Capítulo 29 - Depois daquela noite

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Sabe aquele momento em que você se assusta de uma maneira que o chão parece sumir, e o mundo todo deixa de ser seguro? Não sei em que momento eu adormeci, mas foi assim que me senti quando acordei. No momento que despertei e não senti Ana em meus braços, abri os olhos automaticamente. Ela estava sentada à minha frente, enrolada em uma toalha, cabelos molhados, olhando-me muito séria. Sentei.

--Ana, o que foi? – Tentei puxá-la para meu abraço e ela se esquivou. Parecia impaciente.

--Não. Não me abraça Paula! Preciso de um momento de lucidez! Se me abraçar me entrego! – Olhei-a já assustada.

--O que tá acontecendo?! – Gesticulou nervosa.

--A gente precisa conversar! Pensa que é só isso?! Me leva pra cama e está tudo perfeitinho?! – Eu não compreendia. Uma lágrima rolou em meu rosto.

--Eu fiz alguma coisa errada? – Seu semblante ficou mais doce. Se aproximou, secou a lágrima em meu rosto e deu-me um pequeno beijo com doçura. Voltou a ficar brava.

--Não é isso!Só escuta! É que não quero só isso entende?! Todo o problema sempre foi eu não querer só isso! Eu quero deixar bem claro o que sinto, mas vamos ter tempo pra conversar, depois! Mas, se é pra ser... Se vou correr o risco desse meu jeito idiota de ser, acabar fazendo com que eu te perca... Então quero tudo! Eu... Eu quero deixar muito claro que vou dar crises pavorosas de ciúme, que não permito que você olhe outra mulher, não permito nem que pense em outra mulher! Não aceito nenhuma cretina sequer olhando pra você, e pode ter certeza que eu vou brigar mesmo! Infelizmente com você eu sou assim! Não suporto nada! Pode se contentar com as amigas que já tem! E não pense nunca mais em falar com aquela Camila! Muito menos com essa Alessandra! Não admito e te proíbo! Eu vou ser chata, ciumenta, e quero tudo muito sério! Mesmo sem estarmos juntas, acho que te namorei todos esses anos. Não quero namorar você! Eu não quero que durma nunca mais um dia sequer longe do meu corpo, mesmo que briguemos, nem que eu esteja insuportável! Mesmo brigadas, você vai deitar e me abraçar, e eu quero sentir o quanto me ama! Nunca mais vai dormir fora da nossa cama... Porque se me aceitar assim, totalmente louca de amor por você, se me quiser, eu te quero Paula! Te amo mais que tudo e não vou esperar nem um segundo mais para que seja minha mulher! – Sorri enorme enquanto mais uma lágrima me escapava.

--Porque eu não te aceitaria assim?! Você sempre foi assim! Minha ciumenta insuportável! – Ela gesticulou parecendo apreensiva.

--Se você for minha posso ser pior ainda! Eu sou capaz de tudo! Boto essa cidade abaixo! E deixo claro que se um dia alguém te agarrar vou culpar você! Não aceito essas ceninhas de dizer que não foi sua culpa, que não pecebeu! Então mantenha um metro de distância entre você e qualquer mulher que cruzar seu caminho, porque juro que acabo com sua vida! – Respirou. Falou um pouco triste enquanto uma lágrima descia em seu rosto. – Por favor... Não me tortura... Diz que aceita ser só minha, diz... Aceita essa maluca, que te ama mais que tudo, pra ser sua mulher! – Limpei suas lágrimas, ainda um pouco contrariada aceitou meu beijo. Sorri e fiz com que olhasse em meus olhos.

--Eu vou te amar tanto... Eu vou te provar toda vez que sentir ciúme que sou só sua! Eu vou reconstruir esta cidade toda vez que você derrubar com ciúme! Eu nunca vou olhar nenhuma mulher, porque meus olhos só querem você! Toda vez que estiver muito brava, eu vou te abraçar e fazer cafuné até que fique calminha nos meus braços, e então vou te dar meu amor, vou fazer amor com você até que veja, até que sinta, que eu nunca fui de ninguém, que por toda a minha vida sempre fui e sempre serei sua! Vou tirar toda essa agonia de você, te provando todo dia que eu te amo! – Nos entregamos em um beijo cheio de amor. Ela ainda chorava. Baixou a cabeça olhando as próprias mãos, enquanto tentava conter as lágrimas que lhe vinham.

--Mas eu sei Paula! Eu sempre senti! Sei que esteve com outras! Sei que estive com alguns homens... Mas nunca... Eu nunca senti absolutamente nada! A única vez que... A única vez, que tive prazer sem ser sozinha foi no dia... – Fez uma pausa parecendo envergonhada, estava vermelha. – No dia que te acariciei, no seu quarto... Aquela vez... Quando queria me entregar pra você... Enquanto acariciava seus seios eu... Eu não segurei... Gozei... Então fiquei assustada com a intensidade do que eu senti e acabei dizendo que estávamos bêbadas... Mas nunca gozei com ninguém que não fosse você! E sei que teve prazer com outras, eu sinto, sei bem... Sei dizer só de olhar o que essas cretinas te causam! – Uma lágrima desceu pelo meu rosto. Sequei minha lágrima e as dela. Ana olhava as mãos tão triste. Segurei-a delicadamente pelo queixo.

--Ana, olha pra mim! – Nossos olhares se encontraram. – Não vou negar. Nunca vou mentir pra você! Algumas vezes entreguei meu corpo a outras, mas se eu unir tudo o que senti com cada uma delas, não chega nem perto ao que sinto apenas por te abraçar! Meu corpo esteve com outras, mas meu amor é só seu, e se me quiser como sua mulher, tudo, meu corpo, minha alma, meu olhar, tudo de mim será somente pra você! Tudo que mais quero... Tudo que sempre quis, foi ser só sua! Me aceita! Aceita meu amor Aninha! Quero tanto ser tua que até dói! – Ela sorriu. Então me olhou falando sério, mas ainda sorria com aqueles olhinhos lindos molhados pelas lágrimas.

--Te amo Paula! À Partir deste momento é minha mulher! Comprei esta cama porque nem admito que deite onde qualquer outro ser deitou! Não quero mais pensar que ninguém no mundo além de mim pode te dar prazer! Isso me tortura! Você me tortura! Te amar me tortura! Prometo te amar muito e até tentar controlar meu gênio! Só quero ter você pra sempre e tenho medo de te perder! Te amo mais que tudo! – Jogou-se em meus braços, nosso beijo foi mágico e intenso. Segurei-a e fiz com que me olhasse outra vez. Foi minha vez de ficar séria.

--Não pensa que porque suporto tudo dentro de mim e não demonstro eu não sinta! Também tenho ciúme! Nunca te cobrei nada, porque não podia. Quero que seja só minha! Agora que é minha mulher, eu quero que deixe bem claro para qualquer um que se aproximar que tem dona! – Ela sorriu.

--Tudo bem minha dona! Serei sua e de mais ninguém! – Meus olhos fitaram seu corpo e tentei tirar-lhe a toalha. Ela não deixou. Segurou minhas mãos.

--Não meu Amor! Se começarmos não vamos parar nunca! Já é tarde! Temos visitas! Vou descer e preparar um café almoço, porque já é tarde pra um e cedo pro outro. Prometo que quando voltarmos pra este quarto quero te amar até não ter forças nem pra respirar! – Beijou-me mais uma vez, e esquivou-se rápida das minhas mãos bobas e entrou no closet. Minutos depois saiu em um vestido crepe rosa chá confortável, eu podia sentir seu perfume maravilhoso invadir o ambiente. – Desce logo preguiçosa! – Ela disse e fitou meu corpo nu sobre a cama. Levemente estremeceu. Sorriu e saiu do quarto. Estirei-me na cama e fechei os olhos. Sorri. Ana havia chamado-me de seu Amor! Levantei e fui para o banho ainda sorrindo. Em baixo do chuveiro, enquanto a água corria em meu corpo, sorrindo enorme eu disse em voz alta pra ver se era mesmo verdade.

--Ana é minha mulher! – Não acordei de nenhum sonho. Eu estava vivendo aquele sonho! Ana era minha mulher!



NOTA: 

Aiai, que paz ler este capítulo! Atirem pedra na Ana agora, odeiem ela como passaram uns 20 capítulos odiando! kkkkk, Ana é complicada, Paula é complicada, o amor é complicado, e vem mais coisa por aí. Espero que tenham gostado, amanhã tem mais. Beijos e boas leituras.

Tortura-meOnde histórias criam vida. Descubra agora