sobre o meu corpo e a distância que você deve tomar da posse dele. 
 — Larga de ser teimoso! Depois que eu te tirar desse lugar, vai me agradecer. 
        Apesar da conversa ser na mente, o homem era capaz de sentir-se afastado do controle carnal de seu corpo a partir do momento que Orochimaru o tinha. O rosto antes limpo do sannin passou a estar manchado do mesmo sangue que vinha dos olhos de Kakashi e mesmo assim, também forçou a visão. 
         Com o Sharingan ativo, ambos eram capazes de ver as massas de ar distorcendo seu corpo num vórtice. Conseguiriam sair dali se não fosse a dor tão forte que os olhos sentiam. À medida que a carne se teletransportava, o Hatake gemia até Orochimaru desistir e com tamanho sofrimento, Kakashi desmaiar. 
          O silêncio fez o ninja reconhecer a situação. O vento trazia uma brisa forte e gelada, as mãos tremiam contra a vontade de Orochimaru e os pelos se arrepiavam involuntariamente. Precisava sobreviver e esse pensamento não se encaixava somente no gelo. Era parte de um plano maior, de uma ambição egoísta. 
         A primeira coisa que veio à mente ao ver o Hokage inconsciente foi prendê-lo. Almejava o controle daquele corpo por tanto tempo que teve o sorriso largo ao saber que o tinha em mãos agora; não era no melhor estado, mas tinha. A barriga chegava a formigar na euforia do sannin e apesar de contida, a felicidade do cínico era grande. 
          Enquanto Orochimaru aproveitava seu mais novo hospedeiro de forma digna segundo a sua opinião, Sakura entrava em desespero no quarto do casal, ainda em Konoha. 
 — Ele não pode ter ido assim do nada, ainda mais em estado de observação! 
 — Mas foi, Obito. E eu não sei o que fazer agora. — frustrada, a mulher se escorava na porta do quarto. 
 — Fica tranquila, eu vou achar ele. 
 — Só me diz como. Porque depois de vocês dois abrirem tantas dimensões e todas elas testarem perigosamente a vida das pessoas, a chance de encontrarmos ele bem não é alta. 
 — Larga a matemática e essa cabeça de médica de lado. É o Kakashi, esqueceu? Nem sempre sai inteiro, mesmo assim ele volta. 
 — Esse é o problema, ele não pode ficar pior. Já está quase sem visão… — ela suspirou em frustração.  
 — Hey, confia nele pelo menos uma vez. Vai ficar tudo bem, eu prometo. — no fim da fala, Obito deixava o típico sorriso largo que sempre lembrava de forma meiga a rosada de Naruto. — Agora deixa eu ir, antes que seja tarde demais.
 — Vou junto. 
 — Sakura… — O Uchiha claramente reprovava a decisão da mais nova. 
 — Não quero saber o que me espera. Se ele precisar de atendimento médico, você é a última pessoa que eu vou deixar fazer isso. — com humor, a Hatake ironizou e fez ele rir. 
 — Tudo bem. 
       Depois de segurar no ombro da mulher e ativar seu Sharingan ambos foram retirados da dimensão original. Sentiram a diferença de temperatura nos milésimos de segundo e com as lembranças das lutas com Kaguya, Sakura e Obito tinham o corpo superaquecido. O bloco instável de terra no qual pisavam fazia com que a guarda não baixasse e, deste modo, não encontrassem Kakashi à vista. 
 — Não vai ser fácil achar ele aqui— a médica comentou enquanto observava a lava quente da dimensão. 
 — Se tivéssemos que procurar por todas as dimensões metro por metro, realmente não. Mas temos um ponto de teletransporte, se ele não estiver aqui por perto, não está nesse mundo. 
       A informação que o Uchiha deu foi mais que útil, fez Sakura tirar dos pulmões um ar que não sabia que tinha preso. Estava preocupada, como sempre. Além das situações serem extremas seu homem não enxergava, imaginou que ele estaria completamente perdido em um dos mundos alternativos. 
 — Vamos nos separar. Te encontro aqui em meia hora, okay? 
          E assim foi por várias dimensões. Passaram pelo fogo, pela mata fechada e até por temporais; contudo, estavam cansados e extremamente desanimados. Quando Obito mudou novamente de direção, cedeu os joelhos ao chão e gemeu. 
 — Descansa um pouco, por favor— tocando-lhe o ombro, a médica aconselhou. 
 — Não podemos parar, não até encontrá-lo. 
 — Vocês homens são muito teimosos! — ela resmungou. 
 — Sakura... — Obito chamou pela Hatake, vendo passar entre os seus pés uma criatura estranha. 
       Não conseguia ver, o vento forte com a neblina impedia isso. Estava frio, finalmente haviam chegado no lugar certo. A mulher reconheceu aquilo que o amigo pensou ser graxa como o líquido negro que o marido expulsava do corpo. 
 — O Kakashi está aqui… — disse, depois de perceber que o ser vivente se afastava aos poucos dos sapatos do moreno. — Isso é dele. 
 — O que? Como assim? — confuso indagava. 
 —  Ele deve ter passado mal quando chegou. Isso sai de dentro dele como um vírus e passa a perseguir ele para voltar pro corpo. 
 — Isso é — Obito não precisou terminar a frase para ter a confirmação — Que nojo! 
 — Não importa. Se seguirmos essa coisa, vamos chegar nele— esperançosa, ela disse. 
 — Me diz que ele estava com febre alta para estar bem agasalhado. — o moreno implorou, lembrando do verão de Konoha. 
 — Nem uma blusa colocou… Precisamos encontrar ele e rápido, deve estar com hipotermia.

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Seria mesmo o Sasuke??Onde histórias criam vida. Descubra agora