Extra: History's

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History's
One Year Ago
Antes da batalha final!

— Mas mamãe, aquele bicho era enorme!

Lucille não parava de falar sobre o infectado que matamos no dia anterior. Ele era realmente enorme, e bem forte.

— Aquelas bolhas nele, eca. - Glenn disse fazendo cara de nojo.

— Eu já havia visto um igual aquele, e outros piores. Foi em Seattle, eu fiquei com bastante medo. - digo rindo.

— E o que você fez? - Glenn perguntou.

— Passei direto, eu não sou maluca de tentar partir pra cima deles, nanico. - Baguncei seu cabelo.

— Mas você é imune, mamãe.

Eles sabiam sobre a minha imunidade, mas eu não contei a eles, eles viram acontecer.

— Glenn, fica quieto! A mamãe disse pra gente não falar.

— Mas ela é mesmo!

— Eles podiam me matar do mesmo jeito, eram mortais. E Glenn, não fale sobre isso.

— Desculpa.

Nós três estávamos andando sem rumo por Washington. Nosso grupo havia sido atacado e o lugar em que estávamos ficando foi destruído, peguei nossas coisas e fugi com os gêmeos.

— Eu to com fome. - Lucille avisou.

Entramos em uma rua completamente vazia, mas ainda perigosa. Subi as escadas da varanda de uma casa e abri a porta com cuidado, pedindo para que os gêmeos ficassem na porta, eles sabem se defender. Vasculhei a casa inteira a procura de algum infectado e encontrei apenas um, era uma mulher. Ela estava amarrada na cama, e meu coração se partiu ao lembrar da minha mãe, ela estava na mesma situação quando morreu e se transformou.

Me aproximei da cama e parei na frente da mulher. Suspirei e a matei com minha faca. Olhei mais uma vez pro corpo na cama e sai do cômodo, trancando a porta com uma chave. Não quero que meus filhos vejam isso.

Desci as escadas e mandei os dois entrarem. Fechei a porta e coloquei o sofá na frente para fazer uma barreira. Amarrei a maçaneta da porta dos fundos com uma corda e coloquei uma poltrona na frente, também fazendo uma barreira. Fechei as cortinas e sentei em uma cadeira, abrindo a mochila e pegando algumas frutas e biscoitos que encontramos em uma loja abandonada, as frutas nós sempre tentamos pegar em árvores. Glenn pegou uma maçã e Lucille um pacote de biscoitos, eu fiquei apenas na água. Sentei no chão e encostei minha cabeça na parede, eu estava morrendo de sono, não dormia há dias.

— Mamãe, conta uma história do seu grupo antigo pra gente? - Lucille pediu, sentando ao meu lado e encostando sua cabeça em meu ombro.

— O que querem saber? - perguntei.

— Vocês ficaram muito tempo juntos?

— Perderam muita gente?

Eram muitas perguntas.

— Ficamos um bom tempo juntos, na verdade. - respondi - E sim, perdemos muitas pessoas.

Quando eu sumi há alguns anos atrás, eu bati a cabeça, e acabei perdendo a memória por um tempo. Mas não demorou para que as lembranças voltassem e que eu lembrasse de cada um deles.

— Como você chegou até eles? - Glenn perguntou, deitando a cabeça na mochila.

Molhei os lábios e acariciei os cabelos ruivos de Lucille.

— Um deles me encontrou, o nome dele era Glenn. - Meu Glenn arregalou os olhos ao ouvir o nome, o que me fez rir - Sim, seu nome é por causa dele.

— E o que aconteceu com ele? - perguntou.

Suspirei e torci a boca: — Uma pessoa matou ele bem na minha frente. - digo baixo - Ele era muito importante pra mim.

— E essa pessoa morreu?

Não.

— Não.

Ficamos em silêncio por alguns instantes até chegar a vez de Lucille perguntar.

— De onde vem o meu nome?

— Seu nome vem de uma mulher forte, amiga e guerreira. Lucille era o nome da minha mãe. Ela teve uma doença antes de tudo isso começar e acabou não aguentando por muito tempo. - suspirei - Eu decidi dar esses nomes pra vocês porque Glenn e Lucille foram pessoas muito especiais na minha vida. Glenn me salvou, se tornou um irmão mais velho e eu o perdi. Lucille, minha mãe, era a mulher mais linda do mundo. Sempre fez de tudo pra me manter a salva, até mesmo doente. Essas duas pessoas sempre vão estar comigo, no meu coração, na minha mente e na minha vida. Eu quis eternizar o nome deles em vocês porquê vocês são tudo o que eu tenho, e vocês são a minha vida. - Sequei a bochecha com as costas da mão e continuei - Eu queria que vocês tivessem a chance de conhecer Alexandria, Hilltop e o Reino. Queria que vocês tivessem uma vida boa e saudável mesmo com todos esses infectados. Queria que vocês pudessem viver e eu juro por Deus que vou fazer de tudo para que vocês cresçam bem.

Glenn levantou de onde estava e se aproximou de mim. Os gêmeos me abraçaram enquanto eu segurava a vontade de chorar.

— A verdade é que eu não sei se vamos conseguir encontrar eles porquê eu não lembro o caminho. - lamentei - Mas sei que eles estão por perto, e sei que eles querem me achar, e algum dia eles vão.

Os dois me encararam e sorriram, os sorrisos mais lindos do mundo.

— Eu amo vocês, meus filhotes. Amo vocês como nunca amei ninguém e eu juro por Deus que vou matar quem tentar fazer mal a vocês. - passei a mão pelo cabelo liso de Glenn - Eu quero que guardem uma coisa com vocês para sempre, ok?

Eles assentiram.

— Nunca, nunca deixem que esse mundo acabe com vocês. Vocês são mais fortes que ele e vão sobreviver. Algum dia eu não vou mais estar aqui e vocês vão ter que sobreviver, sozinhos ou em grupo. - respirei fundo - Me prometam que sempre vão guardar minhas palavras e meus conselhos no coração!

— A gente promete!

— De dedinho?

Os dois levantaram o dedo mindinho e juntaram ao meu.

— De dedinho!

Abracei os dois e beijei a testa de cada um. Levantei do chão e pedi para que eles me ajudassem a forrar a coberta no chão amadeirado para que pudéssemos dormir. Coloquei a mochila no canto e minha pistola ao meu lado, para o caso de alguma emergência. Nos deitamos comigo no meio e com os dois me abraçando.

— Mamãe, eu posso fazer mais uma pergunta? - Lucille disse.

— Pode sim.

— Você pode ser mordida na nossa frente de novo? Aquilo é tão legal.

Ri fraco e balancei a cabeça.

— Só se for por um infectado que não saiba correr, se for aquele grande de novo eu to fora!

Os gêmeos fecharam os olhos e não demorou muito para que eles pegassem no sono. Meus olhos estavam pesados, eu estava adormecendo.

— Boa noite, anjos.

O Último de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora