◇ Fourth Chapter ◇

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O Porto de Fronteiras não era um lugar agradável. A cidade era relativamente pequena e ao mesmo tempo abrigava gente de mais, as construções eram antigas e as novas não passavam de tentativas que de alguma forma ficaram de pé. O lugar em si era um tumulto de cheiros fortes, vozes incessantes e comércio. Não era difícil ver fios se estendendo de um lado a outro das ruas e neles roupas encardidas penduradas, não era difícil ver crianças feridas e mal cuidadas correndo segurando perto do peito algum suvenir afanado dos estrangeiros de passagem. As mulheres de ar libidinoso pareciam surgir a cada esquina bem como o cheiro de álcool que escapava das janelas das muitas tavernas.

Toda aquela confusão era o que existia agora do que um dia foi um local disputado por impérios. Atualmente o Porto de Fronteiras era uma cidade miserável, na verdade, há quem diga que para se encaixar nessa definição a cidade ainda tinha que melhorar muito.

O império dos Min e o Porto de Fronteiras se encontravam no lado leste da cidade e eram divididos por uma muralha de pedra guardada por sentinelas, treinados no próprio Palácio, a cada dez metros. A única possível entrada era por um portão guardado por quatro sentinelas de cada lado, tirando isso o império era impenetrável.

Naquele momento, Jimin cavalgava o mais rápido que podia em direção à fronteira, tinha recebido hoje a nomeação de comandante dos sentinelas da fronteira e já tinha sua primeira ordem em mãos. Durante todo o caminho do Palácio até os limites da nação, Park tinha se deixado vagar nas lembranças do rosto quase irreconhecível de seu amigo.

O comandante de fronteira tinha passado no quarto de Hoseok logo que recebeu as ordens de se dirigir a seu posto. Tinha chegado no meio da madrugada e achado a porta aberta, por um segundo todo seu corpo gelou com a possibilidade de uma invasão, mas seu corpo apenas estremeceu quando escutou um curto soluço em meio ao silêncio.
Quando entrou no quarto foi que Jimin sentiu tudo se quebrar em seu interior, ali estava Jungkook, ajoelhado ao lado da cama, a cabeça apoiada nas mãos que agarravam as do comandante desacordado, chorando como se fosse uma criança.

Park sabia que Jeon estava aguentando bem até de mais, sabia que aquela não era a reação natural, mas ainda assim não conseguiu reprimir seus olhos de lacrimejarem com a visão.

— Hyung acorda — o mais novo tinha suplicado entre soluços que sacudiam os ombros.

Jimin não conseguiu se mexer, algo dentro de si tinha medo de chegar perto de Hoseok e não conseguir se segurar, de não conseguir fazer outra coisa além de chorar ao lado de Jungkook, mas foi a mão quente de Taehyung em seus ombros que o despertou de seu medo, foi o mesmo Taehyung que o levou até o lado de Jungkook e os abraçou.

Os três ficaram ali, por um tempo que nenhum deles fez questão de marcar, eles olharam o corpo desacordado, mas vivo, do amigo e choraram, eles sentiram juntos toda a carga emocional e se apoiaram na borda da cama enorme enquanto faziam preces entre soluços, preces para que seu Hyung acordasse, que os repreendesse  com aquele sorriso caloroso e os mandasse para a cama logo.
Eles ficaram ao lado de Hoseok, principalmente, por quererem ter certeza, certeza de que seu peito subia e descia, de que era ar quente que escapava de seu nariz, de que seu coração estava batendo e de que eles não iriam sentir a dor de sua morte novamente.

Antes de sair daquele quarto banhado pela luz da lua e de poucas velas, Jimin tinha observado o rosto de seu amigo enquanto um Jungkook choroso se apoiava nele e no Kim. O Park tinha fixado seus olhos em cada traço natural e cada ferimento provocado, tinha comparado silenciosamente a face que viu antes de Jung partir em missão e a que descansava nos travesseiros bem a sua frente, ele observou e contou cada diferença sentindo algo se instalar bem no fundo se seu ser e crescer a cada choramingo de Jeon e a cada fungada de Taehyung.

The King's CommanderOnde histórias criam vida. Descubra agora