Capítulo 22 - Desespero

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Voltamos ao momento desesperador, onde Ana disse-me que pediria o divórcio e encontraria outro, e então acabava naquele sofá, jogada em meus braços.

Desesperei-me. Aquela proximidade com o corpo de Ana estava me matando. Deitadas no sofá ela estava quase sobre meu corpo, com o rosto escondido em meu pescoço. Sua respiração e os lábios entreabertos tocando meu pescoço me enlouqueciam! Eu estava sentindo tantas coisas ao mesmo tempo!

Sentia-me magoada por Ana querer encontrar outro, sentia-me cansada por tanto tempo de espera, sentia aquele imenso amor por ela, que me fazia quer apertá-la mais ao meu corpo, e ao mesmo tempo me fazia querer fugir. E sentia desejo, muito desejo! Camila havia-me acostumado mal, muito sexo, e agora eu estava há três meses sem transar com ninguém, meu corpo parecia uma bomba relógio prestes a explodir! Tudo isto me levou a um breve momento de desespero. Soltei do corpo de Ana e quase disparei até o banheiro.

--Ei Paula onde... – Nem deixei que ela terminasse. Não conseguiria explicar. Me desesperei enquanto me trancava ali. Tirei o telefone do bolso. Liguei a agua da pia para fazer algum barulho, e liguei para Luana. Chamou quatro vezes e pensei que ela não atenderia.

--Alo?

--Lú?

--Não... é a Fernandinha, quem é? – Eu falava meio desesperada.

--Paula, a Luana está?

--Não, não sou a Paula, sou a Fernandinha, você conhece a Paula? Quem tá falando? – Mas era burra!

--É a Paula! É a Paula!

--Garota, tá de graça com minha cara? Já falei que a Paula não tá aqui! – Respirei fundo.

--Fernandinha, quem está falando aqui é a Paula. Eu sou a Paula. A Luana está? – Ela pensou um tempo.

--Paula, é você?

--SIM! Pelo amor de Deus! A Luana tá ou não tá criatura?!

--Espera, ela acabou de chegar. Lú, é a Paula, acho que ela tá nervosa! – Luana pegou o telefone.

--Fala Paulete! – Odiava quando ela falava assim. Certo que estava podre de bêbada!

--Luana, você tá bêbada?

--Marrom!

--Que Marrom mulher?

--Marrommenos! – Caiu na gargalhada do outro lado.

--Luana, brilha! Por favor Brilha! – Esperei em silêncio. Brilhar na nossa linguagem é quando você tentava voltar a si de uma bebedeira e se concentrar porque ia rolar algo sério, e você precisaria fingir não estar bêbada e ser um ser brilhante naquele momento.

--Brilhei Paula. Pode falar!

--Brilhou mesmo? Porque vou dizer tudo de uma vez e não vou repetir! – Ela pensou do outro lado.

--Espera... Mais um pouco... Mais um pouquinho... Agora Brilhei! Manda! – Suspirei e puxei o fôlego.

--Estou trancada no banheiro da casa de Ana porque ela me chamou chorou e disse que vai se separar então se jogou nos meus braços eu tô morta de tesão e ela disse que vai arrumar um cara que a tome nos braços com loucura e a ame e que ela ame também vai largar o Júlio e arrumar um homem de verdade pra ela eu tô desesperada não quero perder a Ana outra vez e tô com medo da besteira que posso fazer! – Falei tudo num único fôlego sem nenhuma pausa. Respirei. – Agora repete pra eu saber o que entendeu.

--Você fugiu pro banheiro porque Ana tava chorando com tesão no cara com loucura e vai se separar e você tá morta com farofa!.. Não! Espera! Você deve ter fugido pro banheiro por causa do tesão! Ana quer um cara que a pegue de jeito, e você está confusa porque não quer nenhum cara pegando ela! E o Júlio dançou. É isto?

Tortura-meOnde histórias criam vida. Descubra agora