capítulo 30

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Trizand segurava meu braço com cuidado e delicadeza, quando fora me tirar das masmorras, não ousara sequer me olhar diretamente nos olhos. Por baixo de meus cílios, uma dor aguda se iniciou desde o momento em que acordei, o tempo para mim havia parado, não sabia o que acontecia entre as paredes do enorme castelo. Eu cheirava a urina, poeira, lama e sujeira, uma verdadeira porquinha ambulante por entre os corredores junto a um dos aliados do rei. - Triz -

Estavamos no décimo quinto corredor quando por algum motivo, minhas juntas dilatavam e meus dedos dos pés doíam. Trizand tirou de minha bochecha, uma mecha de meu cabelo sujo.

— Não preciso dos seus cuidados. - minha voz saira tão  fraca quanto um vidro de encontro ao chão.

— Flores...

— O quê?! - gritei, paramos de caminhar. — Me trair já não é o bastante? Não se finja de inocente. - me contorci em seu braço musculoso e forte. Seus olhos cinzas estavam tristes e angustiados, suas bochechas perderam a cor, ele havia perdido o brilho.

— Eu nunca tive a intenção de machucar você, Flores... nunca. - sua mão se suavizou mais ainda em meu braço.

— Mas machucou. - cuspi as palavras, como lava. - Não se esqueça da maneira em que me traíram, Trizand. Você e Desmond.

— Eu amo você... mas...

— Mas você sempre escolherá ele a quem se aliar, não é?! - o interrompi.

— Ele é meu irmão. - a voz dele saira baixa.

Meus lábios se pressionaram um nos outros, minhas orelhas caíram e meu rabo estava para baixo. A única vez depois de tempo que um dia ele se remexera como um ponteiro de um relógio, fora as horas que Niar e eu passamos conversando... se atualizando... A caminhada continuara, lenta como uma tortura do próprio inferno. Quando viramos a esquerda de um corredor, ficamos cara a cara com um Desmond que possuía olheiras cansadas, uma aparência morta e cheirando a suor. Ele usava um terno preto, calças e calçados sociais, um dos buracos para braço do palitó estava vazio pelo feito de Aslan. Aslan, Aslan, Aslan.

Meus lábios se alinharam em um sorriso travesso e perverso, os olhos de Desmond estavam atentos e cautelosos.

— Não sabia que estava em um esgoto para ter tanto rato aqui. — uma risada histérica saiu por meus lábios, Trizand me olhou confusa enquanto me derretia em seu braço.

— Do que você acabou de me chamar? — a voz de Desmond saira fria como o vento, sozinha como a escuridão.

— Ratazana. — prossegui — Te chamei ratazana

Por incrível que pareça, uma linha se puxou no canto esquerdo de seus lábios, os olhos de Trizand tremeram de medo, ele tinha medo de Desmond.

— Fascinante a forma que até mesmo quando tem uma faca em seu pescoço, ainda consegue fazer piadas sem graças.

Dei de ombros, Trizand acariciou com os dedos o lugar em que ainda segurava.

— Terá que me aguentar até o meu último segundo. — minhas pálpebras formigaram.

— Vejo que não será por muito tempo então.

O sorriso pregado em meu rosto havia evaporado em questão de segundos quando disparei;

— Vá para o inferno, desgraçado! — um rubor tomou minhas bochechas, senti uma carícia perversa inundar meus pensamentos, Nathaniel havia gostado disso, o que fez meu coração galopar.

— Te encontro lá. — Desmond passou passou a língua entre os dentes, eu só queria puxar aquele macho por seu cabelo.

— Serei o Diabo. — toda malicia no rosto do feérico, fora embora, quando dera um passo bruto para cima de mim e Trizand se colocou na frente. A iluminação colocava a cicatriz do mesmo brilhando em meio a luz natural e mágica. O maior estava com o maxilar trincado e o queixo frio como uma névoa.

𝐀 𝐓𝐄𝐑𝐑𝐀 𝐃𝐀𝐒 𝐂𝐈𝐍𝐙𝐀𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora