A paz que almejamos

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A ar gélido da manhã, levava para longe o cheiro putrefato dos corpos em decomposição. Era possível ouvir os gemidos de dor dos shinobis ao serem mortos sem piedade. No centro da batalha, Izuna e Tobirama travavam uma luta extravagante, os movimentos eram rápidos e categóricos, só se via o reluzir das espadas. O Uchiha não soube como e nem ao menos conseguiu vê, mesmo com seu sharingan ativado, sentiu algo queimar na parte inferior do seu abdômen, sua cabeça pesou e quando pensou que iria desabar ao chão, Madara já estava a apará-lo em seus braços. 

O algoz de seu irmão já estava pronto para outro ataque, entretanto foi impedido abruptamente por Hashirama. Uma neblina de fumaça formou-se, Madara já estava a correr para longe com Izuna.

Aguente firme Izuna ! - A voz de Madara soou firme.

Um turbilhão de sentimentos agitava o íntimo de seu ser, a hipótese de perder o irmão o fazia cogitar se valeria a pena todo aquele sacrifício. A guerra era mais importante que a vida de Izuna? Já era a hora de por um fim.

                       *-*

Da boca pequena e pálida, saia gemidos arrastados. O corpo tremia compulsivamente, Izuna agarrava-se à esperança de que seu clã venceria a guerra. Não perderiam para os Senju. 

Não há glórias em acordos, não há vencedores. Sobreviver e ter que conviver com a dúvida de uma possível vitória. Os pensamentos conturbados de Izuna, transbordavam por seus olhos, o Uchiha não havia sido ferido somente na pele, mas também no orgulho, seu sharingan não era páreo para Tobirama. O ódio estava corroendo seu interior, sua mente, seu ser. 

Sobressaltou-se ao ouvir batidas na porta, receoso um shinobi adentra o quarto, sem intenções de permanecer por muito tempo naquele recinto, ajoelha-se ao lado do futon. 

- O tratado de paz foi selado.- Falou sem delongas. Um grito sofrido ecoou da garganta do enfermo. Jamais aceitaria um Senju como aliado, esse martírio não lhe pertencia, preferia a morte. - Vamos conduzi-lo ao templo dos Senju para ser tratado.

- Não ouse por suas mãos imundas em mim.- Sua voz saiu falha e arrastada.

Desculpe-me, são ordens expressas de seu irmão. Devo levá--lo de imediato.

Junto a outro companheiro shinobi, pulavam os galhos com rapidez, Izuna soltava alguns gemidos ao ser segurado com força pelos dois homens. Até tentou impor sua opinião, porém o corpo quase sem vida, não lhe permitiu reagir. Virara uma marionete, sem vontades, sem desejos. Sentia-se um brinquedo nas mãos quem ele tanto amava e admirava.

Madara aguardava junto a Hashirama pela chegada do irmão. Passaram-se quase dois meses, desde que Izuna havia sido ferido, desde então não apresentava melhoras. O clã Uchiha não era conhecido pelas suas habilidades médicas e Madara ressentiu-se por ter que precisar de ajuda para salvar a vida do irmão. Cederia ao acordo, pois assim como seu rival, ansiava por esse dia. O dia em que não precisaria se preocupar com o amanhã, com a morte ou com a dor de perder sua única família. Contudo impôs veemente, Izuna deveria ficar aos cuidados dos melhores médicos, os  senjus não deveriam medir esforços para manter a vida do seu irmão. Madara sabia que ele sobreviveria, porque ao lado de Hashirama estava Mito Uzumaki, especialista na técnica da Palma Mística. 

A jovem parecia nervosa, o cabelo vermelho dividido em coques, dava-lhe um ar infantil, o corpo esbelto estava coberto por um kimono branco. Suas mãos agitadas demonstravam a inquietação de seu ser, tinha a total convicção de que se Izuna morresse, a paz não seria algo permanente entre os clãs.

Precipitou-se ao sentir um chakra quase imperceptível e este estava sendo sugado para fora do corpo. Não tinha tempo a perder.

......

Orgulho UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora