Sete Vidas

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point of vision Ysis

Todas as tardes, eu e felina iamos até a vila e fazemos as maiores travessuras em troca de algumas comidas e itens furtados, era um plano infalível até nos descobrirem.

-Pegamos algumas maçãs, um pão, uma colher de madeira, roubei três ovos da idosa que mora perto da igreja, e um colar. O que acha? Fico bem de colar?

A gata mia para mim.

-É verdade, vamos voltar!

Juntamos nossas coisas e na volta, percebemos a vila muito calma o caminho inteiro, normalmente tem vendedores ou fazendeiros perambulando, mas dessa vez, não havia ninguém além de nós. Chegamos em casa e alguns homens estavam por lá, me escondo junto com a gata atrás de uma colina.

-Estão na nossa casa, o que faremos? Fomos descobertas? 

A gata apenas olha para a casa.

-Estamos fritas felina, temos que ir embora antes que nos achem!

Eu e a gata saímos o máximo cuidadoso possível das margens da casa, mas alguém nos viu de longe.

-Lá esta! A Bruxa e a Gata! Peguem-na!

-Corre gata!

Eu a felina saímos correndo para dentro da floresta, nossas coisas acabaram caindo pelo caminho, perdemos tudo, nos perdemos, perdemos a casa. Acabou-se tudo que me restava. Onde diabos estava com a cabeça, é claro que me pegariam uma hora ou outra! Não sou um gato! Como fui tola. 

Entramos floresta a dentro, os homens não entraram na mata, ficaram de fora nos observando até perderem-nos de vista.

-Vamos adormecer aqui, ela terá que sair da floresta!

-E se ela nos amaldiçoar? A noite é perigosa Josias!

-Ele tem razão! 

-Então faremos rondas pelo dia inteiro, pegaremos essa bruxa maldita!

Os homens gritavam feitos bichos. Falavam de mim, queriam-me morta!

Ao andar milhas dentro da floresta, saio miando pelas arvores atrás da gata, será que a perdi?

Mais minutos a frente, enxergo uma pequena tenda, com uma fogueira na frente e algumas coisas mais a dentro, parece aconchegante e me aproximo. pelos fundos, entro na tenda e vejo que possui dentro.

Umas bacias, vários objetos pendurados presumo que seja decoração, um colchão de algodão em cima de tábuas de madeira, alguns móveis feitos a mão e livros, ervas e chaleira perto do fogão de carvão. Era uma casa em tanto! Vejo se tem alguma comida sobrando pelos lugares, quando escuto um barulho, uma voz feminina.

-Estava perdida Celina? Oun minha querida deve ter sofrido tanto na mão desses homens.

Me escondo por trás dos panos e vejo uma mulher entre seus 64 anos com a felina nos braços. 

A gata sente meu cheiro e vem até mim com miados.

-Va em bora, Shiu! Não, não..

Tento espantá-la, mas a mulher me acha por detrás dos lençóis.

-Santa Lilith!

A mulher me encara ao me ver. Se paralisa.

-Me desculpe! Me desculpe mesmo, já estou indo embora, não peguei nada!

A mesma segura forte o meu braço.

-Não... não se vá, fique!

-Não muito obrigada, mas não posso, me desculpe!

-Veja! Ela gostou de você!

Ela aponta para a gata que estava sentada me encarando com um olhar carinhoso e convidativo.

-Ela é sua? 

-Não é minha, ela é dela mesma!

Não entendo o que a mulher me fala, mas me retiro mesmo assim.

-Venha Ysis, fique!

Paraliso ao ouvir.

-Como sabe meu nome?

A mulher sorrir.

-Ela me contou!

Olha para a gata que continua me olhando.

Observo o que acaba de acontecer e percebo que não sei de absolutamente nada. Decido ficar por algumas horas até decidir para onde irei, agora que não tenho mais nada na vila além de homens almejando me matar. Uma velha e uma gata não me parece má companhia.

O sol negro - A lenda.Onde histórias criam vida. Descubra agora