Henry Knight

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Hagrid chorava inconsolavelmente em sua poltrona na noite da véspera do Natal. John, Henry e Molly haviam ficado em Hogwarts, e agora tentavam animar, sem sucesso, o guarda caças. Na mesa de madeira havia um pergaminho com os seguintes dizeres.

Prezado Sr. Hagrid,

Dando prosseguimento ao nosso inquérito sobre o ataque do hipogrifo a um aluno seu, aceitamos as ponderações do Prof. Dumbledore de que o senhor não é responsável pelo lamentável incidente.

No entanto, devemos registrar a nossa preocupação quanto ao hipogrifo em pauta. Decidimos acolher a reclamação oficial do Sr. Barkersville e o caso será encaminhado à Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas. A audiência terá lugar em 20 de abril, e solicitamos que o senhor se apresente com o seu hipogrifo nos escritórios da Comissão, em Londres, nessa data. Entrementes, o animal deverá ser mantido preso e isolado.

– Eu posso ir com você! – Henry falava muito nervoso – Eu posso dizer o que realmente aconteceu! Bicuço não é um hipogrifo bravo! E... E nem era pros meus tios saberem o que tinha acontecido!

– Deve ter sido Moriarty que mandou a carta pros seus tios. – John revelou revoltado.

Um som repentino vindo de um canto da cabana fez os três jovens se virarem depressa. Bicuço estava deitado em um canto, mastigando alguma coisa que fazia escorrer sangue por todo o assoalho.

– Eu não podia deixar ele amarrado lá fora na neve... – explicou Hagrid, sufocado pela secreção do choro, com o rosto inchado. – Sozinho... No Natal!

– Tudo bem, Hagrid. – Molly não sabia o que falar, no fundo estava muito sentida pelo meio gigante – Você só precisa de uma boa defesa.

– Não é o suficiente... Essa... Essa corja do conselho... Eles odeiam... Odeiam criaturas exóticas... Só querem saber de sacrificá-las...

– Mas... Olha só, Henry pode ser sua testemunha e desmentir toda essa história! Dizer a verdade sobre o acidente. Que foi um aluno que provocou.

Hagrid chorou ainda mais alto. Respirava com dificuldades e fungava em meio às lágrimas incessantes. John se afastou um pouco e apontou a varinha para ele:

Anapneo.

Um lampejo branco acertou o professor e fez a sensação de sufocamento desaparecer ao limpar as vias aéreas.

– Eu vou fazer um chá pra gente. – O Watson se ofereceu, indo até o armário – Vai fazer você se sentir melhor, Hagrid.

– Obrigado, Wa... John. – O guarda caças limpava os olhos com as mãos – Vocês têm razão. Não posso me entregar assim. Tenho que me controlar... Não... Não tenho andado muito bem ultimamente. Preocupado com o Bicuço e com a turma que não está gostando das minhas aulas...

– Nós gostamos! – Molly mentiu na mesma hora. – Como é que vão os vermes?

– Mortos. Alface demais.

– ...Ah.

– E esses dementadores fazendo eu me sentir péssimo e tudo o mais... Tenho que passar por eles todas as vezes que quero beber alguma coisa no Três Vassouras. É como se eu estivesse de volta a Azkaban...

John olhou para a água fervente sentindo o peito apertar com aquelas palavras. Hagrid fora para Azkaban recentemente, e, agora que o garoto sabia como eram os dementadores, sentiu muita pena do guarda caças.

– Eu lembro quando estive lá... – Hagrid sibilava – Pensei que ia endoidar. Ficava lembrando de coisas horríveis... O dia em que fui expulso de Hogwarts... O dia em que meu pai morreu... O dia em que tive de mandar Norberto embora... Eu não conseguia mais me lembrar de quem eu era... Comecei a achar que não valia a pena viver... Quando me soltaram, foi como se eu estivesse renascendo, tudo voltou como uma avalanche, foi a melhor sensação do mundo.

Potterlock - O Prisioneiro de AzkabanOnde histórias criam vida. Descubra agora