22 - "Tell me, please."

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Estava segurando a caixa que Negan havia me entregado e tomando coragem para abri-lá

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Estava segurando a caixa que Negan havia me entregado e tomando coragem para abri-lá. Suspirei e abri o objeto, vendo algumas fotos de família. Sorri fraco e peguei uma foto minha com a mamãe, estávamos em um jardim plantando flores, meu pai havia tirado a foto. Guardei a foto e peguei outra, eu segurava o taco de beisebol do meu pai, de quando ele era professor de educação física.

Sou tirada dos meus pensamentos com duas batidas na porta. Carl adentrou meu quarto e sentou ao meu lado na cama.

— Decidiu abrir? - perguntou.

— Fiquei curiosa. Até agora só tem algumas fotos de família. - pego a foto com minha mãe e mostro para ele - essa era a Lucille, minha mãe.

Carl pegou a foto da minha mão e sorriu.

— Ela era bonita, vocês se parecem um pouco. - sorri voltando a olhar para a caixa.

Franzi a testa ao ver uma pasta do hospital de Seattle.

— O que é isso? - Carl perguntou.

— Não sei. - digo pegando a pasta - é do hospital que o Daryl me levou.

Pego a pasta e coloco a caixa de lado. A primeira coisa que eu vejo são raio-x de um crânio.

"Scarlett Dean Smith"

— Essa...sou eu? - olho o exame mais de perto - são os exames que o Daryl disse que fizeram.

— O que é essa bolinha aqui? - Carl apontou.

Era diferente. Era como se tivesse uma bolha no meu crânio, especificamente, no cérebro.

— "O crescimento sofreu uma clara mutação. Vejamos se os resultados do teste corroboram a nossa hipótese. Isso é importantíssimo." - Carl leu uma carta - como assim sofreu uma clara mutação?

Peguei outro papel e li o que tava escrito. Vírus Cordyceps.

— É o vírus que transforma as pessoas em zumbis. - digo baixo - ele sofreu uma mutação no meu corpo, e foi por isso que eu não me transformei.

Carl franziu a testa e levantou.

— Não faz sentido. Daryl disse que os exames não deram nada, então como tá mostrando sobre como o vírus evoluiu? - diz.

Levantei da cama e fui até o meu armário. Vasculhei as gavetas até achar o gravador que eu encontrei na casa dos Baldwin.

— Eu e o Glenn achamos isso na casa dos Baldwin, tava na bolsa de um dos caras de Seattle. - digo colocando o gravador em cima da cômoda - fecha a porta, eu vou ligar.

Carl trancou a porta e se sentou ao meu lado. Liguei o gravador e ficamos em silêncio para escutar.

"A maioria já foi embora. Eu não sei pra qual grupo eu vou... Eu era do grupo que queria ir atrás do besteiro e da garota. Disseram...que mesmo que a gente achasse ela ou, por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."

Apertei para voltar.

"por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."

De novo...

"por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."

E de novo.

"por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."

— Scarlett para! - Carl segurou meu pulso.

Olhei para ele com os olhos marejados e levantei da cama. Coloquei o gravador em cima da cômoda e fui em direção a porta.

— Preciso achar o Daryl. - sussurrei e sai do quarto apressada.

Carl me chamava inúmeras vezes enquanto eu rodeava a casa atrás do Dixon. Sai da casa e passei o olho pelas ruas. Fui até a casa do Rick, ele sempre está lá.

Abro a porta com uma certa pressa, assustando algumas pessoas que estavam na sala.

— Scarlett, tá tudo bem? - Michonne se aproxima.

— Cadê o Daryl?

Carl entra correndo dentro de casa. Com a respiração acelerada eu comecei a andar pela casa dos Grimes. Olhei cada cômodo. Cada andar.

— Scarlett ele não está aqui, se acalma! - Carl segura meu braço - respira!

Eu tentava controlar a respiração, enquanto os demais me encaravam confusos.

A porta foi aberta e Rick e Daryl passaram por ela. Me soltei de Carl e fui até Daryl, segurando seu braço.

— Que merda é essa, Scarlett? - Perguntou.

— Me conta!

Daryl me encarou confuso e olhou para Rick.

— Contar o que?

— Seattle. Eu quero saber.

Ele largou a besta no canto da sala e voltou a me encarar.

— Eu já disse o que tinha pra falar.

— Não. Você não disse. - me aproximei mais - por favor, me conta.

Daryl me olhava em silêncio. Seu olhar desviou para os outros presentes na sala e logo voltou a me encarar.

— Se você me contar a verdade, eu vou entender, pode ser o que for. - digo - mas se mentir pra mim de novo, eu vou embora. E não vai ser pra Hilltop ou pro Santuário. Eu vou sumir, nem você, nem o Carl, Maggie, Enid, ninguém nunca mais vai me ver.

Dixon fungou e suspirou.

— Por favor, me conta. - sussurro.

— Fazer uma vacina...teria te matado. - começou - eu não deixei.

Lembrei das palavras do meu pai: "...estavam todos mortos"

Senti minha respiração falhar e uma tontura forte me atingir. Me segurei em uma cadeira e Carol e Rosita correram na minha direção. Uma dor no peito me atingiu. Angústia. E então, eu comecei a chorar. Eu soluçava alto. Eu queria gritar.

Daryl se aproximou e colocou sua mão em meu ombro.

— Nem pense em encostar em mim! - gritei fazendo ele recuar - Eu vou pra Hilltop. E a gente acabou.

Abri a porta e corri até em casa. Subi as escadas e me tranquei no quarto. Peguei a caixa e joguei a mesma na porta. As fotos se espalharam pelo chão. Me ajoelhei e peguei minha foto com minha mãe. Foi questão de segundos para que eu voltasse a chorar e a angústia me atingisse novamente.

"...por milagre achasse outra pessoa imune. Não faria diferença. A única pessoa que poderia desenvolver uma vacina morreu."

O Último de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora