--Por favor Amor! Ainda vai demorar muito?! – Ana disse impaciente de olhos vendados, enquanto eu dirigia.
--Só mais um pouco. – Eu disse. Já havia dado algumas voltas mais que o necessário para despistá-la, caso reconhecesse o caminho pela distância.
--Sabe que sou ansiosa! Porque está me torturando assim?! – Eu ri enquanto entrava em nosso condomínio.
--Vai valer à pena, pode acreditar.
--É, espero mesmo! E espero que envolva você peladinha, porque já esperei demais! – Passei em frente à casa de nossos pais, a casa de Ana, e dirigi até o fim da rua. Estacionei o carro. – Já posso olhar?
--Não! Para de ser assim impaciente! – Disse fazendo a volta e lhe abrindo a porta do carro para que descesse. Segurei-a pela mão. – Não olha antes da hora tá?! Apenas vem comigo. Vou te levar.
O sol já começava a se despedir, fazendo aquele colorido no céu, querendo dar um show antes da partida, só para que soubessem o quanto era importante. Tudo que ele conseguia era deixar minha Ana ainda mais bonita, e ela continuava sendo a estrela mais brilhante daquele fim de tarde. Minha luz, meu calor, o de mais lindo existente que meus olhos já haviam visto.
Ela estava tão sorridente, ansiosa, mas por um momento, quando seus pés tocaram as folhas secas, seu sorriso diminuiu. Continuamos caminhando, mas via que sua apreensão já não era tão boa. Quando paramos ela disse.
--Paula, eu sei onde a gente tá! – Tirei-lhe a venda. Seus olhos estavam úmidos. Ali estávamos nós em frente à nossa árvore. Ela olhava-me intensamente, um pouco triste. – Por favor Paula... Não tenho nem coragem de olhar pra cima! Diz pra mim que não mexeu em nada na nossa casinha! Diz que não fez uma nova! – Ela estava quase chorando e não olhava pra cima. Passou a mão em um dos degraus pregados no tronco e uma lágrima lhe desceu. A abracei, ela escondeu o rosto em meu pescoço por um momento, e então olhou-me profundamente. – Você sabe o que esta casinha é Paula? – Eu fiz que sim enquanto meus olhos também se umedeciam.
--Sei Aninha! Ela... Esta casinha torta, mal feita e sem telhado... Ela é meu amor por você! – Ela sorriu chorando e negou com a cabeça.
--Não Paula! Não! Esta casinha é meu coração! No dia que perdi minha Mãe, meu coração se destruiu inteiro! Eu não poderia viver... Nem podia mais respirar!.. Mas você subiu... Você foi lá, pegou todos os pedaços do meu coração, e me abraçou, dividiu seu coração comigo, me dando forças pra viver... E então, então você construiu meu coração outra vez! Aos pouquinhos! Eu desci... Mas nunca trouxe meu coração lá de cima! Meu coração sempre foi teu Paula! Esta casinha confusa, com porta pro nada, sem telhado, é meu coração que você reconstruiu, e é todo pra você! Esta casinha é meu confuso e mal feito coração que só bate por você, é meu coração que só sabe amar você, onde só você pode entrar! – As lágrimas tomavam meu rosto. Ela também chorava. Trocamos um beijo tão cheio de emoção, carinho, bons momentos, anseios deixados para trás. Tinha tanta coisa em apenas um beijo cheio de lágrimas emocionadas. Nos afastamos aos poucos e eu voltei a olhá-la.
--Eu nunca mudaria nada na nossa casinha meu Amor, porque pra mim ela é meu amor por você, ela é minha vontade de te proteger de qualquer coisa que te faça sofrer. E assim como o amor que temos, nossa casinha só precisava se fortalecer um pouco para durar para sempre! – Ela tomou coragem, olhou para cima e sorriu, vendo apenas novas vigas que coloquei por baixo reforçando as estruturas. Olhou-me novamente. Seus olhinhos molhados pelas lágrimas ficavam daquele jeitinho que eu amava, e o belo sorriso a deixava mais linda ainda.
--Que alívio! Nunca mexa na nossa casinha sem me avisar! Talvez um dia, quando eu achar que meu coração amadureceu, e já não parece esta casinha, talvez eu te deixe mexer nela, mas eu duvido que eu olhe qualquer coisa e veja mais amor do que quando eu olho pra esta casinha... Só sinto mais amor quando olho pra você! – Disse com o olhar fixo no meu voltando a me beijar. Mágico. Todos os seus beijos sempre seriam desta mágica dentro de meu peito, daquele disparar do meu coração a cada vez que seus lábios tocavam os meus.
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Tortura-me
Romance"--Vou pedir o divórcio. - Ela disse e meu coração acelerou. - Já chega. Acabou! --Fica calma. - Eu disse segurando sua mão. - Tem certeza? --Sim. Já chega! Quero... Preciso ser amada, desejada como mulher! - Meu coração bateu enlouquecido. Se ela s...