𝐀 𝐓𝐄𝐑𝐑𝐀 𝐃𝐀𝐒 𝐂𝐈𝐍𝐙𝐀𝐒

capítulo 1

  
A última coisa que me lembro era de minha mãe gritando enquanto o carro perdia o controle na estrada, uma voz em minha cabeça falava para mim; "Seja qualquer coisa que esteja acontecendo, aguente firme", eu não conseguia ao menos diferenciar ou talvez descobrir quem havia me falado tais palavras que no momento, não me confortaram. Era apenas minha mãe e eu, prestes a dançar uma valsa com a morte com calos em nossos pés.

Quando abri os meus olhos, percebi que não estava em um lugar conhecido e também, percebi que estava viva, respirando, com o corpo doendo e a cabeça dilatando, sangue escorria de minha bochecha esquerda, testa, minhas pernas e mãos. O carro e minha mãe haviam sumido, eu estava sozinha em um lugar que nunca sequer vira, conseguia ouvir nitidamente os sons dos pássaros cantando, um pica-pau batendo seu bico em um tronco de árvore e arrancando dele uma lasca de madeira. O chão cheirava a terra molhada, sangue, folhas e algo que não consegui identificar.

Tudo estava diferente, tudo 𝑒𝑟𝑎 diferente. Eu nunca havia visto tanta cor e luz em uma floresta assim, MoonCity na maioria dos dias era em tempos nublados, frios e quietos. Tentei me levantar, mas ao fazer isso, minha visão ficou turva, com um movimento rápido, eu estava escorada em uma árvore, as folhas caídas no chão se movimentaram atrás de mim, minha garganta estava seca e fraca demais para gritar por ajuda caso fosse alguém ou algo querendo fazer certas coisas que não deveria comigo. Ao olhar para trás, percebi que não havia ninguém, ninguém estava ali, apenas eu, sozinha e extremamente enjoada.

Havia resquícios de pelos perto de mim, pelo animal, como o de um de um lobo marrom, o que me fez criar coragem de correr usando o restante de minha força nas pernas. "Venha para mim, me deixe ajuda-la, minha doce e amável Stella", a voz disse em tom calmo como nunca havia ouvido antes, continuei correndo gritando por minha mãe até a pequena fonte de água que havia avistado a uma distância tão longa. Quando cheguei perto da água cristalina, meu corpo estremeceu, minhas vestes estavam rasgadas e sujas e o que mais me chocou.... minhas orelhas, minhas orelhas redondas lado a lado de minha cabeça agora eram como as de lobos, lobos selvagens em meio aos meus milhares fios de cabelos amarronzados, meu caninos estavam mais longos, minhas íris que antes eram de um azul cristalizado, agora eram de um amarelo vivo e fluorescentes.

Faltava ar em meus pulmões, era como se houvesse chumbo em meu estômago, juntamente ao meu reflexo sobre a água, um ser belo, da pele castanha escura e cabelos em um tom marrom, olhos calorosos e orelhas finas e pontiagudas aparecera atrás de mim. A última coisa de que me lembro antes de tudo ficar vazio novamente foi o silêncio da floresta e o meio sorriso nos lábios da criatura.