As habilidades de Trelawney

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John estava sentado na cadeira mais próxima da mesa de Lupin. A espinha curvada para frente e o rosto enterrado nas mãos. O dia havia sido tão perfeito, seu time havia ganhado a taça de quadribol, tinha comemorado a tarde toda... Como foi acabar daquele jeito tão fatídico? Agora estava na mira do seu professor favorito, que andava de um lado para o outro dando um sermão que já estava durando quase meia hora.

– ... da forma mais imprudente possível! Imprudente demais! Há um assassino perigoso a solta, ele já entrou em Hogwarts, os professores estão se esforçando para manter todos seguros e vocês ficam saindo a noite? Colocando em risco as suas vidas?

Os garotos continuavam calados. John resolveu olhar para Sherlock e o viu encarando os próprios joelhos, sem emitir uma única palavra. Mas isso não era o suficiente para Lupin melhorar o seu humor.

O professor pegou a capa da invisibilidade com uma das mãos e o Mapa do Maroto com a outra.

– Onde conseguiram isso?

– Encontrei o mapa entre as coisas do Filch. – Sherlock finalmente olhou para o professor.

– E a capa da invisibilidade?

– Comprei no beco diagonal.

Lupin balançou a cabeça muito atordoado:

– Não, não, você não pode ter comprado lá, Sherlock.

– Sim, eu comprei. – Sherlock ergueu uma das sobrancelhas afrontado – Quando eu tinha onze anos, meus pais me deram uns galeões pra comprar um mascote, mas...

– Você não pode ter comprado isso em lugar algum! Essa capa pertencia a Tiago Potter, eu a reconheço em qualquer lugar! Não é uma capa como as outras!

– Comprei na Borgin & Burkes, professor. Ela custava o preço de uma coruja lapônica.

Lupin fechou a boca e no seu rosto não havia mais traços de raiva. Dessa vez ele parecia bastante abalado. Sherlock imaginou o porquê. Se a capa pertencia a Tiago Potter, então o assassino deve ter vendido a mercadoria por aí, até ela parar na Borgin & Burkes. Como não havia nada de espetacular em uma capa da invisibilidade o preço de compra dela não foi alto.

Solidário com a dor do professor, o Holmes voltou a baixar a cabeça.

– Sentimos muito, professor. – John falava com sinceridade – Estávamos fora da cama por uma boa causa.

– Qual? – Lupin recuperou o ar inquisitivo – Procurar Sirius Black usando o mapa?

– Ele não está no mapa. – Sherlock comentou – Pedro Pettigrew está.

Lupin despiu-se de todo resto de ira que poderia ter e agora pareceu mais doente do que nunca. John chegou a ficar com medo que o professor passasse mal e caísse ali mesmo. Se isso acontecesse, seria impossível explicar para qualquer adulto.

– Pedro Pettigrew não pode estar vivo. – Lupin falava perplexo – Sirius Black o matou.

– O fantasma dele não pode estar perambulando pela escola? – John sugeriu – Era ele que estávamos tentando encontrá-lo. Iríamos perguntar como Sirius Black entra no castelo.

Os olhos escuros de Lupin se fixaram em John, como se o analisasse. Depois se focaram em Sherlock e pôde perceber que o garoto, nesse exato momento, estudava cada detalhe de sua expressão.

– Sherlock, não se meta mais nesse assunto. – Pediu o professor, agora mais calmo – É perigoso. E se algo acontecer a um inocente, eu não vou me perdoar.

Potterlock - O Prisioneiro de AzkabanOnde histórias criam vida. Descubra agora