Orgulho Uchiha

Única certeza.

- Para onde vamos ? - Quis saber o Uchiha.

- Quando chegarmos você saberá. - Tobirama se divertia com a cara emburrada do outro. - Se formos agora, conseguiremos voltar antes do anoitecer. - Estendeu-lhe a mão. Izuna demorou um pouco para aceitar, mas logo cedeu ao sorriso charmoso do Senju, entrelaçaram os dedos e seguiram floresta adentro.

A leve brisa trazia a Izuna o cheiro inebriante do Senju a sua frente, vez ou outra o mesmo lhe lançava um olhar travesso fazendo seu coração ansiar por mais momentos assim. Levaram quase duas horas, mas logo o som da água encheu os ouvidos do Uchiha, era cristalina e cheia de vida, ao redor do pequeno lago um amontoado de árvores deixava aquele lugar quase imperceptível, observou a grama verde, parecia mais aconchegante que seu colchão.

Izuna sabia exatamente o porquê de estar ali, os encontros frequentes com o Senju sempre acabavam com os dois despidos e o diálogo ficando para depois. Todavia já não podiam esconder a vontade constante que sentiam de estar nos braços um do outro, um mero distanciamento, era motivo de ansiedade e irritação. Tobirama o  conduziu ao pé de uma árvore, sentou-se e o trouxe para entre suas pernas. Por longos minutos ficaram em silêncio, cada um perdido em seus próprios devaneios, ouvindo somente as batidas frenéticas de seus corações.

- Eu o teria matado naquele dia… - Confessou Tobirama. - Quando eu olhava você, sentia o ódio queimar-me por dentro. Queria que ele sumisse, e por longos anos pensei que isso só seria possível se apagasse por completo sua existência, já que você era o culpado por esse sentimento aflorar em meu peito. - Respirou fundo e pôs os braços ao redor do Uchiha, apertando-o mais contra seu corpo. - Mas aí, fui informado que você viria ao nosso templo e que seria eu o responsável por sua proteção, de imediato eu não aceitei, mas óbvio que eu não tinha o direito de escolha. Foi quando você chegou, eu nunca me importei com o que acontecia aos meus inimigos depois de feridos, porém, te ver naquele estado fez meu coração doer. Fiquei ao seu lado todos os dias, ouvindo seus delírios, tentando organizar seu cabelo … - Tobirama riu ao lembrar - Busquei fazer o possível para apagar um pouco o sentimento de culpa que me esmagava por dentro.... Culpa! ….  Era isso que me fazia estar ali. Bom, pelo menos essa foi a razão que impus a mim mesmo. Nunca imaginei que suas bochechas rosadas e seu olhar tímido fossem capazes de me fazer desmoronar por dentro, ainda hoje me pergunto o que vocês conversaram naquele dia. Porqu…..

- Você … - Interrompeu Izuna, colocando-se de frente a Tobirama, permitindo que ele contemplasse mais uma vez sua face rosada. - Estávamos falando sobre você. - Izuna viu um sorriso malicioso surgir nos lábios do Senju. - Existe uma linha frágil entre o amor e o ódio, e eu estive andando sobre ela todos esses anos e em um momento de desequilíbrio caí sobre o ódio que os Uchihas semearam pelos Senju e me deixei contaminar. Ainda tenho muitas dúvidas Tobirama, não vou mentir … - Tomou o rosto do Senju entre suas mãos - Mas a única e verdadeira certeza que tenho, é que quero estar ao seu lado.

Tobirama recebeu os lábios de Izuna sobre os seus. - Eu também quero estar ao seu lado, a todo momento, a todo instante. Passamos muito tempo aprisionados pelo ódio entre nossos clãs, estar confuso é normal. Só prometa que não deixará de conversar comigo, quando suas dúvidas lhe afligirem, tudo bem ? -Izuna concordou.

As horas seguintes passaram- se entre beijos e carícias. Izuna se divertiu com a pouca habilidade do Senju em pescar, se dependessem dele para comer, com certeza morreriam de fome. Ele até tentou conter o ar de superioridade, mas o sangue Uchiha que corria em suas veias não lhe permitiu.

- Izuna … - Chamou o Senju, enquanto colocava o peixe pra assar na pequena fogueira - O que exatamente vocês conversaram sobre mim ? - Perguntou sem rodeios, arrancando uma longa risada do Uchiha. Izuna se negou a contar, entretanto, Tobirama estava decidido, jogou o corpo sobre o Uchiha e aprisionou-lhe os pulsos. - É verdade que Uchihas não sentem cócegas ? -  Perguntou com um olhar maldoso e antes de ouvir a resposta, Izuna já estava a se debater abaixo de si.

O som das gargalhadas enchiam aquele local, o jovem Uchiha sentiu a face doer de tanto rir, implorou para que o Senju o largasse, mas esse fingiu não ouvir.

- Tudo bem …. tudo bem … eu conto - Izuna tentava controlar a respiração. Tobirama o largou, deitou sobre a grama e observou o Uchiha dar às costas para ele. -Mito me contou em detalhes sobre você e uma kunoichi, no começo eu não dei muita atenção, porém, eu fiquei imaginando como seria ser beijado e tocado daquela forma e me peguei pensando em você.

- Você realmente nunca …  - Tobirama se sentou.

- Não, eu nunca havia sido beijado ou tocado, antes de você. - Interrompeu-o envergonhado. - Eu não conhecia o real significado da palavra desejável, até você começar a me olhar como se quisesse me devorar, tentei evitar por diversas vezes não te encontrar, mas você acabou na minha porta.

O Senju o abraçou por trás, puxou o tecido fino que cobria os ombros do Uchiha e traçou beijos molhados até seu pescoço - Ainda quero devorar você... - A voz soou rouca. Não houve mais conversas, só se podia ouvir os gemidos que saiam de suas bocas.

O crepúsculo no horizonte os avisou que já era hora de retornar, a caminho de volta foi feito sem pressa. Um longo beijo selou a despedida entre ambos.

*-*

Tobirama caminhou lentamente em direção a porta, deixar o irmão esperando era uma de suas melhores diversões. Hashirama viu o sorriso do irmão se desfazer aos poucos, estava ali somente para impedir que alguém não morresse, entretanto, teve dúvidas se conseguiria conter os ânimos. O Uchiha tomou a frente; parando com o rosto próximo ao de Tobirama, o encarava com fúria.

- Porque não nos sentamos. - Sugeriu Hashirama, enquanto afastava o irmão.

Por dias Madara tentou achar um motivo decente, por trás dos hematomas nada comuns no corpo de Izuna. Buscou explicações com o mesmo, todavia, a face ruborizada do mais novo lhe entregou a verdade. Restava saber quem era a pessoa que Izuna se encontrava, uma jovem ou um rapaz, para Madara não fazia diferença, porém ao ver Tobirama colar sem pudor algum os lábios nos de seu irmão, tudo mudou.