The King's Commander

◇ Sixth Chapter ◇

Dois dias e meio, esse era o tempo desde a saída de Jungkook do Palácio. Yoongi estava nesse momento sentado ao lado da cama de Hoseok, o Comandante ainda não tinha dado sinais de que iria acordar e por isso o rei passava todo o tempo livre desde a partida de Jeon na beira da enorme cama.

— Jungkook saiu de nosso Palácio a dois dias... Ele provavelmente levou um dia para atravessa a mata, você sabe como ele é teimoso e apressado... — Disse o loiro com tranquilidade observando a luz do sol banhando o rosto adormecido de seu amor.

O Min tinha adquirido esse hábito em particular, conversar com Hoseok. Era uma forma de sentir que o Jung ainda estava ali, de se conectar e, quem sabe, o trazer de volta mais rápido.

— Esses dias eu lembrei de algo — Continuou acariciando a mão do outro — Quando mamãe me levou para o jardim real e me deixou brincar com você... — Riu se lembrando — Devíamos ter uns nove anos e você simplesmente conseguia me vencer em toda corrida por aquele gramado enorme, eu te achava incrível,  disse que queria ser igual a você, mas você disse que não era grande coisa e que eu era muito mais forte... Você também disse que tinha medo dos insetos que ficavam perto das plantas e eu disse que iria te proteger deles, lembra disso? — Soprou uma risada irônica — Acho que naquela época eu achava que era forte o bastante para te proteger até das forças da natureza... E você ainda era apenas meu amigo de aventuras no jardim... Depois de um tempo eu comecei a acreditar que realmente podia te proteger de tudo só por te amar — Sentiu a garganta fechando — Lembra quando entramos para o grupo de treinamento? Você me apresentou seus amigos e os fez me enxergarem como você enxergava... Você não me via como herdeiro, me via como Min Yoongi, você dizia que eu era seu protetor, lembra? Dizia que nunca iria sentir medo se me tivesse — Fungou se segurando — Acontece que eu não fiz nada, não é? Não te protegi... Eu não consegui fazer coisa alguma que prometi durante nossa juventude, durante nossas noites sozinhos naquele jardim... Droga, Hoseok, eu me sinto um merda, se nem pude proteger a pessoa que amo o que dirá de um reino inteiro?

O silêncio que se seguiu só foi interrompido pelo soluçar contido do rei Min. As mãos agarradas a do comandante pareciam sustentar seu ser que se estilhaçava pouco a pouco num misto de sentimentos desconhecidos até então.
Era sufocante chorar sozinho, sufocante chorar ao lado do corpo desacordado daquele que lhe sustentava e dava o ombro para descansar a mente, era sufocante perceber que o sol parecia aquecer toda a nação, mas aquele quarto permanecia frio como no mais severo dos invernos, era acima de tudo desestabilizador sentir nos ombros o peso de uma nação enquanto tudo que se queria era jogar seu peso nos braços de alguém, um alguém que não podia lhe aconchegar no momento.

O momento durou por alguns minutos, não seria possível saber quantos com exatidão, apenas que foram longos para o loiro. Em algum ponto, onde sua respiração recuperava o ritmo e as lágrimas já não escorriam o Min escutou alguém bater na porta e autorizou a entrada sem ao menos tirar os olhos do rosto bonito nos travesseiros.

Yoongi olhou para a pessoa que tinha entrado apenas quando ela se aproximou com uma bacia de água e uma toalha, ambos trocaram uma reverência silenciosa e logo a mulher começou a limpar o rosto do comandante desacordado.
De forma acidental o rei avistou uma marca no pulso fino da mulher, era como uma queimadura antiga e pela forma como foi rapidamente coberta provavelmente não trazia boas lembranças.

Com um suspiro o Min se levantou dando um suave beijo na mão de seu amado e se curvando para a mulher antes de sair e os deixar a sós.
Não tinha chegado nem ao meio do caminho quando um dos guardas do castelo chegou até ele correndo e com um tubo metálico na mão estendida.

— De quem é isso? — Perguntou enquanto abria o objeto.

— Da equipe que cruzou a fronteira, meu senhor. — O guarda respondeu prontamente