Um turbilhão de sentimentos.

57 4 0
                                    

IZUNA

Levantei devagar e percebi que ainda estava sem roupa, joguei um lençol sobre o corpo e fui direto ao banheiro. No espelho, pude observar os chupões que o Senju havia deixado em mim. Senti um frio na barriga, quando lembrei da noite anterior, jamais imaginaria que minha primeira transa seria com aquele Senju. Mito sempre que pode vem me visitar, ela tem me ajudado bastante com toda essa bagunça aqui dentro. E cá entre nós, eu até gosto das conversas maldosas dela. Ela costuma dizer que eu sou "novo no amor" e me dá "aulas" de como entender as diversas facetas desse sentimento. Entrei debaixo do chuveiro, poderia ficar ali por horas. Enrolei uma toalha na cintura e caminhei em direção a cozinha, diminuindo os passos, tentei não fazer barulho. Avistei o Senju, tinha posto o café na bancada e mexia com agilidade os ovos na frigideira. 

Você vai ficar só olhando ? - A pergunta me assustou, pisquei e quando dei por mim Tobirama já estava a colar seus lábios nos meus, prendendo-me contra seu tórax desnudo, estremeci. - Bom dia … - Ele riu, com certeza eu estava vermelho.

Achei que já tivesse ido embora - Foi só o que consegui dizer.

- E eu achei que você merecia um bom café da manhã, depois de ontem. - Tinha um sorriso cheio de malícia, queria sumir, era mais fácil encará-lo como adversário de guerra. - Se quiser, podemos conversar sobre isso. - Sugeriu.

É … eu, eu acho melhor … conversar depois - Gaguejei.

Pude ver seu semblante mudar, ele rapidamente se pôs dentro de sua blusa preta. - Já vou indo então. - Parecia desapontado.

 - Não vai tomar café ? - Queria que ele ficasse, mas não ia insistir

Quem sabe um outro dia. - Já estava indo em direção a porta - Eu pensei que talvez, poderíamos ir juntos na celebração da paz. - Disse sem me olhar, esperou por alguns segundos minha resposta, mas como não a teve, sumiu.

TOBIRAMA

Confesso que fiquei frustrado, eu era um turbilhão de sentimentos, não entendia ao certo o que estava sentindo e nem ao menos quando comecei a sentir. Não se pode confiar em uchihas, e ali estava eu, fazendo papel de idiota, demonstrando mais do que deveria. Não iria atrás dele outra vez. Não mesmo.

*-*

Konoha estava belíssima, repleta de cores e harmônia. Haviam barracas espalhadas por toda a área central. O cheiro gostoso que vinha delas, se misturava com o som das gargalhadas altas dos shinobis. Agarrada ao braço de Izuna, Mito se divertia com as expressões curiosas do rapaz. Nunca fora a um festival antes, vivia somente para a guerra. 

Onde está Madara ? - Quis saber Hashirama.

Onii-san não quis vir, tentei convencê-lo, mas falhei. - Izuna respondeu sem delongas, observou a face do Senju mudar. 

Pode ir, eu vou ficar com Izuna. - Mito mau acabara de falar,  Hashirama já havia sumido.

Izuna nunca entendeu bem a relação do irmão com o Senju, todavia,  não o questionava. Continuaram a andar, pararam diante de uma barraquinha de tiro ao alvo. Mito acertou alguns, ganhou um gatinho de pelúcia e deu ao seu amigo. De longe, um lugar chamou sua atenção, segurou firme a mão de Izuna e correu.

Mito, não devíamos vir aqui - Izuna estava perplexo. - Você é uma mulher casada.

- Shiii .... Só vamos conhecer - Mito esbanjava um sorriso dissimulado.

Adentraram o local. Era amplo, porém pouco iluminado e essa falta de luz fazia os shinobis perderem a vergonha, pois arrancavam das jovens do ambiente gemidos altos. O bar por outro lado, tinha uma luz bem chamativa, dirigiram-se a ele.

- Saquê ... Por favor. - Pediu a Uzumaki, olhou para Izuna, este estava de boca aberta. Dois copinhos pequenos foram servidos. - Deixe a garrafa.... - Conduziu um dos copos ao Uchiha - Engole de uma vez só ... - Ordenou.

O primeiro shot desceu queimando, e isso o fez lembrar da bebida que Tobirama havia levado para a sua casa.

IZUNA 

Depois de engolir o sétimo shot, tudo que eu queria era espancar aquele Senju maldito. Como ele pôde, me fuder e nunca mais olhar na minha cara. Certo que a minha confusão mental ou o meu orgulho, não me permitiram falar com ele naquele dia, mas que se dane, ele devia ao menos ter tentado outra aproximação. Olhei para Mito, ela parecia se divertir muito. 

Mito ? - Chamei - Preciso ir no banheiro, você vai ficar bem sozinha ? - Ela riu mais alto.

Vou sim irmãozinho, ninguém vai ter coragem de fazer nada comigo. - Fez um sinal pra mim ir.

Cambaleei um pouco, era a primeira vez que eu tinha bebido pra valer, passei por um corredor cheio de portas, inesperadamente, uma foi aberta e para minha total surpresa e decepção, vi o albino sair de lá acompanhado de uma jovem. Pareciam ter bastante intimidade, colaram sem cerimônia os lábios, notei a mão dele apertar com força a bunda dela. 

Senti o ódio na garganta. Deveria ser eu a estar com ele, fiquei ensaiando por várias noites o que iria dizer quando nos encontrassemos novamente, ia pedir desculpas, tinha sido orgulhoso demais, devia ter insistido para ele ficar; pra gente tentar entender juntos todos esses sentimentos. Mas tudo que eu conseguia fazer agora, era chorar como uma criança.

TOBIRAMA 

Os olhos repletos de lágrimas, me fulminavam de longe, não pude deixar de notar a mágoa em seu rosto. Caminhei ao seu encontro, mas ele fugiu cambaleando, continuei a segui-lo e vi quando se jogou nos braços de Mito. 

Trás mais uma garrafa, por favor. - Pediu se soltando do abraço.

Mito aparentava uma desordem sem igual, porém a clareza lhe veio a mente, quando me viu se aproximar. Com certeza ele havia lhe contado sobre aquela noite.Tomei a garrafa de saquê das mãos de Izuna.

Vou levar vocês para as suas devidas casas. - Não esperei respostas, invoquei um clone das sombras e junto arrastamos os dois do local.

Mito despediu-se com outro abraço e seguiu sem reclamar com meu clone. Agarrei o braço de Izuna, ele nada disse, vez ou outra o via secar algumas lágrimas. Senti meu coração apertar. Deveria agir, mas não tinha coragem. No fundo eu sabia o porque dele estar assim, mas uma parte de mim não queria acreditar.

Orgulho UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora