capítulo 2

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─ Seu rosto é tão ossudo. ─ Uma voz feminina ecoou pelos meus ouvidos. Eu sentia o toque em meu corpo de algo pesado, macio e aconchegante, eu não ousaria abrir meus olhos e ver o que me espera, esperava que tudo isso fosse apenas um sonho.

─ Suas orelhas são tão felpudas, esta fêmea deve estar cheia de carrapatos!

Uma outra voz feminina respondeu a que havia falado sobre meu rosto.

─ Não sejam cruéis, meninas.

A terceira voz se tornou a aparecer. Abri meus olhos lentamente e me encontrei, deitada em uma cama grande, branca e oval. Eu nunca havia visto um quarto tão bonito como estava vendo este diante de mim, seu estilo era como aquele dos castelos antigos das historinhas que mamãe contava quando criança na hora de dormir. Cada parede era extremamente detalhada e bela, não havia nenhuma lasca de tinta já desgastada, desenhos de espirais em rosa bebê acobertavam as paredes brancas, na sacada, cortinas enormes e provavelmente pesadas de um rosa claro estavam abertas, deixando a luz do sol entrar, abaixei minha cabeça para os meus agora, antigos machucados que estavam já cicatrizados.

─ Olá, querida.

Esfreguei meus olhos com as costas de minhas mãos. Quando levantei da enorme cama, três garotas se levantaram e vieram até mim. Eu nunca havia visto seres tão místicos e belos, a que havia me cumprimentado, a garota - ao que parecia - loira de olhos acinzentados como uma tempestade de raios, esboçou um sorriso amigável, seus olhos tentavam demonstrar ternura e algo como... acolhimento? Seus fios de cabelos ondulados iam até o final de sua cintura, ela usava um vestido branco com babados cinzas nas mangas e com detalhes de flores acinzentadas, assim como as outras duas.

─ Como se chama, mestiça? ─ A garota de cabelos pretos envolta do pescoço quebrou o silêncio.

𝑚𝑒𝑠𝑡𝑖𝑐̧𝑎? 𝑚𝑒𝑠𝑡𝑖𝑐̧𝑎??!

─ Flores, meu nome é Flores.

Minto. "Flores, 𝙎𝙩𝙚𝙡𝙡𝙖?", a voz em minha cabeça reapareceu, rindo logo em seguida do nome que havia escolhido, "Calado!!", respondi.

─ Flores? ─ a garota loira de orelhas finas e pontiagudas mordeu o lábio pensativa, talvez ela tivesse captado a mentira, seria a forma que havia falado? Ou... meu rosto me entregou? A verdade é que estava mentindo na cara dura... a loira sorriu para mim novamente e colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. ─ Sou Eleonoora, esta é Dricca

Eleonoora apontou o dedo indicador para a garota de cabelos pretos curtos e olhos azulados.

─ E esta é Gynna

Eleonoora completou, indicando Gynna, a garota de cabelos ruivos extremamente lisos.

─ Por que estou aqui? Onde está minha mãe?

─ Por que está aqui? Mestiça, nós que perguntamos isso a você!

Gynna solta o seu veneno em palavras e tom debochado e afiado, a garota com certeza não foi com a minha cara.

As enormes portas brancas do quarto se abrem e um ser aparece, com vestidos em mãos, a garota tinha em média de 1,54 de altura, parecia tão pequena e frágil, a única coisa que tirava isso de minha cabeça era seus enormes chifres pretos como penas de corvo. Seus olhos eram de cor marfim e calorosos, a pele morena e brilhante, sua franja era pintada de azul claro e o resto de seu longo cabelo era tingido de preto e marrom, ela vestia um vestido preto de mangas longas.

─ Atrapalho?

Sua voz doce e fina saiu após as garotas terem se afastado de mim e se entreolhando.

𝐀 𝐓𝐄𝐑𝐑𝐀 𝐃𝐀𝐒 𝐂𝐈𝐍𝐙𝐀𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora