Estava segurando a caixa que Negan havia me entregado e tomando coragem para abri-lá. Suspirei e abri o objeto, vendo algumas fotos de família. Sorri fraco e peguei uma foto minha com a mamãe, estávamos em um jardim plantando flores, meu pai havia tirado a foto. Guardei a foto e peguei outra, eu segurava o taco de beisebol do meu pai, de quando ele era professor de educação física.
Sou tirada dos meus pensamentos com duas batidas na porta. Carl adentrou meu quarto e sentou ao meu lado na cama.
— Decidiu abrir? - perguntou.
— Fiquei curiosa. Até agora só tem algumas fotos de família. - pego a foto com minha mãe e mostro para ele - essa era a Lucille, minha mãe.
Carl pegou a foto da minha mão e sorriu.
— Ela era bonita, vocês se parecem um pouco. - sorri voltando a olhar para a caixa.
Franzi a testa ao ver uma pasta do hospital de Seattle.
— O que é isso? - Carl perguntou.
— Não sei. - digo pegando a pasta - é do hospital que o Daryl me levou.
Pego a pasta e coloco a caixa de lado. A primeira coisa que eu vejo são raio-x de um crânio.
"Scarlett Dean Smith"
— Essa...sou eu? - olho o exame mais de perto - são os exames que o Daryl disse que fizeram.
— O que é essa bolinha aqui? - Carl apontou.
Era diferente. Era como se tivesse uma bolha no meu crânio, especificamente, no cérebro.
— "O crescimento sofreu uma clara mutação. Vejamos se os resultados do teste corroboram a nossa hipótese. Isso é importantíssimo." - Carl leu uma carta - como assim sofreu uma clara mutação?
Peguei outro papel e li o que tava escrito. Vírus Cordyceps.
— É o vírus que transforma as pessoas em zumbis. - digo baixo - ele sofreu uma mutação no meu corpo, e foi por isso que eu não me transformei.
Carl franziu a testa e levantou.
— Não faz sentido. Daryl disse que os exames não deram nada, então como tá mostrando sobre como o vírus evoluiu? - diz.
Levantei da cama e fui até o meu armário. Vasculhei as gavetas até achar o gravador que eu encontrei na casa dos Baldwin.
— Eu e o Glenn achamos isso na casa dos Baldwin, tava na bolsa de um dos caras de Seattle. - digo colocando o gravador em cima da cômoda - fecha a porta, eu vou ligar.
Carl trancou a porta e se sentou ao meu lado. Liguei o gravador e ficamos em silêncio para escutar.
"A maioria já foi embora. Eu não sei pra qual grupo eu vou... Eu era do grupo que queria ir atrás do besteiro e da garota. Disseram...que mesmo que a gente achasse ela ou, por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."
Apertei para voltar.
"por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."
De novo...
"por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."
E de novo.
"por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."
— Scarlett para! - Carl segurou meu pulso.
Olhei para ele com os olhos marejados e levantei da cama. Coloquei o gravador em cima da cômoda e fui em direção a porta.
— Preciso achar o Daryl. - sussurrei e sai do quarto apressada.
Carl me chamava inúmeras vezes enquanto eu rodeava a casa atrás do Dixon. Sai da casa e passei o olho pelas ruas. Fui até a casa do Rick, ele sempre está lá.
Abro a porta com uma certa pressa, assustando algumas pessoas que estavam na sala.
— Scarlett, tá tudo bem? - Michonne se aproxima.
— Cadê o Daryl?
Carl entra correndo dentro de casa. Com a respiração acelerada eu comecei a andar pela casa dos Grimes. Olhei cada cômodo. Cada andar.
— Scarlett ele não está aqui, se acalma! - Carl segura meu braço - respira!
Eu tentava controlar a respiração, enquanto os demais me encaravam confusos.
A porta foi aberta e Rick e Daryl passaram por ela. Me soltei de Carl e fui até Daryl, segurando seu braço.
— Que merda é essa, Scarlett? - Perguntou.
— Me conta!
Daryl me encarou confuso e olhou para Rick.
— Contar o que?
— Seattle. Eu quero saber.
Ele largou a besta no canto da sala e voltou a me encarar.
— Eu já disse o que tinha pra falar.
— Não. Você não disse. - me aproximei mais - por favor, me conta.
Daryl me olhava em silêncio. Seu olhar desviou para os outros presentes na sala e logo voltou a me encarar.
— Se você me contar a verdade, eu vou entender, pode ser o que for. - digo - mas se mentir pra mim de novo, eu vou embora. E não vai ser pra Hilltop ou pro Santuário. Eu vou sumir, nem você, nem o Carl, Maggie, Enid, ninguém nunca mais vai me ver.
Dixon fungou e suspirou.
— Por favor, me conta. - sussurro.
— Fazer uma vacina...teria te matado. - começou - eu não deixei.
Lembrei das palavras do meu pai: "...estavam todos mortos"
Senti minha respiração falhar e uma tontura forte me atingir. Me segurei em uma cadeira e Carol e Rosita correram na minha direção. Uma dor no peito me atingiu. Angústia. E então, eu comecei a chorar. Eu soluçava alto. Eu queria gritar.
Daryl se aproximou e colocou sua mão em meu ombro.
— Nem pense em encostar em mim! - gritei fazendo ele recuar - Eu vou pra Hilltop. E a gente acabou.
Abri a porta e corri até em casa. Subi as escadas e me tranquei no quarto. Peguei a caixa e joguei a mesma na porta. As fotos se espalharam pelo chão. Me ajoelhei e peguei minha foto com minha mãe. Foi questão de segundos para que eu voltasse a chorar e a angústia me atingisse novamente.
"...por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."
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O Último de Nós
FanfictionEstamos em um novo mundo. Um mundo onde as pessoas morrem e se transformam em criaturas que buscam por carne, seja ela humana ou animal. O novo mundo mudou as pessoas, mas eu não mudei. Conheci novas pessoas, um novo amor, uma nova família. A nature...