Orgulho Uchiha

Decepções.

Izuna demorou a acordar, ainda sonolento caminhou até o banheiro e ali permaneceu por quase duas horas, enrolou uma toalha na cintura e encerrou o banho. Na cozinha o café já estava pronto, sobre a bancada encontrou um pequeno bilhete : O almoço é por sua conta.

Vestiu-se rapidamente, a feirinha estava agitada, Izuna escolhia os alimentos e temperos com cuidado, o humor do irmão já não era bom e com fome, ele piorava exageradamente. Já estava procurando uma saída em meio a multidão de pessoas, quando sentiu alguém segurar seu pulso com demasiada força, a primeira vez que viu aquela jovem, ela estava jogada nos braços de Tobirama, tomando para si, os lábios, que hoje ele tinha total certeza que lhe pertenciam. Ela fez um sinal para que a seguisse, logo o som das vozes ao redor dos dois cessaram; entraram em um cômodo que parecia ser um quarto, todavia, estava extremamente sujo.

- Akemi ! - Disse largando o pulso do Uchiha - Meu nome é Akemi.

Izuna a observava com certa curiosidade, ao perceber que a jovem já estava a se aproximar novamente, se pôs em defensiva.

- Não precisa ter medo de mim Izuna, eu não mordo. - A voz soou calma e manhosa. Sentiu a mão dela percorrer os músculos do seu braço e logo chegou ao seu peitoral, desceu lentamente sobre seu abdômen e quando ele percebeu que o próximo alvo estava logo abaixo, segurou a mão da jovem com firmeza. Akemi lhe lançou um olhar malicioso e sem aviso algum, roubou-lhe um beijo. Izuna se afastou com rapidez, ignorando o sorriso dissimulado que surgiu nos lábios da garota. - Então é por isso que ele não vem mais me ver. - Conclui deslizando os dedos sobre os próprios lábios. - Você realmente tem um sabor diferente.

- E porque exatamente você me trouxe aqui? - Izuna deixou transparecer sua raiva.

- Um conselho. - Akemi levantou um dedo - Vou te dar apenas um.

- Não tenho interesse em seus conselhos. - Disse caminhando em direção a porta, não ficaria ali nem mais um minuto.

- Tem certeza ?.. E se ele tivesse haver com um certo Senju, você teria interesse ? - Akemi estava se divertindo com a situação, pois soltou um risinho irônico quando Izuna virou-se para encara-la. - Não há leis ou regras que impeçam vocês dois de  ficarem juntos, porém, você já parou por um minuto pra pensar no que as pessoas iriam dizer ? - Ela colocou o dedo indicador no queixo e fingiu imaginar.

- Eu tenho certeza que podemos lidar com isso JUNTOS. - Izuna aumentou o tom da voz na última palavra na intenção de encobrir o abalo que a pergunta lhe causou.

- É mesmo … - Ela riu com desdém e andou lentamente em direção a ele. - Então porque será que ele só quer você entre quatro paredes ou em um lugar sem ninguém por perto ? Porque será que ele te esconde ?

- Eu até poderia te explicar os motivos, mas sinceramente, não lhe devo explicações de nada. - O Uchiha engoliu o choro preso na sua garganta.

- Você se acha especial, mas não é... Nós dois sabemos que ele é o Senju mais teimoso desta aldeia, se ELE realmente quisesse ficar com você, não teria nada nem ninguém que o impediria. - Deu ênfase na palavra e por um breve momento o Uchiha lhe deu razão. - Eu me pergunto se é assim que você quer viver;  viver de migalhas, recebendo apenas resquícios de atenção. Enquanto ele casa com outra pessoa, tem filhos e forma uma família. - Ela secou as lágrimas de Izuna, porque esse já não conseguia mais segurá-las. - Você só se apaixonou pela pessoa errada, assim como eu. Nesse momento eu posso até estar sendo má, mas você merece a verdade e a verdade é que vocês nunca vão poder ficar juntos.

- Por … porque está dizendo isso ? E porque eu deveria acreditar em você ? Você nem ao menos sabe o que nós realmente temos... - Izuna afastou as mãos de Akemi do seu rosto.

- Não é sua culpa Izuna … Você ainda é muito novo pra entender, mas a paixão cega as pessoas e existem aqueles que se aproveitam dessa cegueira para saciar seus desejos mais vergonhosos e logo depois eles vão embora, eles sempre vão embora. - Izuna pôde sentir a mágoa nas palavras de Akemi. - Eu o conheço a bastante tempo, tempo suficiente para saber qu…..

Izuna não esperou ela terminar, quando se deu conta já tinha deixado o local, por um momento achou que estivesse indo em direção a sua casa, porém, inconscientemente seus pés lhe levaram para onde seu coração ordenou. Abriu a porta bruscamente, ao redor de uma enorme mesa redonda estavam sentados Madara, Hashirama e dois anciões; Mito e Tobirama estavam em pé, próximo a uma janela. Todos olhavam atônicos para o Uchiha mais novo.

- Eu preciso falar com você, agora … - Izuna tentou controlar a voz de choro, mas não conseguiu.

Tobirama até quis se mover, mas seus pés pareciam estar grudados ao chão. Ele sabia que o pedido estava sendo direcionado a ele, porém, a surpresa e o espanto, o fizeram congelar. Ainda não era a hora de outras pessoas saberem de seu envolvimento com o Uchiha, principalmente daquela forma tão abrupta.

- É …. Talvez Akemi esteja certa. - As palavras saíram cheias de decepção. - Eu sou mesmo muito novo pra entender certas coisas.

O coração do albino quase parou quando ouviu Izuna pronunciar aquele nome, sua coragem voltou, entretanto, já era tarde demais. Izuna já havia ido embora e Madara o seguiu rapidamente.

*_*

Izuna seguiu pelo corredor em direção ao seu quarto. Mas não conseguiu chegar onde desejava, suas pernas falharam e ele deixou o corpo deslizar na parede, por longos minutos o som do seu choro ecoou pelo local. Não se importou com a presença do irmão, naquele momento pouco importava se mil pessoas o vissem chorar. Madara caminhou a passos curtos em sua  direção, Izuna escondeu o rosto entre as mãos e esperou as perguntas que viriam logo a seguir.

- Talvez esse seja o karma dos Uchihas, sempre nos apaixonamos pelas pessoas erradas. - Madara puxou Izuna para um abraço.

- E… eu sinto… muito… nii-san - Izuna se desculpou - Eu envergonhei você …

- Eu já sabia. - Madara tomou o rosto do irmão entre suas mãos, ele parecia confuso. - E você não me envergonhou, nem por um momento. Você está sendo mais corajoso do que eu. - Izuna sentou-se à sua frente. - Se eu disser que aprovo, eu estaria mentindo, mas não por ser homem ou mulher e sim por ser "O Tobirama''. Ele quase te matou e isso provavelmente eu nunca vá perdoar. - Sua expressão era séria. - Eu até cogitei a possibilidade de matá-lo, quando vi vocês …. Hum … bom… eca .. - Madara fez uma cara de nojo e Izuna riu. - Enfim, você está bem diferente nessas últimas semanas e sei que aquele Senju tem haver com isso, então achei que estava tudo bem, esperaria você mesmo vir falar comigo. Mas depois do que aconteceu hoje… - Ele fez uma pausa. - Você não quer me falar o que foi que aconteceu ?...

Izuna engoliu em seco, raramente Madara era calmo, não poderia perder aquela oportunidade, com um longo suspiro começou a narrar os acontecimentos do dia. O irmão parecia imparcial a tudo que ele falava, não demonstrou irritação ou qualquer outro sentimento. Apenas o ouviu e quando o relato chegou ao fim, se retirou sem nada dizer.