A Execução de Bicuço

133 24 21
                                    

O Sol se punha por trás da Floresta Proibida deixando a paisagem acima das árvores numa mistura de alaranjado e púrpura. Algumas nuvens grossas passeavam pelo céu borrando o auge. Henry e John não haviam voltado pra torre da Grifinória depois do jantar. Se esconderam atrás de uma pilastra no saguão, perto de um armário de vassouras, e esperaram por Sherlock. Passaram-se apenas alguns segundos até a cabeça do corvino aparecer flutuando perto deles e Knight quase dar um berro se John não tivesse coberto a boca dele.

– Calma, Henry. É uma capa da invisibilidade! – Sussurrava John enquanto Sherlock cobria os três.

– Incrível! – Henry olhava impressionado para o corvino – A minha perdeu o feitiço faz três anos.

– Shhhh! – Sherlock sussurrava seriamente – É capa da invisibilidade, não capa do isolamento acústico. Calados e certifiquem-se de que não aparecerão os pés de ninguém.

O grupo desceu as escadas de pedra e andou bem juntinho pelos prados até à cabana de Hagrid. O vento fraco soprava a grama e balançava a copa das árvores, mas não tornava o clima mais frio.

Ao chegarem ao seu destino, John bateu na porta, mas nenhum dos três saiu de baixo da capa. Esperaram alguns segundos até a porta se abrir e os três se depararem com o professor desolado e confuso. Seu olhar estava distante de tudo.

– Hagrid. – John sussurrou – Somos nós. Nos deixe entrar pra sairmos de baixo da capa.

– Vocês não deviam ter vindo... – sussurrou Hagrid, mas se afastou para os garotos poderem entrar. Depois fechou a porta.

Sherlock tirou a capa de cima dos três e a enrolou no braço enquanto o meio gigante sentava-se na sua poltrona. O rosto estava inchado e vermelho.

– Viemos... Ver você. – Henry falou com pesar – Onde é que está o Bicuço?

– Eu levei ele pra fora... – respondeu Hagrid baixinho – Está amarrado no canteiro de abóboras. Achei que ele devia ver as árvores e... E respirar ar fresco... Antes...

A voz dele começou a falhar e logo vieram os soluços sofridos. John e Henry deram pequenas palmadinhas nos braços do guarda caças e acabaram ouvindo um soluço muito mais forte, como se ele estivesse prestes a cair no choro novamente. Ansiosos, lançaram um olhar suplicante para que Sherlock fizesse alguma coisa. O corvino tragou ar nervoso. Interações sociais não eram o seu forte.

– Eu... Posso fazer um chá? – Falou ele inseguro – É o que as pessoas fazem, não? Chá?

– Por favor. – Sibilou John enquanto o professor fungava – Vamos ficar ao seu lado, Hagrid.

– Não, John. Não podem ficar... Não quero que vejam isso... Dumbledore virá... Ele disse que quer ficar... Ficar comigo quando chegar a hora... Grande homem, o Dumbledore... Grande homem...

– Nós podemos ficar também. – Henry insistiu.

– Não. Não quero que vejam Bicuço nos seus últimos segundos. Além disso se pegarem vocês fora do castelo...

CRASH! Um barulho de louça quebrada seguido de um chiado muito alto assustou os três. Hagrid, Henry e John olharam rapidamente para Sherlock, que estava de pé sobre os cacos de uma xícara segurando um roedor que se debatia nas suas mãos.

– Sherly? – John se aproximou dele preocupado.

– Um pote! Uma sacola! – Sherlock prendia o animal nas duas mãos e acabou sendo mordido duas vezes – Qualquer coisa e rápido!

– Hei! É o Invasor!

– Invasor!? – Henry deu um pulo e sorriu sem querer – Invasor! Você o achou!

Potterlock - O Prisioneiro de AzkabanOnde histórias criam vida. Descubra agora