Aqui vamos encerrar com o segundo pior momento que viria naquele ano inesquecível. O noivado. Juro que pensei em fugir, ir para longe, mas além de tudo eu ainda era a Madrinha.
Aquele seria o dia do apressado noivado de Ana. "Não vou, não posso". Foi a mensagem que enviei a Luana. Ultimamente ela e Ana pareciam ter levemente superado as brigas de antes, desde o dia em que Luana conversou com ela, e lhe deu a idiota ideia de namorar! Até hoje estou culpando Luana por isso! Assumo minhas culpas então ela que assuma as dela! A culpa de Ana ter entendido tudo errado e começado um namoro era de Luana.
Menos de meia hora depois que enviei a mensagem, Luana apareceu entrando num rompante no meu quarto. Falava decidida.
--Você vai Paula! – Neguei estirada na cama entristecida.
--Não posso Lu, ele vai pedir a mão dela! Depois casa e leva ela inteira! – Ela foi firme comigo.
--Paula Barreto! Você vai entrar naquele jantar linda, ao lado de seu namorado, vai sorrir e cumprimentar a todos, e vai por o Plano laranja em ação! Você precisa, ela precisa!
--Não consigo!
--Você consegue!
--Não vou!
--Você vai! Ou prefere que ela abandone todos no próprio noivado e venha aqui chorar nos seus braços? É isto que quer pra ela? Porque é o que vai acontecer! – Sorri fraco.
--Ao menos ela não casaria mais não é? – Luana discordou.
--Casaria Paula! Ela casaria! Ele a perdoaria, e marcariam outro noivado, tantos quanto fossem precisos, ela ficaria magoada com você, muito triste. E se ele desistisse de casar com ela, ela arrumaria outro, casaria com outro! Ela está certa de que um compromisso mais sério vai fazer sentir menos esse amor e necessidade sufocante que as duas tem uma pela outra! Entenda Paula, com ou sem sua presença, ela vai casar! Então execute o plano, e mostre a ela que não são mais crianças!
Então me arrumei, me produzi com total dedicação para um momento odioso da minha vida. O noivado de Ana. Era a estreia do Plano Laranja, um que eu simplesmente detestava!
No jogo de Poker há uma hora que você deve jogar mais agressivamente. Nesta hora em que ou você fica com tudo ou arrisca tudo de uma vez, você está na zona Laranja. Era onde eu estava. Neste plano, eu me desligaria completamente de Ana, não deixaria mais que minha vida girasse em torno dela, e nem a dela em torno de mim. Eu mostraria a Ana que ela unir-se ao seu namorado, ou eu unir-me ao meu, faria mudanças na nossa vida. Não seríamos mais o centro da vida uma da outra, não mesmo.
Neste plano eu não era nada eu mesma, e colocava meus interesses, meu namorado e minha vida toda à frente de Ana. Eu seria um pouco fria, ela se magoaria, mas era a única forma de fazê-la perceber que não estávamos brincando de casinha no quintal de casa, e ela não podia escolher um menininho pra brincar de seu marido, e continuar nos meus braços. Isso não seria nada fácil, nem pra ela nem pra mim!
Desci maravilhosa em um vestido vermelho desenhado por Frida Giannini, pernas à mostra, o busto muito bem desenhado, não era vulgar, mas era lindo e ousado, totalmente exclusivo, perfeito para aquela noite. O cabelo em um penteado intrigante, um pouco preso, um pouco solto, fazendo ângulos e formas. A maquiagem quase natural e o batom vermelho ressaltavam a produção. Eu calei a todos na sala quando desci. Meus pais já sabiam de toda aquela armação maluca de Luana, e estavam conhecendo meu falso namorado. Eles gostaram do Rodrigo.
Este meu namorado andava pior do que eu quando o assunto se tratava de amor. Cleber não suportou um relacionamento à distância, e terminou tudo por telefone, choraram juntos, e combinaram de se encontrar dali a um ano e meio, quando Rodrigo se formaria, e também iria para o exterior. Talvez desse certo. Segundo Luana não daria, não eram compatíveis e ela só havia ajudado no relacionamento deles pela insistência de Rodrigo. Mas o resultado é que por dentro Rodrigo estava triste, por fora era o mais feliz dos homens. Ninguém diria que ele não estava totalmente apaixonado por mim. Em um estiloso terno italiano Ermenegildo Zegna cinza, levemente riscado que lhe vestia perfeitamente, e sapatos Stefano Bemer em cromo alemão, ele sorriu lindamente quando desci a escada.
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Tortura-me
Romance"--Vou pedir o divórcio. - Ela disse e meu coração acelerou. - Já chega. Acabou! --Fica calma. - Eu disse segurando sua mão. - Tem certeza? --Sim. Já chega! Quero... Preciso ser amada, desejada como mulher! - Meu coração bateu enlouquecido. Se ela s...