Café? Gatafé

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point of vision Ysis

Mal adormeci e acordo á miados pela casa, terei que ensiná-la bons modos.

-Está com fome? Também estou felina.

Ela está miando alto.

-O que queres, hm? 

Me sento perto da gata que estava inquieta, abro a única janela de madeira e a gata pula para fora, foi fazer suas necessidades na areia.

-Que bom que não urinou na casa toda, me sinto até mais feliz.

Falo para a gata que vai para dentro da floresta sem se despedir.

-Já se vai?.. 

Olho triste pela a janela, me recomponho e vou até a horta que plantei a alguns minutos de casa, estava destruída, imagino que tenha sido os filhos do Jonas novamente. Não faço ideia do porquê me odeiam, odiavam meus pais também disso me recordo. Pego um pouco de água no riacho e volto para casa com um balde cheio, torcendo para não derrubar uma gota. 

Ao subir o riacho vejo crianças brincando no raso, recordo de quando era uma garotinha e brincava com meu pai nesses rios, não enxergava maldade no mundo naquela época. 

-Olha é a bruxa!! 

-Corram, está levando água para o caldeirão dela!

As crianças gritam enquanto me olham.

-Quem dera me ter um caldeirão!

Respondo espontaneamente.

-Ela falou com você, meu Deus, está amaldiçoado pela bruxa! 

As crianças zombam de um deles.

Essas brincadeiras doem de vez em quando, mas aprendi a ignorá-las, tenho que ignorar todos nessa vila se desejo continuar aqui. Chego em casa e coloco um pouco de água no filtro de pedras do meu pai, e outras na única panela de ferro que tenho, vou até a floresta onde a gata se adentrou para pegar alguns legumes naturais, peguei algumas pimentas e alecrim como tempero, cebolinhas e salsa, é o que resta para a sopa. Ao voltar para o caminho de casa escuto o mesmo miado, ela não se foi.

-Ora, quem decide voltar.. e.. com um esquilo? 

A gata se aproxima com o esquilo na boca.

-Óh santificado seja tu felina, como eu te amo. Venha, vamos para casa!

Eu e a gata voltamos para casa com a comida. 

Preparo a sopa na panela, coloco água numa pequena vasilha de barro para a gata enquanto despelo o esquilo, estava tão feliz que cantarolava pela casa enquanto alisava a linda gata que salvou nossa refeição. Faço um cozido de esquilo junto com os legumes na panela e divido para mim e para a gata.

-Cairia bem um pedaço de pão, não é felina?!

Ela mia para mim enquanto lambe a sopa na vasilha 

-Concordo. Pena que não temos um. Mas temos esquilo! 

Eu e a gata comemos felizes nosso jantar e antes que anoiteça a gata senta-se ao meu lado na janela e vemos o sol mais uma vez. 

-Sabe gata, aqui era bem mais chato, acredite.

A gata mia.

-Queria uma casa na vila, uma conta nas tendas e comer três refeições ao dia. Roupas limpas e uma cama de verdade.

A gata apenas me encara.

-Eu reclamo demais não é? 

-Certo, a partir de hoje sem mais reclamações! Sairemos para viver o que seja lá a vida.

A gata desce da janela e me encara.

-É isso, vamos ter a vida que um gato tem!

A gata mia para mim.

Eu sento na frente da gata e ela se acaricia em meus braços, olho feliz para a gata e ao mesmo tempo imagino como seria a vida de um gato. Aparenta-se tão fácil. 

-Que bom que me achou felina.

A gata deita no meu colo e ronrosna. 

-Que bom que me achou.

E assim terminamos mais uma noite, dessa vez com a barriga cheia, santificada seja essa gata.

O sol negro - A lenda.Onde histórias criam vida. Descubra agora